Shovel Knight: Pocket Dungeon


Juntem uma aventura épica como Shovel Knight com algumas ideias de um clássico como o Tetris e temos uma excelente mistura que se revelou ser este título!!

No decorrer deste jogo é recorrente recebermos um alerta do Specter Knight momentos antes de enfrentar os Bosses finais a indicar que "Todos os que jogarem o jogo mortal de Pocket Dungeon serão consumidos por ele". Nesta review, pode-se dizer que realmente é o que acontece neste novo spin-off da Yacht Club Games.

Aqui o jogador irá encontrar uma narrativa simples, que basicamente consiste no personagem principal que, no decorrer das suas aventuras, encontra uma espécie de cubo de Rubik sendo como que sugado para dentro deste. Neste cubo o nosso cavaleiro vê-se novamente cara a cara com todos os cavaleiros e personagens dos jogos anteriores e até alguns novos personagens que deixam o jogador com alguma ideia de para onde esta aventura poderá seguir.



Sendo assim podemos dizer que a principal tarefa do nosso cavaleiro será descobrir uma forma de resolver todos os mistérios da masmorra de bolso - Pocket Dungeon, referência ao nome deste título -  e descobrir a melhor forma de escapar com a ajuda de todos os personagens com que se encontrará ao longo deste jogo.

O jogo decorre num ambiente muito similar ao original, sendo que iremos encontrar uma série de níveis que se tornam  progressivamente mais difíceis, os quais serão apresentados depois das fases icónicas do título original e alguns novos locais que encaixam perfeitamente nesta estética. Estes níveis são jogáveis num estilo de grelha 8x8 que se enche lentamente de inimigos e diversos perigos, sendo que qualquer fã de jogos de puzzle de "queda de blocos" irá reconhecer esta premissa. Deste modo, teremos de eliminar estes inimigos para desbloquear a porta ou passagem para o nível seguinte, onde a mesma lógica também é aplicada.

Apesar deste conceito, existe neste jogo um elemento chave que é também o seu foco, que é o combate. Assim sendo acabamos por ser confrontados com a noção de que manter os blocos a um nível demasiado elevado é apenas uma preocupação secundária, pois neste caso o objetivo principal é manter vivo o personagem utilizado.


Ainda sobre a mecânica de jogo é necessário realçar alguns pontos interessantes, como por exemplo o facto de quando o personagem atacar, esta ação poderá resultar na eliminação do inimigo ou pelo menos que este sofra alguns pontos de dano, o que em troca causará também um ponto de dano ao nosso personagem. Outra técnica interessante é a de entrelaçar ou ligar obstáculos ou inimigos, o que faz com que estes sofram danos iguais e ser-lhes-á dado um bónus em cadeia por eliminar múltiplos com um só ataque.

Uma vez que não podem existir apenas coisas boas, existe um senão que se põe em lidar constantemente com o medido de vida do personagem, uma vez que apenas são necessários alguns golpes de qualquer inimigo para o colocar na zona de perigo. Existe em contrapartida um ritmo razoável de queda de poções o que ajuda a combater esta questão - um conselho é manter sempre uma por perto em caso de necessidade - apesar de que por vezes será necessário passar por vários inimigos até alcançar o próximo ponto de cura.

Para além de cura e cadeias de dano, existe uma mecânica bastante engraçada que faz lembrar também alguns desses jogos clássicos com queda de elementos, que neste caso não é nada mais nem nada menos que as duas velocidades a que estes objetos podem “cair”. Sem ser menos importante cabe ressaltar que neste título os blocos nunca param de cair, sendo que cada um destes descerá um quadro cada vez que for dado um passo ou um inimigo seja atingido. No entanto, mesmo que o personagem se mantenha estático, os blocos continuarão a cair a um ritmo mais lento. Desta forma o jogador pode ter alguma margem de manobra para poder estudar um pouco todo o tabuleiro de jogo e assim decidir o caminho a seguir.


Ainda no tema das velocidades, cabe ressaltar que o mesmo está diretamente relacionado com o medidor de gemas, que se enche um pouco com cada inimigo derrotado, apesar de este começar de imediato decrescer de forma constante. Em relação às gemas podemos acrescentar que estas podem ser obtidas até um multiplicador de x4 a cada inimigo derrotado, o que permitirá ao jogador adquirir mais e melhores itens nas lojas do jogo. É necessário alertar que apesar de este medidor aumentar a cada inimigo caído e descer de forma constante, como jogador iremos ver que a cada nível que passa este medidor irá aumentar na sua velocidade de queda, sendo que será necessário movimentar-nos de forma mais rápida caso queiramos mantê-lo cheio e maximizar este rendimento em gemas. Um último reparo é que se formos muito rápidos poderemos cometer erros que podem causar uma morte quase instantânea.

