Beloved Rapture



Sabem aquela sensação de jogar um jogo e perceber o amor e a dedicação colocados nele, como se houvesse uma alma por trás do ecrã? Foi exatamente assim que me senti a jogar Beloved Rapture. É uma história de lutas e conexões, de personagens com estilos de vida diferentes, unidos por um objetivo comum: evitar uma catástrofe que poderia significar o fim da vida como eles a conhecem.

Beloved Rapture coloca o jogador no papel do destemido Johan, um jovem com uma forte ligação à mãe. A vida em Veritas Mountain sempre foi pacífica, mas tudo muda no 18.º aniversário de Johan. Juntamente com o seu melhor amigo, Zack, Johan sonha em deixar a sua serena aldeia em busca de novas aventuras e oportunidades de trabalho. No entanto, nesse mesmo dia, é atirado para um conflito muito além da sua compreensão. Os Aeons, um culto misterioso, começam a aproximar-se de Veritas Mountain. Agora, Johan terá de escolher o seu caminho neste conflito crescente, assumindo o papel de um herói improvável.


No modo geral, nos RPGs, a história é muitas vezes o elemento que mantém tudo coeso, e Beloved Rapture destaca-se nesse aspeto. A jornada de Johan é profundamente emocional, abordando temas como o trauma familiar, o amor, a sexualidade e as suas lutas internas. É uma narrativa cheia de momentos de tristeza, paixão e autodescoberta.

A jogabilidade complementa tudo isto de forma brilhante, oferecendo um sistema de combate por turnos dinâmico com dois modos: Modo Ativo, onde os inimigos atacam em tempo real, e Modo Espera, que pausa o tempo para que o jogador possa planear a sua estratégia. Embora o Modo Espera ainda esteja em fase beta e apresente alguns pequenos problemas, optei por usar o Modo Ativo na minha experiência de jogo. Admito que o ritmo rápido do Modo Ativo pode ser avassalador para jogadores que preferem mais tempo para planear os seus movimentos, mas a escolha entre os modos é uma adição ponderada que acomoda diferentes estilos de jogo.


Um dos aspetos mais marcantes de Beloved Rapture é a remoção de encontros aleatórios e da necessidade de "grinding" obrigatório, permitindo que os jogadores avancem ao seu próprio ritmo. A curva de dificuldade é equilibrada na maior parte do tempo, com exceção do combate final, que achei extremamente punitivo. O inimigo utilizava repetidamente uma habilidade devastadora que eliminava toda a minha equipa, tornando quase impossível recuperar vida, mesmo com estratégias de cura. Partilhei este feedback com os produtores, e espero que futuras atualizações resolvam este problema.

A progressão dos personagens é outro ponto alto. Ao subir de nível, podes atribuir pontos de bónus para melhorar atributos específicos, permitindo um desenvolvimento personalizado da tua equipa. Embora não possas trocar armas, podes evoluí-las, desbloqueando novos poderes e "finishers". Este sistema não permite criar classes completamente novas, mas dá a liberdade para ajustar os pontos fortes da tua equipa. O jogo até dá dicas subtis sobre como construir os personagens de forma otimizada, embora também deixe espaço para exploração.


Por outro lado, o final deixou-me desapontado. Após 27 horas de jogo e completamente investido na história de Johan, senti que a conclusão foi apressada. Não conseguiu igualar a profundidade emocional ou o desenvolvimento que marcou o resto do jogo. Dito isto, entendo os desafios enfrentados por equipas indie — orçamentos pequenos, prazos apertados e inúmeros obstáculos nos bastidores. Apesar das suas imperfeições, Beloved Rapture transborda paixão por parte dos seus criadores, e isso é algo verdadeiramente especial.


Felizmente, consegui partilhar as minhas opiniões com a equipa de desenvolvimento, e garantiram-me que um capítulo final expandido está em desenvolvimento, juntamente com um DLC. Esta notícia deixou-me extremamente esperançoso e entusiasmado com o que está por vir.


No final, Beloved Rapture é uma homenagem sincera aos clássicos jRPGs, com uma narrativa cativante e mecânicas envolventes. O seu foco no desenvolvimento de personagens e na exploração de temas maduros distingue-o no universo dos RPGs indie. Apesar de pequenos problemas de ritmo e equilíbrio, a experiência geral é inesquecível para os fãs do género.


Nota: Análise efectuada com base em código final do jogo para PC, gentilmente cedido pela Rapturous Studio.

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