Final Fantasy Pixel Remaster


Ah… Final Fantasy! Aquela série que me marcou para sempre, que nos seus lançamentos na PlayStation ajudou imenso a popularizar o género RPG, ao ponto que quando me viam a jogar um qualquer jogo do género, fosse um Breath of Fire ou Suikoden, perguntavam-me “que Final Fantasy é esse?”. Que, tal como muitos de nós, fui devidamente introduzido à série no seu 7.º capítulo, por muito que já a conhecesse por diversos motivos, o que me levava a aguardar, impacientemente, que surgissem novos vídeos ou imagens de Final Fantasy VII no Templo dos Jogos ou nas revistas de videojogos, daquelas que traziam uns CDs pretos recheados de demos.


Não estou aqui para falar novamente desse jogo… Que namorava a sua caixa branca quando o via na prateleira da Blockbuster aqui perto. Venho sim falar na coleção Final Fantasy Pixel Remaster, composta pelos seis primeiros jogos de Final Fantasy e que, tal como o nome indica, trata-se de um Remaster desses jogos, recriando fielmente cada um deles e aproximando-os ao estilo pixelizado característico, transportando-nos à era dos 16 bits na Super Nintendo, embora que metade destes jogos tenham sido lançados originalmente na NES. Coleção esta que saiu no Steam e dispositivos móveis em 2021 e desde então pairava a pergunta: "afinal quando é que isto sai nas consolas!?”. Uma longa espera que termina agora com o lançamento na PlayStation 4 e Nintendo Switch, que traz consigo algumas melhorias!

Estamos perante seis icónicos títulos, uns mais que outros, que nos transportam aos tempos em que Final Fantasy (FF) era uma série onde aleatórios heróis, alguns deles sem nome ou backstory, encontravam e seguiam as palavras de cristais, para salvar o mundo. Jogos que joguei vezes sem conta, em diferentes consolas, a que muito devo o meu gosto por RPGs. Numa altura em que, à exceção dos jogos online, a série fugiu de características mais tradicionais que a marcaram como os Jobs, compostos por Black ou White Mages, Warrior, Geomancer, Summoner, entre muitos outros, sabe bem alimentar esta nostalgia de quando a série tinha uma identidade bem vincada. Temos aqui das aventuras mais simples onde viajamos de masmorra em masmorra a enfrentar bosses, como em FF I ou III, a jogos com narrativas mais complexas como em FF IV e VI, ou até mesmo a bela junção de ambos os estilos em FF V, sendo provavelmente o jogo mais fiel à série na coleção. E não vou ignorar o detestado FF II, que por muito que tenha apostado numa narrativa mais complexa face ao primeiro jogo, ainda é favorito de ninguém, e agora têm a oportunidade perfeita de sofrer também um bocado. Sofrimento esse aliviado devido à mecânica de boost comum entre todos os jogos, uma novidade das versões das consolas.


Não são fãs do grind excessivo dos jogos antigos para subir de nível? Aqui podem aumentar, e muito, os pontos de experiência obtidos, tal como os de habilidades em alguns jogos. Falta imenso Gil (dinheiro) para comprar determinado equipamento ou magias, mas os monstros dão apenas 200 por combate? Aumentem o Gil recebido por cada vitória. Querem um desafio autoimposto e receber menos experiência e Gil? Também o podem fazer… ou até mesmo receber nenhum! Há doidos para tudo. Podemos ainda eliminar por completo as random battles, o que mesmo com loadings instantâneos encurta imenso a longevidade de cada um dos jogos. Mesmo que isto tudo seja opcional, estes jogos tornam-se mais acessíveis e convidativos para aqueles que os evitam, por serem jogos muito associados ao terrível grind que têm por detrás, que nos levam a investir muito tempo a subir de nível ou aprender determinadas habilidades… E ainda dentro do tema da acessibilidade, todos os jogos encontram-se localizados para português do Brasil, um convite adicional para o nosso público! Falta, talvez, uma espécie de guia que indique a localização do próximo objetivo em cada jogo. Não que seja difícil saber para onde ir a seguir, em cada um dos jogos, mas para quem não esteja tão habituado a RPGs retro, possivelmente era uma ajuda extra que evitava uma pesquisa online do que fazer a seguir.

