Fire Emblem Warriors (Nintendo Switch)
Costuma dizer-se que quem jogou um Warriors/Musou jogou todos. Quem costuma dizer? Quem não gosta do género. No entanto, o comentário não está longe da verdade, mas pode dizer-se o mesmo de qualquer franquia. Gostar de um Warriors requer desprendimento da seriedade e abrir a mente para um jogo que, provavelmente não fará muito sentido, mas que é divertido para lá deste mundo.
Admito,
este Fire Emblem Warriors é o meu segundo. O Hyrule Warriors foi o meu
primeiro, mas senti melhorias notórias de um para o outro como se várias lições
tivessem sido aprendidas para melhorar “na sequela”. Gostei de Hyrule Warriors
pela lufada de ar fresco que trouxe à série como cutscenes animadas e
vozes, uma jogabilidade frenética e rápida e uma maturidade diferente. Diferentes
cabeças, diferentes abordagens, quer-me parecer. Daí até Fire Emblem Warriors
foi um salto e um jogo que faz mais sentido do que parece. A propriedade de
Fire Emblem catapultou para a fama nestes recentes anos de uma maneira
incrível. Se antes não passava de um cameo
fixe no Super Smash Bros.,
agora temos uma abundância de bons títulos e uma comunidade de fãs mais alerta
e mais receptiva. E fizeram-se coisas engraçadas com a série, além das entradas
portáteis (Awakening, Fates e Echoes), tivemos Amiibos, mais personagens em
Super Smash e um RPG turn based, filho da Intelligent Systems e da Atlus
(Shin Megami Tensei) – que esperamos uma sequela ou um port na nossa
Switch. Fire Emblem veio para ficar e, enquanto não chega a verdadeira sequela
na Nintendo Switch, temos um Warriors a desbravar caminho à boa maneira Musou e
sem olhar a quem.
A história
deste jogo é original e coloca-nos no reino de Aytollis, onde escolhemos ser
Lianna ou Rowan, dois irmãos. Após uma breve introdução que serve como guia às
mecânicas, ao mundo e algumas personagens, a história lá arranca com aquela
sinistralidade do costume. O mundo é engolido pela escuridão e vários portais
com monstros surgem pelo reino. Os irmãos, a mãe e Darius tentam escapar a todo
o custo, mas algo acontece que irá mudar o rumo da história dos irmãos.
Acontece que os portais que surgem no céu não trazem só monstros e maldade, tal
como a caixa de Pandora das lendas antigas, a esperança encontra-se bem lá no
fundo e na forma dos nossos heróis favoritos: os Shepherds de Awakening, as
famílias reais de Nohr e Hoshido e alguns heróis de Shadow Dragon. Ninguém sabe
onde foram parar, mas após umas traulitadas na cabeça e uma boa conversa,
descobrem que têm uma missão que passa por fechar os portais e expulsar o mal
do reino. E isso também implica dizer adeus aos novos amigos. Decisões,
decisões, mas até lá muita água vai correr. Este é o enredo base do jogo que
podem aceder via Story Mode. Depois ainda há o History Mode. Confusos?
Não seja por isso. O Story Mode aborda uma narrativa original ao passo que o History Mode recria momentos e batalhas dos jogos de onde vêm as nossas personagens. Os visuais de cada tabuleiro remetem para o grafismo típico dos mapas de Fire Emblem, com aquele aspecto de tabuleiro de xadrez onde penamos cada decisão, choramos cada morte e fazemos reset sempre que tal acontece. Aqui não há estratégia, podia e seria um toque engraçado, mas não. Selecionamos um inimigo, vemos as condições e restrições da batalha e partimos para uma missão à lá Warriors que passa por distribuir pancada a tudo o que se mexe. Há mapas que limitam o uso a uma arma, há outros onde temos de eliminar um número de inimigos num dado tempo, ainda outros onde temos de cumprir vários objectivos como ocupar fortes ou vencer vários heróis numa espécie de coliseu. É um modo mais livre do que o Story e tanto serve para testar as nossas capacidade, pois temos um quadro de pontuações, como para as treinar.
