Little Orpheus


O aclamado jogo mobile Little Orpheus chega dia 13 de setembro ao PC e consolas. Little Orpheus é-nos trazido por The Chinese Room, responsável por nos trazer obras como Dear Esther e Everybody's Gone to the Rapture. Little Orpheus conta-nos a história de Ivan Ivanovich, um cosmonauta russo encarregado de explorar o centro da terra a bordo da sua cápsula, Little Orpheus. Três anos depois, Ivanovich reaparece do nada, e deve responder a uma simples questão: "O que aconteceu?"

Vivemos esta história na pele de Ivan, à medida que este tenta explicar ao General responsável pelo seu interrogatório as aventuras que viveu nos últimos 3 anos e, mais importante, o que aconteceu a Little Orpheus.


O jogo encontra-se estruturado em 9 episódios, o que funciona perfeitamente neste caso, já que cada episódio se foca numa nova peripécia vivida por Ivan, cada uma mais bizarra que a anterior, o que é dizer muito, já que a primeira envolve uma selva pré-histórica e um T-Rex. Tal é a peculiaridade das histórias de Ivan, que até eu comecei, como o General, a achar que ele as estava a inventar. A estrutura episódica de Little Orpheus condiz também com a sua estética de desenhos animados, acentuada pela existência de um narrador que acaba cada episódio com a promessa de que o próximo nos trará as respostas para as inúmeras perguntas que temos.


Little Orpheus é um side-scroller que faz uso, para além do analógico esquerdo, de apenas um botão para saltar, um para deslizar, e outro para interagir com o ambiente. No entanto, a sua jogabilidade simples nunca passa por limitada. Este é um jogo que sabe exatamente o que está a fazer, aquilo de que necessita e aquilo que dispensa. É exatamente o que seria de esperar de uma equipa tão talentosa como The Chinese Room.

Apesar da simplicidade aparente de Little Orpheus, fiquei espantado com a diversidade existente, isto é, com a quantidade de ideias aqui presentes. À primeira vista, Little Orpheus é um simples side-scroller, com uma história divertida, mas pouco mais que isso. Mas, com a devida atenção, tornou-se claro que é muito mais do que isso. Há puzzles para resolver, que sabem ser complicados o suficiente para nos fazer pensar, mas não tão complicados que tornem o jogo aborrecido ou pouco intuitivo; secções onde temos de progredir no nível enquanto evitamos ser vistos por alguém ou, mais frequentemente, por algo que, inevitavelmente, acabará por nos encontrar e perseguir até ao fim de cada nível. O facto de existir um único botão para interagir com o ambiente que rodeia Ivan pode passar a ideia de que ele é implementado de uma forma aborrecida ou repetitiva, sendo usado para realizar sempre a mesma interação, mas isso não podia estar mais longe da verdade. Ivan interage com o meio em que se encontra de várias maneiras diferentes, fruto também da diversidade de ambientes pelos quais passamos ao longo da história, algo de que falarei mais tarde. Este simples controlo pode ser usado para apanhar colecionáveis, arrastar caixas (entre outros objetos) para ajudar Ivan a escalar, puxar alavancas, rodar manivelas, etc.


Mas, por muito que eu tenha apreciado todas as qualidades que enunciei, não foi nenhuma delas que me convenceu em relação a Little Orpheus. Isso deveu-se a outros 2 aspetos. Em primeiro lugar, a diversidade de ambientes existentes neste jogo. Cada episódio passa-se num sítio diferente, cada um é uma nova aventura de Ivan e, assim, cada um tem o seu design próprio. E foi este design que me impressionou. O detalhe existente em cada um dos ambientes, que os distingue, dando a cada um uma sensação diferente, quase como se eu conseguisse imaginar como seria estar em cada um destes "mundos". Além disso, a diversidade dos vários ambientes que Ivan descreve ao General permite ao jogo experimentar com diferentes formas de criar os seus níveis. Por exemplo, é comum os níveis terem uma parte em que baloiçamos em algo para alcançar uma plataforma. O facto de passarmos por diferentes locais obriga a que o objeto em que baloiçamos seja diferente, e é sempre engraçado descobrir de que maneira o ambiente influencia o design do nível em si.


Por outro lado - e talvez este tenha sido o meu aspeto favorito de Little Orpheus - gostei muito da relação que se desenvolve entre Ivan Ivanovich e o General. Para relembrar, quando Ivan reaparece, ele fá-lo sem Little Orpheus, a cápsula onde ele desceu até ao centro do planeta Terra. Obviamente, aqueles responsáveis por esta missão querem saber o que aconteceu a Ivan nos 3 anos que esteve desaparecido e o que é feito de Little Orpheus. Para isso, o General Yurkovoi é destacado para o seu interrogatório. Ao longo deste interrogatório, Ivan descreve ao General as aventuras por que passou, sem parecer interessado em dar uma resposta concreta quanto à localização de Little Orpheus. Infelizmente, o General é um homem sem tempo para histórias, o que cria uma tensão entre as duas personagens. Felizmente para nós, esta tensão resulta em vários momentos cómicos que me deixaram bastante investido na relação que se desenvolve entre General e cosmonauta.


A versão de Little Orpheus que estará disponível a partir de 13 de setembro para PC e consolas contém um 9º episódio bónus que, apesar de não ser tão interessante como os 8 anteriores em termos narrativos, não deixa de ser divertido e merecedor de ser jogado. Esta versão inclui também o modo "Lost Recordings", uma espécie de New Game + que introduz colecionáveis: artwork do jogo e novas fantasias para vestir a Ivan.


Little Orpheus é uma história que agradará tanto a jogadores casuais como aos mais experientes. Acima de tudo, é um jogo que cumpre com aquilo que se propõe a realizar, contando com momentos de bom humor, bem como uma diversidade impressionante de ambientes e uma jogabilidade simples e intuitiva que contribui para uma fácil imersão do jogador na história.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Secret Mode.

Latest in Sports