Cronos: The New Dawn
A Bloober Team já tem alguns jogos no currículo, muitos fazem questão de referir o remake de Silent Hill 2, eu cá prefiro o The Medium, um dos meus primeiros jogo na Xbox Series X. É um bom jogo, nada do outro mundo, mas com mecânicas interessantes e gostei bem, agora a mesma equipa traz-nos Crono: The New Dawn, que tenho muita coisa a partilhar!
Para começar, é já um dos meus jogos favoritos do ano. Este ano tenho sido carregado com jogos fantásticos uns atrás dos outros, mas a verdade é que puz os olhos em cima deste, principalmente desde que marcou presença num Nintendo Direct para a Nintendo Switch 2 e, desde então, só o queria jogar e não descansei até o terminar.
Foi uma experiência espetacular, primeiro porque sou suspeito e adoro todos estes jogos de terror na terceira pessoa, como, por exemplo o Resident Evil 2 Remake, Calisto Protocol e claro, o mais semelhante a este título, Dead Space! São mesmo muitas semelhanças com este último, embora não deixe de ter a sua identidade, afastando-o de parecer uma cópia barata do jogo de terror da Electronic Arts.
Entre as semelhanças temos o fato do protagonista, o ambiente nos cenários, os monstros que nos atacam, ou também a mecânica do uso de botas especiais para saltar de plataforma em plataforma em certos segmentos do jogo. Fora isso, as próprias armas têm o seu ADN e isso é muito positivo, até o simples pormenor de existir um mapa, coisa que também acontece em Dead Space, deixam-vos por vossa conta, mesmo que não seja difícil de encontrar as portas ou por onde vamos, até porque há uma forma de saber qual o próximo objetivo e onde está localizado. Aqui encontramos algo também semelhante a Dead Space: com o premir dum botão sabemos que temos de correr para determinado local, embora hajam tantas portas que podem e devem ser exploradas, onde só basta o jogador estar atento para as encontrar.
Deixemo-nos de comparações e passemos a falar de apenas e somente de Cronos: The New Dawn, porque há pontos muito positivos, principalmente para alguém que jogou a maior parte dos títulos deste género. O jogo tem uma narrativa muito misteriosa, não sabemos sequer quem controlamos, o que sabemos é que é uma personagem de nome Traveler (Viajante, em português). Isto porque viajamos entre o espaço-temporal para obter informações e outras coisas as quais não quero revelar, podendo sim referir que, no fim ficam a perceber o quê e porquê das coisas, entre mistérios por revelar e outros que revelados perto do final.
A narrativa é muito interessante, envolvida num mistério que lentamente se desvanece, num jogo que tem por volta de 14 horas, ou pelo menos foi o tempo que demorei a terminar, embora honestamente senti que tivesse demorado mais tempo. Fui jogando à minha maneira e tentei ao máximo verificar cada esquina por colecionáveis e especialmente itens, neste caso munições, frascos de saúde e energia, estes que são realmente escassos, acreditem!
O jogo tem várias dificuldades, eu costumo jogar sempre no normal seja qual for o jogo, gosto de desafios e esperava mesmo um em Cronos, onde houve um certo momento em que estava na dúvida se conseguia ou não terminar o jogo. Para quem jogou Dead Space a dificuldade é muito parecida, a questão da escassez de munições e saúde é algo a ter em atenção, sendo bem complicada a gestão disso tudo, até porque cheguei ao ponto de ter de comprar munições. Não gosto de gastar “dinheiro”, que neste caso é energia entre bens que podemos bem encontrar em caixotes ou pousados por aí. No entanto, fui tão encostado à parede que não tive como evitar.
Por um lado parece que há muitos itens e podemos gastar à vontade, mas quando chegámos à hora da verdade e as coisas começam a apertar percebemos de imediato que afinal não é bem assim tão simples, o melhor é estarmos sempre preparados para o pior. Para tal, o melhor é guardar aquilo que não poderem carregar convosco, nos pontos de gravação há sempre um caixote para deixarem os itens que desejarem. Mas melhor do que isso, é mesmo arranjarem Cores, que servem para fazer upgrades ao vosso fato e à vossas armas. Estes Cores são uma raridade, o meu conselho é investir nos de armazenamento para poderem ter espaço suficiente para carregar armas, munições e saúde. Um outro elemento importante é investir na quantidade de fabrico de balas e saúde, pois vão também encontrar ferro velho e outros objetos para utilizar e fabricar munições e balas, o que é de extrema importância já que os recursos são escassos.