Quando lançado em 2021, a principal crítica que víamos em Pixel Remaster foi a fonte escolhida para os jogos, difícil de ler e que em nada se enquadravam com os jogos em questão, levando-nos a procurar por métodos para usar melhores fontes. Questão essa agora resolvida ao pode escolher uma fonte mais retro, que se aproxima dos jogos originais, embora que ainda assim tenha problemas de leitura em momentos muito específicos. Outra das novidades é poder jogar com as suas músicas originais, opção que sinceramente ignorei por completo, até porque foi feito um trabalho incrível na recriação das bandas sonoras de cada jogo, elevando o sentimento épico de lutar contra Kefka ou Chaos, ou um maior sentimento de aventura enquanto exploramos os cenários dos jogos, sempre acompanhados com uma excelente dose de nostalgia.


Estamos, sem dúvida, perante um ótimo trabalho de preservar as experiências originais de cada jogo, trazendo-as para os tempos modernos e sem grandes problemas, seja a melhorar os visuais de cada jogo como a manterem-se fiéis às obras originais. FF VI é aquele que mais próximo está da versão original, mas acaba por receber um carinho especial ao contar com um upgrade na emblemática sequência de ópera, com visuais inspirados pelos jogos HD-2D trazidos pela SquareEnix, acompanhado por um belíssimo arranjo orquestral e vozes, um momento icónico e arrepiante, elevado agora a mil! Todos os jogos contam com pequenos detalhes visuais que os melhoram, elementos “impossíveis” de fazer nas versões originais, com muito do trabalho gráfico a ser aproveitado entre jogos, criando uma experiência coesa na coleção. Tendo jogado vários destes jogos nas suas versões da Game Boy Advance ou PlayStation, é curioso notar que foram aí buscar elementos visuais, principalmente nos cenários de combate, para esta nova versão. Mas infelizmente há muito mais que podiam ter trazido…

Aqui o termo Pixel Remaster parece ser levado à letra, numa série que é bem conhecida por fazer o que bem lhe apetece quando usa o termo “Remake”, “Remaster” ou qualquer coisa começada por “Re”. Para os fãs talvez não seja novidade nenhuma, mas existem imensas versões destes 6 jogos aqui presentes, desde ports a remakes, como por exemplo o primeiro Final Fantasy de 1987 que conta com mais de 10 versões diferentes ao longo das décadas. Vários destes jogos trouxeram conteúdos adicionais ao longo de lançamentos posteriores, desde novos monstros, dungeons ou até mesmo Jobs exclusivos de determinadas versões, extras que não estão presentes nestes Pixel Remaster. Com estas ausências sinto que não estamos perante as versões definitivas destes jogos, ficando apenas pela experiência mais fiel da versão base de cada um. A não ser, claro, que surja um novo lançamento de Final Fantasy Pixel Remaster, agora com os conteúdos adicionais, o que conhecendo o historial da série, não me chocava se tal acontecesse.


Há ainda a questão do preço da coleção, alvo de críticas por ser elevado, situação essa agravada pela escassez de cópias físicas que esgotaram da loja oficial, em meros minutos, deixando muitos sem a oportunidade de poder possuir esta peça de coleção. Existem alternativas para a versão Nintendo Switch, com um preço mais elevado, mas ficamos com a sensação de que a própria SquareEnix não acreditou no potencial de vendas de uma das mais icónicas séries de videojogos, com o lançamento do próximo jogo principal em breve. Desabafo feito, não consigo deixar de recomendar, mesmo que comprem estes jogos individualmente ao longo dos tempos, principalmente o trio de FF IV, V e VI que, ainda hoje, são bastante atuais.

Até porque para os fãs de troféus têm agora uma nova oportunidade de desbloquear tudo em seis Final Fantasy que podem conhecer de cor. Mesmo que estas conquistas não sejam propriamente algo que procuro, pode pegar na versão Nintendo Switch e jogar estes jogos em qualquer lado, é o modo que vou agora procurar para poder matar saudades de cada um dos jogos. Numa série que está quase a completar 40 anos de existência, é excelente ter um modo acessível para poder jogar as suas origens.


Terminando, esta é uma coleção das minhas séries favoritas e começar de novo o primeiro Final Fantasy, mesmo que já o tivesse feito vezes sem conta ao longo dos anos, levou-me de novo às memórias que tenho de quando fui a correr comprar Final Fantasy Origins para a PlayStation of Final Fantasy I & II Dawn of Souls para a Game Boy Advance. Mesmo com as suas falhas, é a coleção perfeita para conhecer as raízes da série, convidando fãs dos mais antigos aos recentes e, quem sabe, abrir a curiosidade de outros mais.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PlayStation 4, gentilmente cedido pela Rainmaker

Latest in Sports