Existe ainda a questão de que com toda esta mistura de combate e de ritmos acelerados transforma este título numa espécie de dança com o diabo - ou pelo menos com o nosso cérebro - pois por vezes seremos obrigados a receber algumas pancadas para podermos alinhar melhor a nossa jogada e fazer alguns pontos ou até completar o nível em que estejamos.


Como nem tudo são coisas más, ao longo dos níveis o jogador poderá encontrar alguns Power Ups que ajudam no percurso, podendo até evitar a derrota. Alguns destes podem ser algo simples como adicionar um ou dois pontos ao dano base do personagem e outros são mais interessantes como uma paragem no tempo ou um raio laser. Sendo todos estes úteis e interessantes à sua maneira e ajudam de alguma forma.

Falando nos power ups, não podemos de todo deixar passar o facto de existir uma loja no jogo, esta pode ser aberta através de um portal encontrado numa arca de tesouro. Chester's Shop é o nome dado à loja deste jogo, pois é gerida pelo personagem com este nome. É aqui que as nossas gemas entram em ação, pois este NPC irá disponibilizar ao jogador uma coleção de 3 relíquias que permitem melhor o personagem - apesar de o jogador normalmente apenas ter gemas suficientes para adquirir um - estas podem atribuir habilidades como uma reanimação única ou dar a cada poucos golpes um acabamento eletrificante.


O jogo não é apenas composto por uma alta variedade de inimigos, conta também com um variado leque de cavaleiros - ou knights, como são chamados no jogo - para escolher, sendo que cada um deles dispõe de habilidades próprias e diferente estilos de jogo. Existe quase seguramente um personagem para qualquer estilo de jogo, mas apesar disso o jogador pode por vezes sentir-se deslocado pois irão existir sempre inconvenientes que podem exigir uma diferente abordagem das situações vividas.

Fugindo agora um pouco de personagens, inimigos e power ups, para aqueles jogadores que se possam sentir um pouco mais desajustados a Yacht Club achou por bem incluir algumas melhorias ou modificações para criar uma experiência de jogo mais apelativa. Passando algumas delas por melhorias nos pontos de vida e até modificação de pontos de dano, apesar de que quando estas sejam ativadas o jogador será como que impedido de obter objetivos - ou achievements - de jogo, apesar disto é de boa ideia estas opções estarem disponíveis para quem as pretenda usar.

Para além de tudo o que foi descrito acima, este jogo dispõe ainda de um modo de versus, o que permite ao mesmo ganhar alguma ação adicional! Isto posiciona o jogador frente a frente com o seu adversário em modo de split-screen, numa ideia similar ao que poderíamos encontrar num conhecido título em que tínhamos de estourar bolhas com cores diferentes.


Em contrapartida a este modo frenético poder ser jogado quando o jogador dispõe de amigos próximos para jogar, a falta de um modo de multiplayer online é algo doloroso. Existe sempre a possibilidade de se jogar contra bots com uma dificuldade ajustável, mas neste caso e na nossa opinião a falta deste modo apresenta-se aqui como uma excelente oportunidade perdida.

Apesar desta questão, o jogador está longe de ser confrontado com algo mau, Pocket Dungeon apresenta um excelente estilo visual e criativo da série, não só artístico mas também ideológico. Em termos visuais, os gráficos de  8-bit pixel art assentam que nem uma luva ao estilo e mecânica de jogo, apesar das animações para algumas sprites de personagens e inimigos serem algo simplistas, existem vários e divertidos pormenores encaixados em todo este jogo. Em termos de banda sonora, na sua grande maioria é composta por alguns remixes da partitura originalmente criada por Jake Kaufman, existem ainda algumas novas faixas que encaixam perfeitamente com o material mais antigo.

Como conclusão, podemos dizer que Shovel Knight Pocket Dungeon é como uma lufada de ar fresco que foi dada ao título original, proporcionando aos jogadores uma boa mistura entre o género de quebra-cabeças com queda de blocos e um belo título de ação e aventura.



Um jogo recomendado, com muita qualidade e que oferece uma óptima experiência.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PlayStation 4, gentilmente cedido pela Yacht Club Games.

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