Toda esta gestão para realizar não é nada fácil, apenas aqueles jogadores que já estão habituados a toda esta gestão de jogos anteriores é que vão ter essa noção. A dica que posso deixar é encontrarem gatos, normalmente deixam Cores que são de extrema importância para efetuar os upgrades ao fato especificamente. Depois têm também vários objetos velhos como consolas, rádios e aquecedores que sendo vendidos, dão alguma energia para efetuar os upgrades às armas. A energia serve apenas para os upgrades às armas ou comprar munições e ferro velho, o que não aconselho, mas se estiverem totalmente apertados como cheguei a estar, é inevitável.
A jogabilidade é ao estilo de Resident Evil 4 e Dead Space, o famoso olhar sobre o ombro para apontar e disparar, sendo a única diferença e particularidade de Cronos é que todas as armas têm uma função especial e relevante: ficar a pressionar o botão de disparar durante pouco tempo para que o tiro seja mais potente. É quase a única forma de jogar, disparar sem ficar a pressionar no botão de disparo será muito mais difícil de eliminar as ameaças, portanto aconselho a aguardar até que o disparo seja efetuado. Cria tensão, é interessante, uma mecânica que requer alguma destreza, acho que faz bastante diferença em vez do típico disparo contínuo e sem apontar, no entanto, leva o seu tempo e por vezes o inimigo chega tão perto que acaba por nos cancelar o disparo.
Um outro aspeto também marcante é o uso de fogo, que nenhum monstro gosta de fogo e aqui o fogo faz toda a diferença. Vão ter sempre espaço para uma botija inflamável que é disparada para o chão, que irá pegar fogo por uma determinado espaço e isso fará com que os monstros sofram danos e até fiquem estáticos. É uma boa chance para os atacar, mas sem esquecer que estas botijas também podem sofrer upgrades que farão com que as chamas se alastrem mais e o fogo consuma e provoque mais dano.
Como somos o Viajante e andamos por vezes por outras dimensões, há também incorporada na arma uma habilidade de reverter objetos danificados, sejam pontes ou barris explosivos, há certos locais em que teremos de fazer uso dessa habilidade. Nos barris, é sempre bom ter isso em conta porque os barris explosivos são muitas vezes a vossa salvação para um ataque de inimigos poderosos, fará toda a diferença gastar uma bala num barril explosivo ao contrário de gastar meia dúzia de balas num inimigo. A outra habilidade que é desbloqueada mais tarde servirá para criar um fio condutor que leva a eletricidade a estações específicas para abrir portas.
Há toda uma variedade de monstros no jogo, mas os bosses são os que vão deixar o jogador a suar, isto porque há alguns bastante desafiantes e correr de um lado para o outro já quase sem munições vai ser uma dor de cabeça. Preparem-se para verdadeiros desafios, mesmo com habilidades, não esperem um passeio no parque. E por falar em habilidades, embora já tenha referido as botas, estas são adquiridas na progressão do jogo e vão ter segmentos específicos para o seu uso, muito parecido ao gravity zero do Dead Space.
Conservar munições, fabricar frascos de saúde, gerir tudo bem aquilo que têm no inventário e aplicar os Cores naquilo que é mais importante é um passo para a vitória e serem bem sucedidos. Após terminarem o jogo vão ter a oportunidade de jogar um New Game Plus e dificuldades acrescidas para além de um fato novo. É um jogo dedicado aos fãs do género de terror e é mesmo muito especial, tenho mesmo de recomendar embora tenha as suas falhas como certos itens deixados pelos inimigos não serem possíveis de apanhar, ou até salvar o jogo em que tive de eliminar outras gravações porque por razão alheia, tive de salvar num slot novo.
Eu tenho mesmo de recomendar Cronos: The New Dawn àqueles que adoram este género de jogo, desde à banda sonora ao ambiente e protagonista, Cronos é na minha opinião um sucesso e espero que consigam fazer uma sequela ou um outro jogo semelhante, estão perante um jogo realmente espetacular.