Song of Horror


Quantos de vocês já têm saudades de uma experiência de horror à moda antiga tal como os primeiros três capítulos da saga Resident Evil ou até como o fantástico Alone in the Dark: The New Nightmare? Podemos até inserir entre estes duas séries a espetacular trilogia de Silent Hill? Os fãs que gostariam de jogar algo semelhante e que não encontram facilmente nos dias de hoje podem contar com o magnífico Song of Horror, que é um presente a todos os aficionados destas séries nos seus tempos de glória.

Song of Horror é um jogo que se encontra dividido em 5 episódios, cada um está a ser lançado por fases, neste momento encontra-se disponível o quarto episódio que assim por alto, podemos dizer que se passa em Barcelona e tem como cenário uma sala de espectáculos com um tom sinistro. Mas na verdade, todos estes episódios são bem sinistros e cada um deles tem a cara chapada destas velhas séries de terror. Nesta análise vamos focar-nos nos primeiros 3 episódios, que foram jogados por inteiro.


O primeiro episódio não podia ser mais semelhante ao famoso clássico da Capcom, Resident Evil, onde o jogador investiga uma Mansão à procura de pistas de um tal senhor chamado Sebastian Husher. Antes de começar o episódio, há um prólogo a ser jogado onde se irá aprender os comandos básicos e necessários para a sobrevivência. Pode-se dizer desde já que o protagonista, Daniel, é aprisionado numa sala de um dos quartos. É aqui que começa então a verdadeira aventura neste jogo de horror. Neste episódio o jogador terá 4 personagens à escolha, cada uma delas com a sua profissão e motivos. Se uma das personagens falecer durante as buscas na mansão, é perdida para o resto da história e outra personagem terá de ser selecionada. Se todas as personagens falecerem, é game over e o jogador terá de começar o episódio de raíz, o pode ser frustrante, mas é recompensador e fãs dos clássicos acima mencionados vão adorar certamente, pois o jogo não facilita. Embora haja um modo fácil para que se possa disfrutar mais da história do que a experiência de horror em si, a verdadeira essência está mesmo nessa dificuldade.

Ao contrário de Resident Evil, o jogo é mais focado no horror, isto porque o jogador não tem nenhuma arma letal para combater as sombras que vão assolar o jogador durante a campanha e de forma imprevisível. Existem vários mini jogos para ultrapassar o medo e sobreviver. Uns exigem que o jogador procure um lugar específico que será marcado no mapa para fugir, seja por debaixo de uma mesa ou no interior de um armário. Aqui o cenário à volta é envolvido numa escuridão imensa e o jogador terá de clicar na barra espaço para seguir as batidas do coração e acalmar a personagem, um mini jogo muito bem pensado e interessante que deixará o jogador também em sobressalto. Um outro mini jogo foca-se em suster a respiração, quando este avista um monstro nas sombras. O jogador terá de mover o rato para cima e para baixo controlando a sua respiração, se não conseguir efetuar a respiração de acordo com a imagem no ecrã, a personagem irá tossir e é “a morte do artista”. Existe também um outro em que o jogador repentinamente é puxado para o chão pelas sombras, aqui o jogador terá de clickar nos botões apresentados no ecrã para fugir antes que seja engolido pela escuridão. Por fim, um mini jogo que acaba por ser o mais fácil mas não deixa de ser stressante é avistar a escuridão a tentar abrir uma porta. Aqui o jogador terá de correr de imediato à porta e encerrar a mesma antes que a escuridão consiga entrar.


É muito fácil perder uma personagem em Song of Horror e todo o cuidado é pouco. Dando um exemplo, existem momentos em que o jogador será questionado se quer ou não abrir uma porta, meter a mão numa banheira ou remover uma simples cortina. Dei por mim a perder personagens por meras decisões que, se tivesse lido alguns dos itens espalhados na mansão, não aconteceriam. Como por exemplo um mapa que identifica um andaime direcionado para 2 janelas com mais 2 que nem uma varanda tinham. Saí sem verificar o mapa por uma das janelas e dei por mim a perder uma personagem da forma mais idiota possível. Todos estes itens são pistas que ajudam o jogador a evitar estas armadilhas, mas às vezes pode ser tarde demais. O mesmo servirá como é óbvio, para a conclusão de todos os puzzles, como descobrir os números para um cofre, os fusíveis a serem colocados com a voltagem correcta ou posicionar certos itens na forma como exemplifica a folha de papel que o jogador outrora tinha recolhido na mansão.

E isto é apenas o primeiro episódio, embora confesso que tivesse sido o mais difícil e possa afastar os jogadores com menos habilidades e paciência para este género de jogo. No entanto todos os episódios contam com puzzles para que o jogador progrida.

No segundo episódio o jogador encontra-se numa loja de antiguidades, aqui terá de explorar várias portas e realizar imensas vezes um back tracking bem ao estilo clássico dos jogos já mencionados antes. Recolhendo itens que podem ser combinados e outros que por vezes, dei por mim a não utilizar talvez por ter finalizado puzzles de forma diferente. Neste segundo episódio foi possível trazer uma das personagens do primeiro episódio visto que perdi todas as outras na mansão, o que só por si já muda a experiência para cada jogador. Para além do único sobrevivente, ainda surgiram novas personagens neste novo capítulo, que neste caso nem cheguei a utilizar porque consegui finalizar o episódio com a mesma do anterior.


Ao passar para o terceiro capítulo, as personagens anteriores já não fazem parte. Surgem duas novas personagens além do protagonista Daniel que está presente em todos os episódios mas deve ser deixado para último, pois se perdem Daniel, perdem o jogo e vão ter de iniciar o capítulo. Sendo o protagonista da história em Song of Horror, ele não pode falecer.

O pior que o jogo tem é na verdade algo familiar, a jogabilidade. Tal como sucede nestes clássicos de horror, as câmaras são fixas e controlar as personagens é um tanto esquisito mas, pela nostalgia, não fica mal. No entanto às vezes, subir escadas não é tão confortável quanto isso pois a câmara muda de lugar e o jogador desce em vez de subir. O maior problema é quando o nível de stress aumenta e o jogador tem de se esconder o mais rápido possível, nestes momentos não há tempo a perder e a jogabilidade não facilita muito.

Ao todo vão ter 13 personagens diferentes, para seguir os passos desta personagem misteriosa de nome Husher para identificar esta escuridão ao que lhe chamam The Presence. O forte do jogo é que existe uma IA que controla os passos do jogador e reconhece cada movimento, assim sendo, diria que quanto mais medo os jogadores mostrarem, mais esta IA se adaptará para pregar os devidos sustos. A melhor experiência será usar os head phones e jogar na total escuridão.


Já não tinha medo de nenhum jogo mas Song of Horror, é na minha opinião, uma das melhores experiências de sempre. Agora resta esperar pelo último episódio para a sua conclusão mas podemos sem dúvida afirmar que estamos perante um jogo fantástico para os amantes do género, imperdível.

Nota: Análise efetuada com base em código final dos 4 episódios disponíveis para PC via Steam, gentilmente cedidos pela Dead Good Media.

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