Sam and Max: Beyond Time and Space Remastered


Um remaster desenvolvido pela Skunkape Games, Beyond Time and Space traz-nos de volta a segunda aventura do hilariante duo de detetives animalescos Sam e Max. Nesta aventura gráfica, repleta de puzzles para resolver e minijogos para serem jogados, tomamos as rédeas de Sam que, com a assistência do seu parceiro Sam, procura resolver os mistérios que lhes vão surgindo pela frente. 

A história deste segundo jogo, originalmente lançado de forma episódica em 2008, vê o nosso duo de heróis entrarem em conflito com Mister Spatula, o goldfish de estimação de Max (que por acaso também é o vice-presidente norte-americano nesta bizarra continuidade), que por pura ganância sucumbiu ao lado mau da força (no pun intended). Contudo, tal confronto revela-se bastante curto, pois Spatula depressa é assassinado por um robot gigante, o Maimtron 9000. Curiosamente, este tinha por objetivo a eliminação de Sam e Max, também conhecidos com a Freelance Police, mas por má pontaria errou o alvo. Cabe ao duo descativar o gigantesco adversário antes que a sua pontaria melhore ou que ele destrua todo o bairro onde eles residem.

Este é o pontapé de saída para o primeiro capítulo do jogo, que nos coloca na pele de Sam. Um cão castanho vestido numa fedora cinzenta e muito adequada ao estilo pulp noir do jogo, Sam é o protagonista ativo do título. Será através dele que iremos interagir com os diferentes NPC's, explorar o cenário à procura de pistas ou objetos que nos possam ser úteis para avançar na história, ou mesmo aceder e jogar alguns dos minijogos presentes neste título. Repleto de conhecimento, muitas vezes trivial e obscuro, Sam conta ainda com a ajuda, ainda que mais passiva, do outro protagonista que dá o nome à série, Max. Um coelho branco com tendências claramente homicidas  e destrutivas, Max é dono de um sentido de humor bastante peculiar e de um desconcertante sorriso (à lá Joker). Apesar disso, Max é bastante útil, na medida em que funciona como um apoio para o jogador, ajudando na resolução de puzzles, através de certas dicas que deixa cair. 

Como referido, o gameplay do jogo vai predominantemente residir sobre o nosso controlo sobre Sam. É através dele que faremos a exploração dos cenários que visitamos - convém vasculharmos bem cada localização de forma a não perdermos nada de relevante - assim como será via Sam que iremos fazer a recolha de objetos a usar mais tarde, nesta aventura gráfica onde o ênfase sobre o backtracking é bastante grande. Munido com um revolver, Sam pode usá-lo em certos minijogos, como é o caso da sequência rodoviária do jogo ou o Whack a Mole (ou antes rato), logo no início da aventura. Gameplay tradicional para o género de aventura gráfica no qual este remaster se insere.

Contudo, Beyond Time and Space tem mais do que protagonistas caricatos e gameplay bem conseguido, ele é dono também de um conjunto de localizações e cenários variadíssimo e que liga bem com a natureza wacky da aventura. Começámos no escritório do duo, o qual parece ser inspirado nos filmes noir predominantes na primeira metade do século passado. Um escritório repleto de objetos bizarros, que vão desde os ocupantes do quarto dos arrumos, ao vizinho do apartamento ao lado, com o qual se pode interagir via um enorme buraco na parede. Mais para a frente teremos acesso à região gelada do Polo Norte e à casa de um sanguinário Pai Natal, que substitui os elfos por pinguins infantes na sua fábrica de brinquedos. Viajaremos até à ilha da Páscoa, com as sua Moais falantes e vulcões em erupção, a castelos sombrios e góticos, no qual encontraremos vampiros sadomasoquistas e zombies clássicos, ao o próprio inferno, que conta com a sua própria linha do expresso, ou mesmo através do tempo e espaço (como de resto o próprio título indica). Cenários fantásticos, repletos de pormenores e de NPC's igualmente interessantes e um pouco over the top. 

A música é excelente. A melodia detectivesca (parece mesmo arrancada dos filmes de 1950/1960) complementa bem a apresentação deste remaster que melhorou consideravelmente o original de 2008, não só no detalhe dos cenários e nos modelos das personagens, mas também na luminosidade e em certos efeitos gráficos. De fora ficaram as caixas de fala, substituídas por legendas menos "in your face". A qualidade das falas e da sincronização das mesmas também melhorou consideravelmente.

O desafio apresentado por este título foi consideravelmente reduzido com a introdução de um hint system, que permite ao jogador controlar o número de dicas que irá receber durante a aventura. De igual forma, o jogador pode aceder a um hotspot (local importante) via o mero pulsar de um botão. Os minijogos foram tornados opcionais. Talvez como forma de agradar aqueles que preferem uma "pura" aventura gráfica. Igualmente, todos os cinco episódios (níveis) do jogo foram colocados disponíveis logo desde o início, embora o melhor em termos de narrativa e dificuldade crescente seja começar pelo primeiro.

Em suma, Beyond Time and Space não reinventa a roda, mas aprimora sobre o que já era bom para começar. Quem jogou o original de 2008, não irá encontrar alterações na história, no humor ou nos puzzles em  si. Contudo, para quem nunca o tiver jogado, este remaster é o melhor sítio por onde começar. Uma aventura gráfica excelente que me fez recordar as horas passadas a jogar Monkey Island 2, back in the day.

Nota: Análise efectuada com base em código final do jogo para a Switch, gentilmente cedido pela Skunkape.


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