Dragon Quest: Your Story


O poder da nostalgia é algo impressionante. Quando anunciaram que iriam fazer um filme de animação inspirado na série Dragon Quest, a curiosidade disparou, mas o verdadeiro entusiasmo veio quando se percebeu que seria baseado no clássico Dragon Quest V, considerado por muitos um dos melhores de toda a série.

Dragon Quest V foi originalmente lançado para a Super Nintendo em 1992, apenas no Japão. E se na altura impressionou bastante os seus jogadores, durante muito tempo, demasiado até, manteve-se exclusivo para o público japonês, incluindo uma reimaginação para a PlayStation 2 publicada em 2004 que nunca chegou ao Ocidente.

Tudo mudou em 2009. Com a enorme popularidade da Nintendo DS em todo o mundo, a consola já se havia tornado um paraíso para os fãs de jogos RPG, muito graças à sua portabilidade. A própria série Dragon Quest já contava com boas vendas na plataforma e, com isso, chegou a hora do jogo ter também lá remake, mas desta vez publicado a nível mundial, com o título Dragon Quest V: The Hand of the Heavenly Bride.


Tinham passado 17 anos desde o seu lançamento original, mas mesmo assim conseguiu apresentar-se como um surpreendente RPG, com uma história realmente envolvente em torno do protagonista, que vai desde a sua infância até à vida adulta. E se na altura não tinha forma de partilhar o que sentia pelo jogo sem ser com os amigos, um ano depois já teria um blog onde pudesse escrever sobre ele, a minha review de Dragon Quest V: The Hand of the Heavenly Bride!

Passaram 10 anos e tudo ganhou aquele brilho da nostalgia. Um bom exemplo disso? O mais recente Dragon Quest XI: Echoes of an Elusive Age é em todos os aspectos o melhor jogo da série, mas se me perguntarem pelo favorito o coração faz sempre pensar no grande clássico que joguei na Nintendo DS. O que pensarão, então, os japoneses que em pequenos o jogaram na velhinha Super Nintendo, há quase 30 anos?

Eis então Dragon Quest: Your Story, o filme de animação que acaba de chegar ao Netflix.


Tal como no jogo, tudo começa com o nascimento do protagonista, aqui chamado de Luca, que iremos acompanhar ao longo da sua vida enquanto procura um herói lendário que o ajude a salvar a sua mãe e proteger todo o mundo de um mal terrível.

Passar de um jogo de 40 horas para um filme com apenas 1h40 não é fácil, o que se nota principalmente com toda a parte da infância que é contada de forma muito apressada. Claro que um filme não precisa de horas de exploração nem batalhas a cada 20 passos para melhorar as personagens, embora o retrate de forma divertida em algumas sequências da história. Chegando à idade adulta, o filme consegue encontrar o seu próprio ritmo, focando-se apenas na história principal e as personagens mais importantes.

Os visuais estão fantásticos, assim como todas as animações, e a história consegue capturar o mesmo sentimento de qualquer Dragon Quest, alternando entre momentos divertidos e outros profundamente dramáticos. Além disso, as personagens são realmente expressivas e a banda sonora completamente fiel à experiência de jogo. No Netflix, é possível escolher entre o áudio original e a dobragem em Inglês ou Português do Brasil, mas nada como ver o original devidamente legendado.


Sem querer estragar nenhuma surpresa, o filme vai muito além do que seria uma mera adaptação da história do princípio ao fim. Afinal, o público-alvo não é apenas quem jogou o clássico The Hand of the Heavenly Bride, nem apenas os fãs de Dragon Quest em geral. É uma história empolgante sobre uma aventura que reúne toda a família, para toda a família.

De certa forma, mesmo para quem nunca jogou, é um filme sobre nostalgia e a sua magia.

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