Os Meus RPGs II – Final Fantasy IX
Desde então há uma forte associação nostálgica em mim, de acordar cedo durante as férias, beber um chocolate quente e avançar um bocado mais nas aventuras nos jogos da série. Memórias que tenho mantido e que fizeram nascer uma espécie de tradição, jogar a série Final Fantasy pela altura do Natal, algo que fiz novamente este ano jogando os Pixel Remaster por ordem, estando agora no quarto capítulo. Mas… toda esta conversa e podem pensar “então o Final Fantasy IX? Que está no título desta publicação?”

Esse foi o jogo que fugiu à regra… mais ou menos. Aguardava impacientemente pelo seu lançamento, sabia que era lançado no início de 2001 e que não seria prenda de Natal. Acontece que o dinheiro que havia recebido no sapatinho meses antes foi precisamente para o comprar mal estivesse disponível, recordando-me vivamente do dia em que recebia a chamada da defunta loja Pramenta, no Porto, ao que fui a correr para o comprar! A viagem de regresso foi mais tranquila, apanhava o autocarro e, com o manual de regras na mão, lia as páginas possíveis na curta viagem de volta a casa. Começou, então, uma incrível aventura.
Numa época que já se falava da PlayStation 2 por todo o lado, consola que já ocupava as lojas por cá, continuava a dar um excelente uso à primeira, principalmente para RPGs, enchendo os cartões de memórias com múltiplos saves. Em frente ao ecrã deliciava-me com a introdução em full-motion video (FMV) de uma qualidade soberba, um salto considerável quando comparado com Final Fantasy VII. Via Alexandria em todo o seu esplendor, viajava para um mundo de magia e fantasia medieval que adoro, longe do aspeto futurista dos dois jogos anteriores. Zidane era-me apresentado juntamente com a sua trupe de ladrões, cuja missão de raptar a princesa Garnet era então explicada em pormenor. Tudo muito giro, mas, a aventura começava sério num outro FMV que, com um simples movimento de câmara, transitava o destaque para Vivi.

Esse foi o jogo que fugiu à regra… mais ou menos. Aguardava impacientemente pelo seu lançamento, sabia que era lançado no início de 2001 e que não seria prenda de Natal. Acontece que o dinheiro que havia recebido no sapatinho meses antes foi precisamente para o comprar mal estivesse disponível, recordando-me vivamente do dia em que recebia a chamada da defunta loja Pramenta, no Porto, ao que fui a correr para o comprar! A viagem de regresso foi mais tranquila, apanhava o autocarro e, com o manual de regras na mão, lia as páginas possíveis na curta viagem de volta a casa. Começou, então, uma incrível aventura.
Numa época que já se falava da PlayStation 2 por todo o lado, consola que já ocupava as lojas por cá, continuava a dar um excelente uso à primeira, principalmente para RPGs, enchendo os cartões de memórias com múltiplos saves. Em frente ao ecrã deliciava-me com a introdução em full-motion video (FMV) de uma qualidade soberba, um salto considerável quando comparado com Final Fantasy VII. Via Alexandria em todo o seu esplendor, viajava para um mundo de magia e fantasia medieval que adoro, longe do aspeto futurista dos dois jogos anteriores. Zidane era-me apresentado juntamente com a sua trupe de ladrões, cuja missão de raptar a princesa Garnet era então explicada em pormenor. Tudo muito giro, mas, a aventura começava sério num outro FMV que, com um simples movimento de câmara, transitava o destaque para Vivi.
Não foi só isso… em 2001 já tinha um conhecimento mais sólido de como jogar RPGs, explorar as diferentes mecânicas e esmiuçar o sistema de combate, algo que devo muito a Final Fantasy VIII por ter um sistema com tanta personalização. Cada personagem aqui tinha um propósito diferente: Zidane era rápido a atacar e a roubar preciosos itens, Garnet (agora Dagger) focava-se em curar, enquanto que Vivi destruía tudo e todos com a suas magias que, quando tinha Steiner na equipa, usava bem a combinação de ataques com Vivi, uma mecânica que só tenho pena que não seja transversal entre outras personagens. Moldava as habilidades especiais ao meu gosto, na estratégia que tinha para a equipa e, aos poucos, ia explorando cada vez mais mecânicas onde usava (e abusava) dos estados especiais como Poison ou Stop, tudo isto enquanto tinha sempre a equipa bem protegida e até mesmo a levitar com Float, para me esquivar de ataques de terra. Tudo magias e habilidades que ia aprendendo à medida que conseguia novo equipamento, que não descansava até os desbloquear de modo a ficarem permanentemente nas personagens, antes de equipar outras armas, armaduras e acessórios para repetir o processo.
Por assim dizer, foi o Final Fantasy mais Final Fantasy que havia jogado até então. O destaque a uma narrativa sólida, profunda aliava-se a personagens com Jobs bem clássicos, não só a nível do que faziam nos combates como também o seu aspeto. Este mundo que explorava era recheado de fantasia, dos barcos voadores movidos a uma energia que mais parecia magia, inseridos num estilo onde a fantasia se alia ao futurismo, numa civilização medieval com alguns toques mais modernos. Via aqui o resultado da Squaresoft olhar para o que a série havia criado desde 1987, aplicando o que havia aprendido nos títulos mais recentes enquanto preparava o salto para a geração seguinte, algo que na altura já conhecíamos, pois Final Fantasy X já estava anunciado enquanto jogávamos este, algo que infelizmente até fez com que a aventura de Zidane fosse ofuscada pela de Tidus, o protagonista do décimo capítulo.
