Fire Emblem Warriors: Three Hopes


Fire Emblem Warriors está de volta à Nintendo Switch, agora com um jogo inteiramente dedicado ao mais recente Fire Emblem: Three Houses, com o optimista subtítulo de Three Hopes. Mas não deixem que isso vos leve ao engano, pois aqui poderão contar com a mesma intensidade dramática do RPG tático em que é baseado!

Se o primeiro Fire Emblem Warriors era uma espécie de "fan fiction" com várias personagens de toda a série à mistura, o novo Three Hopes acaba por ser uma experiência totalmente diferente, muito mais próxima do que é um Fire Emblem, se excluirmos o sistema de combate. Todo o sistema de níveis, classes, itens, upgrades está aqui presente, bem como o sistema dos relacionamentos entre as personagens. Quem tiver jogado o Fire Emblem: Three Houses já estará provavelmente a contar com a escolha entre uma de 3 casas na história principal, mas a grande surpresa aqui está no facto desta ser sempre uma história totalmente diferente das do jogo original.


A diferença começa logo ao iniciar a aventura, quando é apresentada a personagem que será controlada pelo jogador. Com o nome sugerido de Shez, mas personalizável, esta pode ser rapaz ou rapariga e dará corpo a uma nova personagem neste universo: uma mercenária de cabelo roxo que não se recorda bem do seu passado, nem como ficou interligada a uma outra personagem que reside no seu subconsciente: Arval. Só depois é que surge a opção de personalizar Byleth, o protagonista do jogo em que este se baseia, mas que aqui terá um papel muito diferente, como o temível Ashen Demon.

Em Three Hopes, a história começa de forma algo similar, quando Shez encontra Edelgard, Dimitri e Claude numa situação de perigo e logo trata de os ajudar, mesmo sem saber as suas identidades. Estes são, na verdade, os três herdeiros dos grandes territórios políticos onde se situa o jogo, atualmente estudantes numa igreja central a toda a região. Tal como no jogo original, este é o ponto de ligação do protagonista às diferentes casas, mas rapidamente terá de se escolher com qual delas se tenciona, realmente, ficar a estudar. A partir deste ponto, toda a história é diferente do que acontece em Three Houses, numa aventura completamente nova até para quem tenha feito todos os caminhos possíveis nesse jogo.

Sem entrar em grandes detalhes, a jornada será bastante distinta caso se opte por apoiar o Império Black Eagle da Edelgard, o Reino Blue Lion do Dimitri ou a Aliança Golden Deer do Claude, mudando não só as personagens jogáveis que estarão à disposição, mas também a própria história e os cenários onde as batalhas irão decorrer. Outro ponto importante está nas personagens, cuja personalidade é totalmente fiel às originais, mas ainda assim conseguem surpreender quem pensar já ter visto tudo sobre elas, quando se encontram em situações diferentes. Pelo meio, haverá política, drama, estratégia e traição, como habitual em qualquer Fire Emblem. Independentemente do rumo a escolher, porém, certos eventos irão sempre acontecer, em direção ao mesmo objetivo. Ainda assim a diferença é tão substancial que traz um excelente "replay value" a um jogo que, por si só, consegue ultrapassar as 40h de longevidade na dificuldade normal.



Em termos de estrutura, Three Hopes está dividido em diferentes capítulos, aos quais irão corresponder certas secções do mapa, divididas em áreas mais pequenas com missões que podem ou não ter de ser atravessadas até que o exército consiga chegar desde o acampamento até ao local da missão principal. Para avançar na história, bastará conquistar as áreas que se encontram pelo meio, mas muitas vezes há outras áreas disponíveis cuja conquista trará boas recompensas e poderá ajudar a preparar melhor o exército. As missões opcionais de cada capítulo não transitam para os seguintes, pelo que o jogador terá de ponderar bem quando tenciona avançar.

