Uma década de Final Fantasy XIV
Tudo começou aqui...
Voltemos então para agosto de 2013, quando acompanhava o lançamento deste reboot, algo que podia ser com o maior dos entusiasmos, mas não. Para mim este regresso foi um escape à realidade, passava uma das fases mais negras da minha vida, estando prestes a perder o meu pai numa luta impossível. Recordo-me vivamente de estar ao telemóvel a tentar reativar a minha conta e a dor de cabeça envolvida, até porque aquele sistema de contas ainda hoje é abominável. Na minha mente passavam muitas coisas, entre elas o jogo que havia experimentado em 2010, que me deixava reticente a esta nova oportunidade. Mesmo assim este regresso era exatamente o que precisava, tinha o jogo instalado e estava preparado para a aventura!
“Hum… será que o meu PC vai correr isto…?” pensei, até porque o ia jogar num portátil longe do indicado, nem possuía uma PlayStation 3, onde também estava disponível o jogo. O benchmark dizia que o conseguia jogar e, também, bastavam-me os gráficos no mínimo, só queria jogar e poder abstrair-me de tudo o que estava a acontecer à minha volta, explorar o mundo de Eorzea e seguir a sua história. Era a minha pequena grande janela para aquele mundo, para a minha fuga e, felizmente, mesmo nas raras vezes que o jogo parecia um slide-show, consegui-o jogar perfeitamente! Estava de novo num MMORPG, meses após ter “abandonado” World of Warcraft, na altura em plena campanha de Mists of Pandaria, estava preparado para me dedicar a este Final Fantasy.
Criei a minha personagem, tinha um arranque bastante solitário e antissocial no jogo, exatamente o que precisava e, mesmo sendo um jogo bastante social, nunca me senti obrigado a interagir com os restantes jogadores, fora em dungeons ou em momentos muito ocasionais. Eorzea cativava-me ainda mais desta vez, a sua narrativa forte, recheada de personagens que adorei acompanhar, fez com que me sentisse jogar um Final Fantasy tradicional, mesmo sendo um jogo online. No entanto… poucos meses depois deste tímido arranque, a minha vontade de o jogar acabaria por desaparecer de um dia para o outro.
Mudava também a minha postura no jogo, interagia com outros jogadores que habitavam Eorzea, sentia-me finalmente confortável lá. Foi assim que conheci gente de todos os cantos da Europa e não só, criei grandes amizades que perduram, que me recordam constantemente que lhes estou a dever uma visita ao Reino Unido, entre outros locais. São laços que podiam muito bem ter acontecido noutros sítios quaisquer por razões completamente diferentes, mas foi através deste jogo que tudo isto aconteceu. Mentalmente também fazia-me bem esta nova fuga, voltava o meu gosto em jogar videojogos, divertia-me, sentia que finalmente voltava ao normal e lutava contra mim mesmo a afirmar que não havia problema algum em divertir-me, muito pelo contrário.
Foi um jogo que cresceu imenso em poucos meses, a história crescia imenso, abrindo caminho para Heavensward, a primeira expansão do jogo. Toda ela foi incrível, mesmo os momentos que a precederam foram marcantes, criou um hype em mim como nunca tinha sentido num outro jogo. Estava num RPG tradicional que, por acaso, está dentro de um jogo online com milhões de outros jogadores. O que para mim mais se destaca no jogo é a sua história, rica em personagens, numa construção incrível de mundo que durou 10 anos e… ainda tem muitas surpresas reservadas. Ficava ansioso pela expansão devido à continuação da história, de saber para onde o jogo levava-me desta vez, o que ia acontecer naquele mundo e com aquele grupo fechado de personagens, os Scions, uma equipa muito semelhante ao grupo de personagens principais de cada jogo da série.
Estando então esta estrutura do jogo bem consolidada desde então, só tenho pena que, ao longo dos anos, alguns dos conteúdos foram reduzindo em quantidade, como o número de dungeons que vão sendo introduzidas. Também gostaria que apostassem numa campanha de pre-patch que aumentasse o entusiasmo à volta do jogo, semanas antes do lançamento de cada nova expansão, algo que World of Warcraft continua a fazer muito bem. Seria bem vindo, por exemplo, ter desbloqueado as novas classes semanas antes, o que provavelmente faria regressar os jogadores inativos e, mais importante ainda, dava-nos tempo para chegar ao nível máximo desses jobs, estando prontos para a nova expansão caso quiséssemos nos dedicar a elas desta vez.
