Final Fantasy XIV: Dawntrail


Chegou um novo capítulo na história de Final Fantasy XIV, o lançamento da mais recente expansão Dawntrail e, desde já, posso-vos garantir que não tenho feito praticamente mais nada a não ser mergulhar totalmente nela. É uma tradição minha, preparo tudo para o lançamento de cada expansão, dedicando-me e bloqueando conteúdo relativo à série enquanto não der por terminada a minha saga. Outro hábito é “correr” a história do início ao fim, deixando missões entre outras coisas secundárias para mais tarde, até porque se torna complicado fugir a spoilers quando há uma comunidade tão ativa como a deste jogo… Terminei-o há cerca de uma semana e são muitas as coisas que tenho aqui em mente, muitas delas que vou evitar referir ou, bem, tentar dar a volta, pois também não vos quero arruinar as surpresas!


Vamos então por partes. Dawntrail tem dois propósitos fundamentais: dar continuidade ao MMORPG, atualizando conteúdo enquanto adiciona outro mais e, em simultâneo, criar um novo início para uma nova história que iremos acompanhar durante as próximas expansões. Uma década, dizem, que se for semelhante ao que tivemos até agora vai evoluir de tal forma que mais parece uma montanha-russa de eventos e emoções. Já tendo refletido sobre a história de Dawntrail há coisas incríveis e outras menos positivas, mas, de forma geral, esta expansão entregou-nos bem este começo! Houve muitas mudanças a nível estruturais do jogo que o modernizaram um pouco, aprimorando coisas que existem há mais de 10 anos.

Como novidades temos muitas: novos itens, equipamentos, habilidades e ajustes para todas as classes (Jobs), um novo nível máximo de 100, tudo o que estamos habituados quando há uma expansão num MMO, poder jogar com uma Hrothgar fêmea, algo pedido há muito tempo. Novidades "a sério" são os dois novos Jobs: um de ataque físico, Viper, que usa duas espadas em simultâneo numa sucessão de combinações rápidas e impiedosas, por vezes fundindo as duas armas numa única apenas as usando numa espécie de dança mortal junto aos inimigos. É um sistema diferente, bem mais rápido do que estava habituado a outras classes do jogo no mesmo género, como Ninja ou Monk, que deu gozo experimentar. Dito isto o meu destaque vai para o segundo Job adicionado, o Pictomancer, uma espécie de artista que invoca magias usando o seu pincel e paleta de cores, em que alternamos entre invocar figuras e usar combinações de tinta encadeadas para manter o fluxo do combate, juntamente com habilidades que apoiam a nossa equipa. É divertido, bem mais do que contava inicialmente estando agora a ponderar dedicar-me totalmente a esta classe.


Diversão foi o conceito que me acompanhou durante Dawntrail, explorar todo um novo continente à descoberta de aventura foram umas boas férias bem passadas! Muita da minha satisfação de qualquer expansão do jogo provém da minha sede por ter mais história, que aqui assume uma estrutura bem familiar a quem costuma jogar este MMO, contando tudo através de dois arcos narrativos interligados, bastante diferentes. O primeiro é o Rite of Succession, onde acompanhamos Wuk Lamat numa jornada por Tural a retraçar os eventos do seu pai, onde temos de encontrar a lendária cidade de ouro. Há intriga, muitas surpresas, antigos aliados são agora rivais, embora esta rivalidade seja bem mais tranquila do que me foi vendido. Foi um belo início para uma aventura, viagem esta ao continente longínquo e exótico de Tural, com uma história e geografia bastante única, que vamos conhecendo através de várias missões e pela narrativa. É o final desta grande missão que acaba por marcar que estamos (mais ou menos) a meio da expansão, lançando-nos então para uma segunda parte bem diferente.

Este segundo arco surge a responder o nosso desejo por mais aventura, que rapidamente nos entrega uma história que a cada missão principal deixava-me ansioso em saber o que acontecia de seguida. É aqui que desvendamos que raio é a gigante torre que vimos nos trailers, nas regiões no norte de Tural, com toda uma estética futurista e radicalmente diferente de tudo o resto da região e, até, do que conhecemos do jogo. É certo que já exploramos locais remotos da existência ou realidade, ou que o futurismo e gigantes máquinas existem desde o lançamento de Final Fantasy XIV, mas todo este arco é… diferente. Ainda assim, por muito díspar que seja do resto de Tural, tudo, mas tudo encaixa na perfeição na história que conhecemos do jogo, da Eorzea (e não só) que tanto acompanhamos.