Não seja por isso. O Story Mode aborda uma narrativa original ao passo que o History Mode recria momentos e batalhas dos jogos de onde vêm as nossas personagens. Os visuais de cada tabuleiro remetem para o grafismo típico dos mapas de Fire Emblem, com aquele aspecto de tabuleiro de xadrez onde penamos cada decisão, choramos cada morte e fazemos reset sempre que tal acontece. Aqui não há estratégia, podia e seria um toque engraçado, mas não. Selecionamos um inimigo, vemos as condições e restrições da batalha e partimos para uma missão à lá Warriors que passa por distribuir pancada a tudo o que se mexe. Há mapas que limitam o uso a uma arma, há outros onde temos de eliminar um número de inimigos num dado tempo, ainda outros onde temos de cumprir vários objectivos como ocupar fortes ou vencer vários heróis numa espécie de coliseu. É um modo mais livre do que o Story e tanto serve para testar as nossas capacidade, pois temos um quadro de pontuações, como para as treinar.
Não há
falta de conteúdo neste Fire Emblem, há imenso para fazer e imenso para gostar.
Tanto os novos fãs como os mais veteranos irão encontrar algo que os deixará
com um sorriso nos lábios. Só estão aqui para as batalhas frenéticas e over
the top? Não ficarão desiludidos. Estão aqui por causa de Fire Emblem?
Óptimo porque a Koei Tecmo não se limitou apenas a usar o nome e as personagens
para mais um Warriors. Fizeram o TPC e trouxeram o que melhor distingue a
série: a componente estratégica. Logo de início, escolhemos a nossa personagem
entre os dois irmãos; escolhemos o modo de dificuldade (para a análise optei
pelo modo Normal e quando dei por mim, o jogo tinha regredido para o modo Easy…
e eu a pensar que estava a ser muito bom no jogo!) e se pretendemos usar o modo
Permadeath, onde as personagens derrotadas em batalha desaparecem de
vez. Optei por não deixar ninguém morrer. Eu entendo que é uma modalidade
clássica nos Fire Emblem e aceito jogar com ela nos jogos mais antigos, mas se
posso optar por uma experiência sem ansiedade e com o elenco vivo até ao final,
seja! O sistema pedra-papel-tesoura está presente no jogo e, se ao início, não
achava que fizesse sentido, agora engulo as palavras. Isto quer dizer que temos
de planear as batalhas de antemão tal como num Fire Emblem. Escolher bem as
personagens, posicioná-las e comandá-las para os inimigos correctos de forma a
terem vantagem bélica. Emparelhar também é opção e cada vez mais é uma mecânica
que veio para ficar. Isto não significa que não conseguem vencer o adversário,
apenas demorarão mais tempo e é frustrante. Sigam a pirâmide das armas e verão
que tirarão dano adicional enquanto recebem pouco dano do inimigo. Por um lado,
dito e bem feito, por outro bem que podia haver mais variedade de guerreiros e
armas.
É difícil
agradar a gregos e troianos durante a selecção do elenco, mas a verdade é que
abusaram nas personagens com espada que são clones umas das outras. Mesmo neste
campo podiam ter variado e ido buscar um Ike ou Roy que impulsionaram Fire
Emblem. Mais machados com Hector, que é um favorito dos fãs, magia com a Tharja.
E adagas? Nada. Arqueiros também há poucos, assim como lanças. Menos quantidade
e mais variedade devia ser o caminho a seguir. Talvez em futuros pacotes de
DLC? É um detalhe que podia ter sido evitado, há personagens bastante
semelhantes em termos de movimentos, que só se distinguem quando fazem um
ataque especial ou entram no modo Awakening,
um modo de poder extra que torna a personagem mais rápida, poderosa e reduz o
dano recebido consideravelmente. Acaba esta forma com um ataque devastador.
A mecânica RPG também está forte.
Além da componente estratégica é vital manter as nossas personagens no nível adequado (o factor quantidade vem complicar um pouco). Cada personagem tem umaskill tree com mais ataques, defesa adicional, barras adicionais de especiais, etc. Até, se tiverem um Master Seal, podem promover os heróis como num Fire Emblem, mas não os gastem à toa. Depois podem aceder ao Ferreiro e trabalhar nas armas que ganham em batalhas, podem fazer upgrades com novas habilidades, retirar as mesmas habilidades para usarem noutras, vender, equipar. Pedir uma bênção para cada batalha para terem mais sorte nos drops de armas e equipamentos e habilidades.
