Os Meus RPGs – Golden Sun


Sejam todos bem vindos a este novo canto no Meus Jogos, um tipo de publicação que há muito que queria ter começado, só que o tempo anda sempre tão fugido como os Metal Slimes em Dragon Quest. Algo que queria magicar, que vem acompanhar um outro espaço online que é a Masmorra do Glitch onde juntamente com a Sofia e o Filipe falamos do género e dos seus jogos, que convido mesmo muito a assistir (através deste link no YouTube, por exemplo). Já vamos em três episódios!

Aqui em Os Meus RPGs venho falar dos jogos que mais me marcaram, que de vez em quando me piscam o olho e vem aquela vontade de atirar-me novamente nas suas aventuras. Para esta rubrica quero descrever porque são importantes para mim ou merecem ser jogados, fora dos parâmetros de análises que habitualmente trago. Tenho três regras fundamentais, que posso ou não seguir todas dependendo se há fatores como a nostalgia por determinados jogos a falar mais alto, ou até mesmo lançamentos convenientes na altura, mas estes três “mandamentos” para estes jogos são:

  • títulos antigos (e PlayStation 2 já é retro, eu sei, é lixado);
  • que joguei mais que uma vez ou durante muito tempo;
  • estarem disponíveis através de coleções, remasters ou via catálogos de serviços (Nintendo Switch Online, PlayStation Plus, entre outros).

Este terceiro ponto é aquele que, honestamente? Sou capaz de o ignorar uma ou outra vez, pois há jogos que quero mesmo falar. E se fugir a mais que uma das regras autoimpostas têm todo o direito de fazerem-me uma esperinha (porque devo ter uns quantos argumentos puxados a ferro para defender a minha decisão). Posto isto, sim,… mais um sítio para eu falar em RPGs, para vos chatear na esperança que fiquem minimamente curiosos em pelo menos espreitar estes jogos. Não julgo se não lhes tocarem, até porque há jogos que por muito que goste deles, não são propriamente a coisa mais acessível do mundo. Indo agora para o que interessa e assim a estrear esta primeira publicação trago uma double feature, dois títulos fantásticos que são duas partes num enorme jogo, impossível de desassociar. Até porque o progresso que temos no primeiro jogo passámos na íntegra para o segundo!


Surgia na Game Boy Advance, em 2002, um dos jogos que mais me marcaram dessa geração. Golden Sun foi um jogo do ano de lançamento da portátil da Nintendo, num tempo em que os jogos demoravam meses (ou até anos) a chegarem à Europa, depois do seu lançamento no Japão. De todos os jogos anunciados para a portátil foi ele que mais me cativou, pelos seus visuais incríveis, tão detalhados para um pequeno ecrã, por ser um RPG por turnos o que, para mim, era mais que suficiente para o querer. Era também um jogo com o cunho da Camelot, equipa que trazia várias coisas de Shining Force, o clássico da Mega Drive que essa mesma equipa criou, um jogo que eventualmente o trarei para aqui também.

Lembro-me bem de o ter devorado completamente numa semana, de não descansar até o concluir a 100% porque havia muitos segredos a encontrar enquanto explorava o mapa e as várias cidades, masmorras ou florestas… Até porque há muitos Djinn para encontrar, pequenas criaturas que usamos em combate e vitais para invocar enormes summons, deuses e criaturas mitológicas com animações fantásticas que ainda hoje envergonham muitos outros jogos lançados na consola e, até mesmo, na Nintendo DS. Alimentavam também bem o meu vício de colecionista em jogos, o que ajudou.


Devo-o ter jogado à vontade umas 4, 5 vezes seguidas: na altura o meu acesso à internet era extremamente limitado, sem guias para seguir quando recomeçava o jogo e completava. Mas porra, se não me dava um gozo tremendo voltar a arrancar aquela aventura do início, só porque ela me era tão querida, com muitas noites passadas à luz do candeeiro, não haviam cá ecrãs retro-iluminados na Game Boy Advance original. Não foi apenas o quão adorava o jogo que puxava para o repetir, Golden Sun era apenas a primeira parte de duas histórias, matando a minha ansiedade pelo lançamento da sequela, Golden Sun: The Lost Age, durante um longo ano de espera sabendo que esse título seria lançado no ano seguinte.