Aqui sublinho bem forte as personagens que, para mim, é uma das maiores forças deste nono título, se não for mesmo o ponto mais forte. Se há algo que o distinguia na altura e, mesmo agora destaca-se do resto da série é o modo como as personagens estão tão bem construídas e implementadas no mundo. Enquanto que noutros capítulos temos uma equipa de personagens e ela acaba por ser pouco explorada, em Final Fantasy IX somos expostos a várias perspetivas diferentes destas personagens, saltando até mesmo entre elas durante grande parte da aventura, dando o destaque devido a cada uma. Elas crescem e nós crescemos com elas, os imensos acontecimentos que se vão desenrolando são vistos pelos olhos de cada um e ninguém é ignorado. Mesmo personagens secundárias que podiam facilmente ser ignoradas têm relevo, partem nas suas aventuras que podemos acompanhar através dos Active Time Events (ATE) que podemos ver, ou ignorar, quando somos alertados que algo está a acontecer noutro sítio qualquer.
Tudo isto fez-me adorar o jogo, tornando-se um dos meus jogos favoritos na série que, quando o joguei já a havia explorado um pouco melhor. A história fascinava-me, queria explorar todos os cantos daquele mundo e durante várias semanas não joguei outra coisa que não este jogo, onde os momentos surpreendentes e dramáticos aconteciam uns atrás dos outros, intercalados com alturas mais tranquilas. Cada novo sítio que encontramos é explorado e as personagens têm sempre algo a dizer, seja pelo local em questão ou por o que está a acontecer no mundo. Cada cidade era grandiosa, convidava-nos a explorar o melhor possível antes de prosseguir com a aventura, por vários continentes diferentes que, mesmo sendo um mapa do mundo “à antiga” há tanto para explorar que o mundo torna-se vivo. Lembro-me bem da primeira vez que exploro Treno, uma cidade noturna que ao som do piano vamos nos cruzando com o que os vários nobres de lá tinham a dizer, preparando-nos para o que viria a seguir.
Foi um jogo que me marcou, tanto em 2001 como nos anos que se seguiram, em que o jogava novamente simplesmente porque adorava o jogo e queria ver se havia algo que me tivesse escapado. Com o meu envelhecer, do transitar da adolescência para a vida adulta, sentia cada vez melhor os dilemas das personagens, um jogo que é tão rico nesse aspeto com temas tão fortes agora como então! Juntamente com a sua história, Final Fantasy IX é dos jogos mais adultos da série, muito mais maduro que outros que recebem a fama apenas pelo seu aspeto e, algo que me irritava (e ainda irrita) é quando consideram este jogo infantil só porque as personagens têm um aspeto chibi. Não é, de todo, os temas que assombram todas as personagens ganham ainda mais força à medida que envelhecemos. Sentimos bem a preocupação de Vivi, que receia parar de um momento para o outro e deixar de existir, sendo uma das mais belas (e assustadoras) representações da morte que vi num jogo. Dagger não era apenas uma princesa que se revoltou, enquanto via o mundo a ser destruído ao seu redor e Zidane não era só um simples ladrão engatatão básico com um forte sentido de moral, mostrando os seus momentos de fragilidade. O que por si, é curioso, pois Zidane é, bem, um humano que tem uma cauda de macaco, numa equipa extremamente diversa! Mesmo Kuja, o grande vilão do jogo marcou-me, conseguia levar avante os seus planos de destruição sem ser um vilão básico, escrito ao pormenor e vamos conhecendo-o melhor pelos quatro CDs que compõem o jogo, em que descobrimos os motivos para as suas ações.
Final Fantasy IX foi também uma conquista algo pessoal, pouco mais de uma década após o ter jogado pela primeira vez. Acontece que após anos a tentar convencer o Telmo a jogar um Final Fantasy, certo dia chego-lhe com a minha PlayStation Portable com o jogo lá instalado e disse-lhe apenas “olha, joga”. Convencer até foi fácil e, poucos dias depois de ele ter começado a aventura, via-me nele tal e qual como quando o joguei pela primeira vez, divertimo-nos a discutir as personagens e a história do jogo, em que me continha para não dar nenhum spoiler. Soube perfeitamente o que ele sentiu quando terminou o jogo, pois eu próprio chorei baba e ranho quando terminei o jogo pela primeira vez, mais do que o final do primeiro CD em Final Fantasy VII, por exemplo. Ainda hoje sinto-me feliz que lhe dei a conhecer uma série tão icónica através deste jogo, que honestamente se há jogo perfeito para dar a conhecer Final Fantasy é mesmo este.
Concluindo, porque é este um dos meus RPGs de eleição? Por tudo o que oferece, por todos os motivos que já apontei, pela sua história tão bem construída que encontramos zero momentos mortos, que quase nos embala aventura fora e, quando demos por ela, já estamos a chegar ao fim da história. É o meu segundo Final Fantasy favorito (o meu de eleição se calhar conseguem adivinhar), um jogo a que volto constantemente, dando-me agora a vontade de voltar a pegar nele após escrever este artigo e, talvez, pela sua importância na mais recente expansão de Final Fantasy XIV, Dawntrail. Talvez agora na PlayStation 5, através do PlayStation Portal que este jogo encaixa perfeitamente num formato portátil!
Novamente, espero que tenham gostado de acompanhar-me nesta aventura e venham-me contar a vossa história com Final Fantasy IX, se não o jogaram ou se têm planos para o fazer em breve! Termino com mais um episódio da Masmorra do Glitch, o segundo onde falamos em RPGs que nos marcaram:
Final Fantasy IX está disponível para Nintendo Switch, PlayStation 4/5, Xbox One/Series X|S, PC e dispositivos móveis, através de uma versão remasterizada, não presente em serviços de subscrição à data desta publicação.