Card Shark


Enganar com arte e mestria, na mítica França do século XVIII, pintada e ouvida.

1743, França. Começamos mais um dia, da nossa vida muda (literalmente) de serventia, a servir vinho a mais um nobre. No entanto, mal sabemos que este é o famoso Comte de Saint-Germain, figura quase mítica da corte francesa por boas e más razões. Enquanto o servimos, pede-nos ajuda para uma pequeno truque a jogar cartas. Ainda que o truque seja bem sucedido, o oponente acusa o conde da burla e na zaragata a nossa mestra morre. Avisando-nos que o oponente nos iria culpar do homicídio, oferece-nos refúgio com ele. Depois de sermos testados e aprovados por mais artistas começamos a nossa aventura por França, enganando, aldrabando e descobrindo um rumor que pode abalar até a monarquia.


E como o fazemos? Através de uma série de mini-jogos, que exigem perícia, memória e atenção aos detalhes. Há 3 dificuldades, sendo que na mais alta, não temos dicas e a morte é, se falharmos, permanente. Nas outras... Há mais jogos a jogar. O mais interessante é que nunca sabemos sequer qual o jogo a ser jogado. É tudo à volta do golpe, de conseguir ludibriar e equilibrar as apostas para os adversários não suspeitarem da nossa "sorte". Temos várias localizações e roubamos, vulgo, libertamos o peso das carteiras tanto de ricos como de pobres. Pelo caminho, encontramos vários personagens historicamente relevantes, que deixarei surpresa.

Não só os lugares e personagens, como os truques em si foram (são, mas não digam a quem jogar cartas convosco futuramente) relevantes. O jornal que é mantido por nós e que ajuda a acompanhar a história é escrito de modo a parecer algo feito por um servo, simples e com muitos erros, que cria consistência e plausibilidade à história. Os nossos ganhos podem ser divididos com a comunidade secreta de "artistas" que ajudamos, sendo que é em si um mini jogo para ver se nós ou o Comte é o mais generoso. Para além disso podemos repetir alguns mapas com o único intuito de trazer mais algum dinheiro (e mais algumas falas com os ludibriados).


O estilo visual merece uma nota própria: numa técnica chamada monoprint, cada uma das camadas é pintada individualmente, sendo finalmente sobrepostas para dar origem à cena afinal. Apesar de maioritariamente cenários estáticos, o estilo juntamente com os detalhes dos ambientes dão um ar muito especial. Somamos em cima disto a banda sonora, clássica e de época gravada por uma orquestra ao vivo. É sublime e ambos estes fatores tornam o jogo numa excelente representação da época. Ainda que simples, o jogo não é recomendado a crianças dados os vários temas violentos que se desenlaçam.

Um jogo que inova da maneira certa, mantendo-se tão desafiante como interessante, envolto numa banda sonora e estilo visual perfeitos ao género (e aldrabices só nas cartas).


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PC via Steam, gentilmente cedido pela Devolver.

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