Antes de partir para o combate, porém, convém fazer uma boa manutenção da equipa a partir do acampamento. Em cada capítulo, o jogador tem à disposição um certo número de treinos e outro de atividades cuja finalidade é, respetivamente, melhorar as suas habilidades e as ligações entre elas. Conforme se fazem missões no mapa do jogo, esse número pode também aumentar. Além disso, é aqui que se faz toda a gestão de equipamentos e materiais, bem como a obtenção de novas classes e armas para as personagens. Tal como no Fire Emblem original, cada personagem tem várias classes base que pode utilizar, cada uma com a sua árvore de classes superiores (incluindo algumas exclusivas de certas personagens), ficando ao critério do jogador em quais pretende investir, e quais escolher para determinadas missões. Por exemplo, num cenário recheado de arqueiros, uma personagem montada numa wyvern voadora não será uma boa escolha mas, caso possa mudar para uma classe equestre, já terá melhor desempenho em batalha.

Até aqui, na realidade, nada muda em relação ao que é "um Fire Emblem". Com um vasto leque de personagens, classes e armas à disposição, juntamente com as ligações entre elas e a forma como isso melhora os respetivos desempenhos em combate, tudo é perfeitamente familiar aos fãs da série. Para os fãs de "Warriors", muito disto acaba por ser uma surpresa, num jogo de ação com camadas e camadas de estratégia e outras caraterísticas mais habituais de um JRPG.



Todos os combates começam na fase de planeamento, onde é apresentado o mapa e o respetivo posicionamento das personagens. Normalmente, nas missões comuns, o jogador terá até quatro posições para preencher com os seus guerreiros, mais quatro posições de suporte nas missões principais. Para cada personagem, o mapa mostra também as probabilidades de sucesso ou insucesso de cada uma contra os inimigos, com base nas armas e equipamentos: espadas são boas contra machados, que são bons contra lanças, que são boas contra espadas. Escolhidas as personagens e respetivos equipamentos, agora sim, está na hora de combater.

Agora sim, este é um "Warriors", cujos ataques levam consigo tudo o que estiver à frente, com o objetivo de conquistar bases adversárias, defender as conquistadas e cumprir os objetivos que forem apresentados. Com quatro personagens jogáveis, é possível meter em pausa a qualquer momento para aceder ao mapa e atribuir ordens a todos os membros do exército. Isto permite um enorme multitasking, pois enquanto se está a defrontar um adversário, pode-se ter já outra personagem a ir em direção ao seguinte, enquanto outra já está a tentar conquistar uma base. A qualquer momento, pode-se alternar entre elas, e o jogo também informa conforme as restantes vão cumprindo os objetivos atribuídos, ou alerta caso precisem de ajuda. É também possível jogar cooperativamente a dois, em split-screen, mas na prática acaba por ficar um pouco mais confuso do que a solo.

A nível de jogabilidade, é um jogo mais do que testado e aprovado, fiel à sua própria série, mas mesmo assim poderia ser algo melhorado em termos de interface. Mesmo com várias opções que podem ser ligadas e desligadas nos settings, o ecrã de batalha está sempre bastante atolado de informação, pode é ficar um pouco menos atolado do que traz já por default. O mesmo acontece com os menus e ecrãs de resultados das batalhas, que por vezes parecem nunca ter fim. Já em termos de desempenho, a boa notícia é que o jogo corre melhor na Nintendo Switch do que outros como o primeiro Fire Emblem Warriors, por exemplo. Continua a ter alguns framedrops, sim, mas nada que arruíne a experiência de jogo em si, quer em modo portátil, quer em modo TV. Em contrapartida, os cenários são também mais simples e um pouco genéricos, mas com uma boa banda sonora a acompanhar.


Depois de Hyrule Warriors: Age of Calamity e Persona 5 Strikers, a Omega Force parece ter encontrado a fórmula mágica dos "Warriors" adaptados a outras séries, fazendo exatamente isso neste Fire Emblem Warriors: Three Hopes. Este é, acima de tudo, um "Fire Emblem", onde até os combates recheados de ação dependem da estratégia dos jogadores, antes e durante toda a batalha. Com uma história original, numa nova versão alternativa do mundo original, este é um jogo que irá certamente agradar a todos os fãs do mais recente Fire Emblem: Three Houses.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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