Cursed to Golf



Golf. Sim Golf, nunca foi um desporto que me fascinasse. Mas e se se misturasse esse conceito com aspetos de roguelike e de certa maneira plataformas? Parece arriscado, mas é de facto algo que Cursed to Golf consegue apresentar de maneira bastante positiva. Quando se pensa em Golf, os primeiros adjetivos que normalmente saltam à vista é relaxante ou até mesmo terapêutico... Algo que não acontece de todo, neste título. De facto, pensem em tudo menos relaxamento. No meio de labirintos de plataformas, de ventoinhas, areia e até mesmo TNT's, existe espaço para toda uma panóplia de perigos inesperados que fazem até o maior profissional deste desporto perder uns quantos cabelos.

Este título coloca o jogador na posição de um jogador profissional de golf, que se encontra no caminho da vitória de um torneio bastante reconhecido mundialmente. Aquando da última tacada, uma enorme tempestade ensombra a área e um raio cai sobre o pequeno campeão, numa cena que parece ser tirada do velhinho filme " Caddyshack ". Desta maneira a alma do pequeno golfista é enviada para uma espécie de purgatório. O objetivo é o de voltar novamente à vida, mas para isso terá de completar 18 buracos num ambiente meio "spooky" e em contaste mudança.

Todas as mecânicas são apresentadas pelo simpático Scotsman, o fantasma de um golfista escocês que se encontra, também ele, na mesma situação que o nosso personagem. Já conformado que nunca sairá desta situação, torna-se numa espécie de tartaruga genial do purgatório, onde o seu objetivo é o de ajudar quem ali, literalmente, cair. Não existe muito mais para explorar relativamente à história, já que todo o proveito que se poderá ter, será mesmo do seu gameplay. A magia de Cursed to Golf provem dos pequenos momentos em que se descobre o caminho perfeito para chegar ao buraco de maneiras mecanicamente interessantes. 




O gameplay apresenta-se de forma simples e intuitiva. É necessário escolher o tipo de taco, dos três tacos disponíveis, escolher o ângulo e a força que se pretende aplicar na próxima tacada. Pode parecer simples à primeira vista, mas existe uma linha de aprendizagem algo acentuada, já que os níveis não são completamente lineares. Existem ocasiões onde é necessário utilizar diferentes mecânicas para chegar a um ponto mais elevado do que o jogador, isto porque, a ação não se desenrola apenas no sentido side scroller, já que também é possível mover-se horizontalmente. É interessante perceber que de certa forma, também se desdobra como um platformer, onde em vez de se saltar com o próprio personagem, terá de se aplicar um golpe na bola para a fazer chegar à plataforma desejada. A precisão da tacada é bastante importante.  

A própria construção dos níveis torna as coisas mais interessantes, apresentando maneiras diferentes de causar problemas ao jogador. A areia e a água estão presentes, mas a eles juntam-se elementos como sepulturas com mãos de zombies, onde se a bola cair por lá, perde-se a tacada e volta-se ao mesmo local antes da tacada, picos, ventoinhas e até caixas de TNT. As caixas TNT na maior parte das vezes, escondem por trás de si caminhos "corta mato" que ajudam o jogador a chegar ao buraco em menos tacadas. Na maioria dos casos, o sucesso prende-se na escolha correta da rota que se pensa ser possível superar. Daí à atual ultrapassagem de maneira positiva, é outra história. Essa é a premissa de um Roguelike. 




É importante manter especial atenção ao número de tacadas que são possíveis fazer. É dado ao jogador um número limitado de tacadas, que podem subir com a utilização de cartas. No entanto, se se ficar sem tacadas o jogador voltará ao ponto de partida, não do nível em que se encontra, mas da Run, bem ao inicio do primeiro buraco. É claro que se podem tentar quantas vezes se pretender e possivelmente com novos conhecimentos adquiridos de Runs anteriores, mas nunca deixará de se sentir aquela pressão da necessidade de chegar ao buraco ainda com tacadas por dar.

Relativamente às cartas, aqui também é onde entra a premissa Roguelike. Durante os níveis é possível, no menu de escolha de caminhos, passar por casas com caixas de ouro, ou até mesmo por casas onde se encontram Booster packs. Desta maneira é possível comprar cartas, com o dinheiro previamente poupado, ou abrir estes Booster packs. As cartas funcionam como benesses, como ter +2 tacadas, ou como habilidades ativas, que ajudam o jogador a ultrapassar os perigos. Técnicas como tornar a bola pesada com o pressionar do botão, separar a bola em três bolas distintas com a possível escolha da que se pretende no final, são apenas alguns dos exemplos. Se por ventura o jogador voltar ao inicio por falhar o buraco nas tacadas apresentadas, as cartas são removidas do seu inventário.


  
As coisas tornam-se um pouco repetitivas já que não existe uma variedade muito grande de habilidades, ou uma natural progressão ou upgrade das mesmas. Existe sim, o feeling desmotivador ao fim de umas horas de esforço aplicado a tentar chegar a um ponto avançado e ficar-se sem mais tacadas... Sim, dói e bastante. Não tira o aspeto de certa maneira se tornar numa batalha pessoal contra o anterior eu, e bater o nível que anteriormente não se conseguiu. Não chegou a ser viciante no meu caso, mas certamente encontrará esse nicho de pessoas.

Cursed to Golf é um título de golf interessante. Mistura elementos de géneros diferentes de forma criativa, apresenta gráficos em pixel art bastante apelativos e conta com uma banda sonora bem ao jeito de synth-heavy com um aroma a Halloween, que ajuda a manter as coisas animadas. Mas cuidado com os ouvidos, o primeiro embaque sonoro quando se pressiona "Play" é gigante. Não diria que é um título apenas indicado para fãs da modalidade, eu não o sou, e consegui tirar partido da diversão de me aventurar neste purgatório.
 


Procuras um bom desafio? Terás o que é necessário para soltares o jogador profissional de golf que há em ti?  

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Steam e Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Thunderful Publishing.

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