White Shadows

Todos iguais, sob a luz. Mas brilha a luz sobre todos nesta aventura distópica que nos confronta com os horrores vindos do preconceito e do poder?

Todos os animais são iguais. Mas os corvos, os corvos são culpados. Nós somos um corvo, culpado desde a sua génese. De quê não sabemos, mas sabemos que não parecemos ser bem vindos a este mundo preto e branco onde o escuro prevalece. Este contraste entre a luz e as sombras permeia todo o jogo e ajuda a construir o universo e a mensagem que este jogo pretende passar. Estamos a fugir claramente, pois a luz é pouco presente e quando existe ameaça.

Através dos primeiros cartazes luminosos, das poucas luzes que se vêm naquele submundo, é-nos dada a história. Somos realmente todos iguais, mas só uns fazem umas coisas e outros outras e os corvos merecem apenas o que lhes é feito. Através da viagem que vamos fazendo, vamos vendo o verdadeiro funcionamento desta distopia, e passamos por temas bastante pesados (o jogo contém um aviso inicial contra tortura, crueldade animal, opressão, xenofobia).

Vamos progredindo e descobrindo com um sistema muito simples, podendo apenas saltar, andar e interagir com o ambiente. Para além dos desafios quase de plataformas, temos também alguns puzzles. Os puzzles não só permitem o avanço como também fazem parte da história, um conceito que tem sido usado recentemente em que a jogabilidade é parte da narrativa e aqui a execução é excelente. Os puzzles são simples na sua génese mas envolvem estar bastante atento ao que vamos encontrando pelo caminho.

A banda sonora ajuda na criação de todo este ambiente de tensão, na grande maioria dos casos é ausente, permitindo assim uma maior atenção aos barulhos ambientais que estão muito bem conseguidos. Quando existe, são usadas peças clássicas como o Vôo das Abelhas ou o Vôo das Valquírias. As animações do nosso pássaro, juntamente com representação dos outros animais presentes dentro daquilo que é o estilo apresentado funciona muito bem. É de louvar também o trabalho de luz e sombras que num jogo a preto e branco é de máxima importância.

Uma pequena aventura, que conta uma história intemporal de uma forma muito inteligente. Uma curta e enriquecedora experiência.