Há, contudo, um pequeno grande ponto relativo à história que pode (ou não) determinar a nossa reação a esta aventura. Gostar ou não da história está muito dependente da nossa reação a Wuk Lamat, pois ela aparece constantemente na nossa aventura, sendo por vezes até mesmo excessivo! Ela é a personagem principal de Dawntrail, bem mais que nós mesmos, até porque aqui assumimos o papel de mentor e principal conselheiro. Somos uma espécie de personagem secundária, o que francamente agradeço, até porque já estava um pouco farto de constantemente levar o destino do mundo às costas. Se não forem fãs de Wuk Lamat, bem… torna-se difícil apreciar a história quando ela tem todo o protagonismo.

Também não ajuda quando a narrativa não chega ao patamar que foi elevado com Shadowbringers e Endwalker. O arraque de Dawntrail é lento, recheado de fetch-quests entediantes que pouco contribuem para nos agarrar e só passadas umas boas horas é que estamos efetivamente envolvidos, embora sejamos recompensados com um final marcante. São várias as cutscenes, o que pessoalmente agradeço, que tendo jogado o jogo em inglês aprecio bem os sotaques das personagens, bem diferentes do que estava habituado até então. Só é pena que algumas vezes as falas pareciam estranhas, desconexas com o que estava a acontecer no momento, um problema menor que não me arruinou a experiência como um todo. Até porque há um bom leque de novas personagens enquanto muitas que já conhecemos desde A Realm Reborn foram postas de lado. Até porque é um novo começo, um novo mundo para explorar, cheio de coisas boas para os fãs da série!


Não é novidade que Final Fantasy XIV está recheado de referências ao resto da série, integrando bem tudo pela história ou a própria lore do mundo. Dawntrail continua este bom trabalho, sendo que pegou logo em dois dos meus títulos favoritos da série: Final Fantasy VI e IX! Sem entrar em muitos detalhes, se partilharem dos mesmos gostos que eu, vão ser vários os momentos em que ficarão com um sorriso estampado na cara. Excertos de felicidade entre outros mais sérios, onde foram vários os momentos que fiquei com um nó na garganta, parecendo que a história estava a falar para mim pessoalmente. Sem aprofundar muito, posso dizer que fiquei bastante contente por ver que em cenários com cidades mais futuristas tivemos mais referências à série, do que noutros locais mais "tradicionais" onde seria mais fácil de as implementar. Somos constantemente apanhados de surpresa, a história trouxe-me imensa nostalgia, sendo que um dos temas fundamentais da história emocionou-me de um modo que não estava nada à espera. Em suma, se são fãs de Final Fantasy, vão querer acompanhar esta história com atenção, principalmente no segundo arco.

Certo, sei que praticamente só falei da história até agora, não conseguia de outro modo, pois é para mim o ponto mais importante de cada expansão, mas sendo este um MMO onde cada um experiencia o jogo à sua maneira, há muito conteúdo a explorar para todos os gostos, com ainda mais coisas a caminho nos próximos dias, semanas e meses! Destaco as dungeons, que embora sigam exatamente a mesma estrutura do que sempre foi feito, ainda assim elas são bastante diferentes. São empolgantes, não houve uma única que não pedisse a minha total atenção devido às suas mecânicas e os combates, principalmente contra os bosses de cada uma delas que, não só usam de forma banal algumas mecânicas usadas em combates mais difíceis no passado, como nos apresentam mecânicas totalmente novas para aprendermos no momento e habituarmos-nos, não vão elas regressar mais tarde O próprio design das dungeons é incrível, tenho agora uma favorita de todo o jogo pelos vários motivos que apresentei, por conseguir surpreender em poucos minutos apenas e, ainda, pela incrível música que a acompanha. Em toda a expansão o trabalho de Soken, o principal compositor, é fenomenal, com vários temas que simplesmente arrepiam.