Para mim, foi a história perfeita, repleta de mistério e criando uma mitologia própria que só tenho pena que esteja aparentemente esquecida… É um RPG que me enche as medidas, os combates por turnos dinâmicos com uma configuração de personagens extremamente detalhada onde cada personagem equipa Djinns não só para os invocar mas também para usar as magias e habilidades que deles advêm. São quatro os elementos associados a cada um dos Djinn, as tradicionais magias de Terra, Fogo, Água e Vento associadas aos planetas Vénus, Marte, Mercúrio e Júpiter respetivamente. Coisas típicas, onde o que mais me divertia era criar mixórdias de elementos com magias que surgiam das mais variadas combinações.

Até porque temos magias e habilidades que surgem destas misturas, importantes para outro ponto que torna o jogo tão único, que torna a série especial… A exploração no mundo está repleta de puzzles, muitos deles à imagem de The Legend of Zelda (um não RPG) onde muito além de empurrar caixas para criar acessos há mesmo enigmas onde brincamos com o cenário, de modo a progredir na exploração ou simplesmente ir buscar um precioso tesouro. Tudo isto num mundo que grita fantasia, onde as cascatas caem sobre o infinito num mapa que nada é mais que uma ilha flutuante num mundo em perigo, tudo coisas clichés que devoro sem pensar duas vezes. Se alguma vez me perguntarem qual RPG é a minha cara há 3 escolhas possíveis, sendo Golden Sun uma delas (as outras duas? Perguntem-me!).


Hoje penso no jogo e vejo-o como uma aventura que vale mesmo muito a pena explorar, por envelhecer tão bem mesmo com todos os random encounters que surgem em todo o lado. Os combates são tão rápidos que tão rapidamente começa como termina, após chacinar todo um conjunto de criaturas com os ataques e magias cheias de efeitos especiais. As personagens são incríveis, uma boa trupe comandada por dois protagonistas (um por jogo), enquanto enfrentam inimigos que não são todos um cliché andante, onde nem tudo é óbvio ou preto e branco ao nível de moral ou vileza. Um mundo embelezado com uma banda sonora que consegue ser fantástica, pedindo nem que seja um remake para poder ouvir o trabalho de Motoi Sakuraba (Star Ocean, Dark Souls) em versão orquestra.

E há ainda aquele calorzinho no peito de estar a jogar um RPG assim tão clássico, nos moldes tradicionais, mas muito diferente tanto para a altura como agora. Um jogo onde podemos ter uma estratégia enorme a planear os atributos das nossas personagens, ou simplesmente ir pelo caminho mais simples onde cada personagem tem apenas um tipo de Djinn equipado. Um RPG extremamente acessível na altura, que recomendo jogarem se tiverem curiosidade em experimentar um jogo do género e “old school”.

Posto isto… joguem Golden Sun. Quem já se cruzou comigo (nas redes online que por aí andam) são capazes de já me terem visto a dizer esta frase mais que uma vez, é uma frase sentida, pois é um título que merece mesmo carinho, que gostava que se tornasse um fenómeno novamente a ver se a Nintendo voltava a pegar na série, até porque ficou por terminar depois de uma sequela na Nintendo DS que acabou em cliffhanger.

Espero que tenham gostado desta rubrica, que me continuem a partilhar as vossas histórias com RPGs, e volto em breve com mais um jogo! Terminando, fiquem com o primeiro episódio da Masmorra do Glitch onde falamos sobre o que é ou não um RPG:


Golden Sun e Golden Sun: The Lost Age estão disponíveis para Nintendo Switch, através do serviço Nintendo Switch Online + Pack de expansão.


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