Além da componente estratégica é vital manter as nossas personagens no nível adequado (o factor quantidade vem complicar um pouco). Cada personagem tem umaskill tree com mais ataques, defesa adicional, barras adicionais de especiais, etc. Até, se tiverem um Master Seal, podem promover os heróis como num Fire Emblem, mas não os gastem à toa. Depois podem aceder ao Ferreiro e trabalhar nas armas que ganham em batalhas, podem fazer upgrades com novas habilidades, retirar as mesmas habilidades para usarem noutras, vender, equipar. Pedir uma bênção para cada batalha para terem mais sorte nos drops de armas e equipamentos e habilidades.
Não há um jogo igual, seja por
melhorarem uma personagem de uma dada maneira ou pelo herói que usam
frequentemente. Falando por mim, acabei por usar uma joke character porque tornei-a tão poderosa que é ridículo. Sim, é
a Lissa, problemas?
A nível técnico, o jogo também
oferece opções ao jogador, que pode optar por apostar num festim visual (Visual - 1080p, com 30 fps) ou num
melhor desempenho (Performance – 720p,
com 60 fps). Só o facto de haver opção é muito bom e vários estúdios deviam
seguir com isto. Optei pela Performance
e o jogo parece outro. Tão fluído e rápido e eficaz. Joguei tanto na televisão
como em modo portátil e as duas versões são bastante confortáveis de jogar. Os
gráficos, nos dois modos, estão muito bons e é um mimo para os olhos desde as cutscenes no modo Story, ao próprio jogo, ataques especiais e até nos menus. Parece
que foi tudo criado com cuidado e amor à série. Já no departamento sonoro, bem,
sentem-se. Não sou fã. Ficamos quentes por dentro quando ouvimos os jingles de Fire Emblem, como os sons dos
menus, level up, etc. A banda sonora
é razoável, não fica na memória, mas admito que sinto aquela adrenalina quando
o tema de Fire Emblem irrompe durante o modo Awakening. As vozes? Más. Há uma ou duas personagens que se safam,
os dois irmãos, por exemplo, mas o resto roça o atroz. Ao que parece, alguns
actores não são os mesmos. Algumas vozes deixam-me com vergonha alheia – mas
nas versões 3DS eram… aceitáveis! Mas, bem, aquando do lançamento irá sair uma
actualização com as vozes em japonês. Podem não ser melhores, mas são uma
alternativa
É inevitável comparar este
Warriors ao Hyrule Warriors porque são duas das franchises mais poderosas da Nintendo. Hyrule Warriors foi o meu
primeiro e tem um lugar especial no meu coração porque deu-me mais da minha
saga favorita, mas este Fire Emblem Warriors consegue ser melhor e adequa-se
como uma manopla devido às suas batalhas enormes e viscerais. O aspecto RPG foi
mais trabalhado, com mais opções, e o modo History encosta o Adventure a um
canto. Não só como as missões estão delineadas, mas pela maneira como as
abordamos. Por vezes sentia-me confuso e perdido no Adventure, mas ali é
bastante directo ao assunto até ao boss final
e sente-se que estamos a recriar partes do jogo original. Algumas missões têm
objectivos secundários e, mesmo depois de terminadas, surgem outras
alternativas. Como tal, não há falta de conteúdo! Ainda neste aspecto, mesmo no
modo Story, para não dizerem que é curto, podem sempre tentar as missões
secundárias que aumentam a longevidade e a complexidade do nível. Derrotar mil
inimigos para chamar a Anna e comprar arte? Enfrentar generais o mais
rapidamente possível? Ocupar todos os fortes? Eliminar ladrões, mensageiros,
magos e reforços que aparecem? Apanhar aquele tesouro? Não precisarão de sorte
se tiverem uma boa cabeça e uma boa equipa: basta mandá-los pelo mapa. A IA é
fenomenal e eficaz, às vezes será melhor do que o jogador, outras vezes fica a
olhar para o inimigo que estão a lutar. Em último caso, façam Pair Up e juntem o vosso poder.
Concluindo, Fire Emblem Warriors
é uma aposta vencedora com um aviso: apenas para os fãs de Warriors ou de Fire
Emblem. Não esperem um jogo com uma história maravilhosa porque não existe
aqui. É bastante previsível, mesmo com a suas curvas e contracurvas, mas só lá
está para colar esta colaboração. O sumo deste jogo é o elenco e poder jogar
com os nossos favoritos, é o combate, é chegar a casa frustrado do trabalho e
distribuir pancadaria a soldados e monstros anónimos e vê-los a voar pelo ar.
Fire Emblem Warriors é bom, podia ser melhor em alguns aspectos, mas qual é o
jogo perfeito?
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.