Acompanhando as dungeons temos bosses incríveis, principalmente os principais a que chamamos de trials, onde 8 jogadores (ou personagens controladas pelo jogo, caso preferirem) jogam em equipa para os derrotar. Foram vários os momentos em que constantemente pensava "ok o que tenho de fazer aqui" e muitos os erros cometidos, até me habituar durante o combate e tornar a experiência bem mais tranquila. O último combate marcou-me, não tanto como o de Shadowbringers, mas dificilmente algum combate final o irá superar. Contudo, é um muito bom trial, requer 100% da nossa atenção em tudo o que está a acontecer no nosso redor. E isto é apenas o início, com uma raid a sair daqui por uma semana e uma outra raid onde 24 jogadores jogam em conjunto, estou curioso com o que vão fazer no futuro, principalmente com esta onde o tema é Final Fantasy XI, em que teremos de esperar um bom par de meses até ao seu lançamento.

Temos também um novo motor gráfico, embelezando muito os visuais do jogo, através de mais destaque nas texturas, reflexos entre outros efeitos especiais. As personagens tiveram uma melhoria considerável, mas francamente foram vários os momentos que só mesmo comparando lado a lado é que via as diferenças. O maior destaque vai mesmo para os cenários, mesmo aqueles que já conhecíamos houve uma melhoria significativa em praticamente todos os locais, tornando-os mais belos sem grandes transformações. A minha principal crítica relativamente aos visuais é ao novo sistema onde podemos aplicar duas cores para partes diferentes dos equipamentos, algo que foi recebido com uma enorme euforia entre os jogadores (não estou a exagerar), mas a sua aplicação deixa muito a desejar…


São imensos os equipamentos onde o sistema ainda não foi implementado e, mesmo nas peças que já existiam, são vários os casos onde a segunda cor é aplicada a coisas irrelevantes. É certo que a cada atualização vão aumentar o número de peças a suportarem este sistema, e várias melhorias estão a caminho, mas de forma geral deixou-me um pouco desiludido. Até porque houve uma certa atenção a vários detalhes nesta expansão. As novas zonas tentam ser bem diferentes das que já conhecíamos no resto do jogo, muitas são as mounts que agora têm animações mais “reais” através de um simples inclinar quando mudamos de direção, os dois novos Jobs procuraram diferir quando comparado com os restantes.

O que me traz para o ponto onde estou agora: ansioso pelo lançamento da nova raid daqui por uma semana, onde o tema parece ser o entretenimento e somos lutadores numa arena, isto a ver pelo que já foi revelado fora do jogo até agora. Quanto à história e, sem entrar em grandes detalhes, Dawntrail deixa muita coisa em aberto para os próximos capítulos, embora saibamos um ou outro ponto que vão ser explorados no futuro. Ainda tenho muito a explorar, vários Jobs para subir até nível 100, muito equipamento para farmar e várias coisas diárias ou semanais a fazer até me aborrecer. Há muito Final Fantasy XIV no futuro à nossa espera e estarei cá para o receber.


Terminando, esta foi a expansão com menos problemas que alguma vez tive, onde não tive quaisquer problemas técnicos nem filas de espera para jogar! Isto foi o que mais me surpreendeu, desconhecendo que "magia" fizeram eles para chegar a estes resultados, deixando-me muito otimista para as próximas expansões. Também foi um olhar ao passado, criando uma boa nostalgia a quem acompanha o jogo desde 2013: a dualidade de temas e regiões que me recordou de Stormblood, as referências a eventos de um passado longínquo como Endwalker, uma aventura mais simples pelo desconhecido como em A Realm Reborn. As conversas à fogueira entre um grupo pequeno de personagens, como em Heavensward. Foram pequenos momentos que me fizeram pensar no jogo como um todo e a pensar no caminho até aqui!

Assim foram as minhas férias de verão, que passaram a voar enquanto depositava um número considerável de horas que não vou referir. Final Fantasy XIV: Dawntrail é um novo início para o jogo, imperdível para os fãs deste MMO e cada vez mais o recomendo aos fãs da série da Square Enix.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 5, gentilmente cedido pela Ziran, e numa cópia para PC adquirida pelo autor do artigo.

Latest in Sports