Giraffe and Annika


Há medida que os anos passam cada vez mais longe são as memórias das brincadeiras que tínhamos em crianças: o portão para um quintal era um portal mágico para um mundo diferente ou um tronco caído no parque indicava o caminho para o tesouro. Por vezes surgem jogos que exploram esta temática, descartando o combate ou outros tipos de ações bem vincadas em jogos de aventura e Giraffe and Annika encaixam perfeitamente neste espírito, abraçando uma jogabilidade simples que qualquer criança pode explorar sem medo.


Seguimos os passos de Annika, que após acordar de um estranho sonho não se recorda de onde está ou como chegou, embora todos os outros personagens se parecem lembrar perfeitamente dela. O toque de inspiração dos Estúdios Ghibli é notório como o estilo artístico, a história e o próprio modo do jogo ser, onde não existem propriamente vilões mas Annika também não está propriamente em segurança. É um jogo muito acessível, com controlos simples e objetivos lineares que rapidamente nos fazem avançar na história sem problemas e a ação também é praticamente inexistente, onde em que em vez de lutar desviamo-nos dos perigos constantes que Spica Island tem à nossa espera e qualquer dano recebido é facilmente recuperado. O maior entrave que encontrei foi mesmo ver um ou outro erro no jogo, um deles que me parou o jogo numa das estátuas onde gravava, mas foi algo que rapidamente voltei a recuperar o tempo perdido.

O desenrolar do jogo funciona como um livro de ilustrações, não só pelas sequências de história bem ilustradas, mas principalmente porque o avançar um pouco na história é como virar uma nova página. As surpresas que esperam Annika são parecidas com as aventuras que as crianças imaginam, ou até mesmo nos lembram das que nós tínhamos na idade deles: abrir um portão ou chegar a um destino longínquo há sempre um toque de magia que nos previne de atingir o nosso objetivo. São várias as personagens que vamos conhecendo, desde Giraffe que tem um papel fundamental, os habitantes de Spica ou até mesmo a bruxa Lily que surge sempre para nos desafiar. 


É uma ilha relativamente ampla e recheada de mistérios que normalmente resultam em missões típicas de procurar itens ou personagens, cujo resultado acaba sempre por desenvolver um pouco mais a história. As várias personagens vão-nos pedindo estas tarefas em troca de algo, por vezes, até mesmo vestimentas que servem puramente para fins estéticos. Tal como Annika a nossa chegada a Spica enche-nos de questões sem saber como as resolver, logo no início não nos é possível atravessar uma ponte porque, simplesmente, Annika não se lembra que pode saltar. É algo que parece idiota, mas ao mesmo tempo encaixa perfeitamente no espírito que o jogo cria. 

Mas enquanto que explorar a ilha em si é interessante o mesmo não se pode dizer das várias masmorras que vão surgindo que se estendem demasiado e funcionam como labirintos onde pouco se faz para além de chegar ao seu final. No entanto é aqui que surge a ação, resultando num minijogo de ritmo simples mas eficaz, com boas músicas a acompanhar. A fórmula mantém-se idêntica à medida que avançamos, ficando a saber cada vez mais do mistério que acaba por nos deixar algo curiosos e, não sendo um jogo muito longo, as surpresas chegam-nos umas atrás das outras. Ao acabar cada masmorra há sempre algo curioso a acontecer, memórias que regressam a Annika e à sua volta em Spica Island. 


Acaba por ser um jogo simples e ao mesmo tempo muito recomendado para os mais novos, sendo que não há muito texto pela frente numa ou outra ocasião surgem pontos que podem ser um bloqueio. Não há desafio, mas em troca temos surpresas por desvendar, seguindo um pouco a lógica de programas infantis onde as personagens têm um problema a resolver e cabe ao espetador apresentar a solução.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela NIS America.

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