Chrono

David Simões, único criador e desenvolvedor de mais um videojogo "Made in PT", apresentou o seu jogo de estreia na Steam no dia 23 de outubro 2024 pronto para ser descoberto pelo inúmeros fãs de resolução de puzzles e enigmas que habitam este nosso ecossistema.

Chrono é um jogo single-player de puzzles na primeira pessoa que junta também elementos de jogos de plataformas 3D, onde podemos explorar de salas cheias de desafios onde para sair delas temos de interagir com as propriedades temporais dos objetos que nelas se encontram. Assumindo o papel de um android que tenta escapar de um laboratório o jogo tem um total de 7 níveis e à medida que vamos conseguindo resolver puzzles e passando de uma sala para a outra o nível de dificuldade vai aumentando. Na nossa mão temos sempre um comando de TV que faz toda a ligação entre essas propriedades dos objetos e a nossa capacidade de resolução de dilemas.

Esse "comando de TV" é a ChronoGun, um aparelho que nos faz poder controlar vários aspetos temporais da realidade e que é a peça central de toda a jogabilidade que Chrono nos apresenta.

Dizer que os jogos Portal da Valve foram uma forte inspiração para este projeto é ser gentil. Sente-se bastante na matriz de Chrono essa essência. Certo que aqui não se trata de abrir portais e brincar à volta dessa temática, mas apesar de as mecânicas serem diferentes, a sensação geral que se tira da interação com este jogo acaba muito por ser a mesma. É assim em relação à história apresentada que é mais uma nuance contextual do que outra coisa qualquer e é assim também em relação à jogabilidade que nos apresenta.

Os objetos que nos aparecem em cada sala têm o seu próprio movimento e percurso, cabendo ao jogador saber se acelera, abrande, ou até mesmo pare esse movimento de forma a poder acionar portas, deslocar-se a locais mais inacessíveis e até podemos mesmo andar para a frente e para atrás no espaço temporal desses objetos. Em relação à jogabilidade, Chronos foi capaz de me incentivar bastante numa fase inicial e nunca deixei de ficar interessando em relação à sala que vinha a seguir e que desafio iria-me trazer. O único senão foi mesmo a facilidade com que fui passando nível após nível.

Certo que o impacto que temos assim que chegamos a uma sala nova é sempre grande, principalmente nos últimos níveis, mas a falta de dificuldade entrou-me no sistema a meio do jogo e esse sentido já não me largou até ao fim. Algo que fiz questão de não dar grande relevo, mas que tenho de mencionar é a fraca qualidade do áudio dos diálogos e até mesma alguma falta de criação de contexto narrativo que esses mesmos poderiam proporcionar, que falharam em fazê-lo, tornando a história de Chronos algo acessória.

Chrono é um bom jogo de resolução de puzzles e que justifica plenamente o preço que é pedido por ele na loja Steam. A dificuldade dos puzzles irá variar de jogador para jogador, mas alguém experimentado neste tipo de videojogos não irá ter nenhuma dificuldade em passar este jogo até ao fim. Alguns percalços técnicos são plenamente justificáveis devido à natureza amadora deste projeto, mas estes não permitem que o videojogo se eleve nem se afirme em todo o seu esplendor.

Pesando os "prós" e os "contras", Chronos é um bom jogo para quem se quer iniciar no mundo da resolução de puzzles em forma de videojogo e tem um charme muito próprio que, embora vá beber demasiado à fórmula "Portal", torna prazerosa a nossa viagem por este mundo criado pelo David Simões.