LUNA - The Shadow Dust


Uma surpresa extremamente agradável, numa época em que andamos todos preocupados com as novas gerações, Luna chega para nos provar que às vezes o mais simples dos conceitos pode dar origem a experiências inesquecíveis. Um quebra cabeças com uma beleza singela e que nos deixa a pedir por mais.

Lembro-me da primeira vez que joguei um indie, aquela entrada sem expectativas à espera de um baixo orçamento e pouca equipa por trás do mesmo, e da surpresa que tive ao ver as fronteiras a serem exploradas sem medo e com qualidade. Hoje em dia a nossa postura quanto aos mesmo é diferente: temos Dead Cells a ganhar jogo de acção do ano contra jogos das grandes editoras (nesse ano estavam a concurso God of War e Red Dead Redemption 2). Temos Ori, Celeste e tantos outros que deram tanto ou mais que falar que os grandes títulos e a serem referências no género.

Luna reabre um género também que pouco se vê, excepto no ocasional mobile ou remakes, o do point and click puzzle, jogos feitos para pensar e desfrutar de uma experiência desafiante sem dependerem de acção frenética ou combate de qualquer estilo. E como bem o reabre, o próprio menu apresenta-se em símbolos (mais do que evidentes o que fazem) simples e introduz-nos à banda sonora lindíssima que presenteia o jogo. De nota (muito muito positiva) é o estilo visual: animação desenhada à mão e com um toque suave, tanto nas cores como nas imagens e símbolos que enquadra perfeitamente a nossa aventura com o nosso companheiro. Para além disto há uma série de cutscenes , também elas animadas, que depois podemos rever no menu inicial. E acreditem valem a pena rever. O jogo não tem qualquer diálogo, sendo toda a história entregue através das cutscenes e de partes integrantes do puzzle fazendo com que a atenção ao detalhe seja ainda mais importante.


O gameplay é linear e por níveis, acabando o(s) puzzle(s) passamos para a área seguinte e continuamos a nossa exploração. Podemos a qualquer momento, a partir do menu principal, voltar a repetir um puzzle quer pela experiência novamente ou até para observar os detalhes escondidos em todos os cantos. Pouco depois do início da nossa aventura, obtemos um companheiro e os puzzles diversificam tendo isso em conta: podemos trocar entre ambos os protagonistas sendo o contributo dos dois necessário para a resolução dos mesmos. Ambos têm animações para quando interagem, estão parados algum tempo ou não podem, por exemplo, abrir uma porta e são incríveis. Transmitir personalidade e emoções sem diálogo é algo incomum e difícil e Luna consegue-o de maneira soberba. Apesar de não ser longo, os puzzles são fascinantes e diversos, com uma grande ênfase no visual mas com alguns puzzles a incluírem mais algumas dimensões (que deixo para terem o prazer de descobrir). Há também uma área secreta que traz mais algum conteúdo à história (e é tão secreta que ainda continuo à procura), para além de interacções que ainda que não resolvam o puzzle sejam por si só divertidas. 

A história é, semelhante ao belíssimo Ori, simples transmitindo uma mensagem bonita e emocionante (novamente a banda sonora faz maravilhas). E falando da banda sonora, é pautada por instrumentos clássicos sendo que cada zona tem a sua própria música, que varia à medida que vamos resolvendo o puzzle também, tornando a experiência mais profunda e tornando difícil querer parar até acabar. Em última nota, este humilde reviewer ainda emocionado com a experiência obtida acaba a querer mais, o jogo não é longo (dependendo sempre da destreza mental individual claro) mas introduz-nos a um universo de, em bom português, chorar por mais.


Sem sombra de dúvida, um indie memorável, bem concebido e executado demonstrando mais uma vez a qualidade assombrosa crescente deste lado da indústria. Luna dá-nos uma experiência bonita e e desafiante, com uma banda sonora fantástica e uma animação cativante.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PC via Steam, gentilmente cedido pela Application Systems.

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