No entanto algo que tenho sentido ao longo dos anos é uma melhor qualidade nos conteúdos, mesmo que todas elas sigam o mesmo padrão do início ao fim, mas suportam bem a história e o mundo que o jogo representa. Isto não seria um Final Fantasy sem os grandes marcos da série, como os summons que aqui adotam o nome de Primals, onde são muitas as referências a todos os jogos da série, mesmo quando pensamos que já espremeram tudo! São mesmo, mesmo muitas as referências ao resto da série, acabamos agora de sair de um arco de história dedicado a Final Fantasy IV, por exemplo, estando agora prestes a embarcar numa aventura que só pelos trailers, bónus de pré-reserva e algumas imagens de Dawntrail, Final Fantasy IX parece estar a receber o seu devido destaque, sem esquecer que também Final Fantasy XI, o outro MMO da série, vai também ter destaque aqui. Como fã da série é mesmo bom ver quando as referências são bem aplicadas, quando temos remixes de músicas dos outros jogos e, falando da banda sonora, Final Fantasy XIV está recheado de excelentes músicas, muito devido ao toque de mestria de Soken, o principal compositor.
Depois do sucesso que foi Heavensward abriu-se caminho para Stormblood, aquela que pode ser vista como a pior expansão de todas, mas longe de ser má, muito pelo contrário! Introduziu Red Mage, a minha classe favorita da série e que uso como principal na minha personagem desde então. Foi um lançamento atribulado, com problemas técnicos que ainda hoje marcam toda a fanbase do jogo, o que espero que tal não se volte a repetir no lançamento de uma futura expansão. Foi também aqui que me passei a dedicar mais ao jogo, mesmo que continuasse a ignorar os conteúdos onde tinha de dedicar ainda mais tempo, mas acompanho desde então as corridas pelos world first a ver quem as consegue acabar em primeiro lugar as raids disponíveis, através de criadores de conteúdos com uma dedicação forte ao jogo. Em Stormblood a história da expansão base deixou algo a desejar, mas criava os alicerces para o que se seguia, com os patches habituais que se seguem depois, através dos típicos patches que se seguiram melhoraram imenso a expansão! E… assim tudo estava a postos para Shadowbringers, ele que é o apogeu desta minha década em Final Fantasy XIV!
Depois do sucesso que foi Heavensward abriu-se caminho para Stormblood, aquela que pode ser vista como a pior expansão de todas, mas longe de ser má, muito pelo contrário! Introduziu Red Mage, a minha classe favorita da série e que uso como principal na minha personagem desde então. Foi um lançamento atribulado, com problemas técnicos que ainda hoje marcam toda a fanbase do jogo, o que espero que tal não se volte a repetir no lançamento de uma futura expansão. Foi também aqui que me passei a dedicar mais ao jogo, mesmo que continuasse a ignorar os conteúdos onde tinha de dedicar ainda mais tempo, mas acompanho desde então as corridas pelos world first a ver quem as consegue acabar em primeiro lugar as raids disponíveis, através de criadores de conteúdos com uma dedicação forte ao jogo. Em Stormblood a história da expansão base deixou algo a desejar, mas criava os alicerces para o que se seguia, com os patches habituais que se seguem depois, através dos típicos patches que se seguiram melhoraram imenso a expansão! E… assim tudo estava a postos para Shadowbringers, ele que é o apogeu desta minha década em Final Fantasy XIV!
Se há coisa que gosto de fazer, algo que vou repetir em Dawntrail é jogar a história principal de rajada para fugir a spoilers, algo que nunca imaginei fazer num jogo online, mas… aqui estamos, muito devido ao patamar que Shadowbringers elevou. Se a história até então tinha momentos incríveis, esta expansão que nos levou a explorar sítios inimagináveis do universo do jogo conseguiu superar tudo o que conhecíamos. Eorzea tornava-se um sítio pequeno, um modesto pedaço de terra que, mesmo já conhecendo bem, ainda tinha muitas surpresas escondidas. Muitas, mas muitas surpresas que Shadowbringers viria a desenvolver, enriquecendo de tal modo o jogo que, olhando para 2013, pensava estar perante um jogo radicalmente diferente. A sua história é fenomenal, não tenho outra palavra para a descrever, sendo ainda mais marcante por estarmos a acompanhar o desenvolvimento de todo um leque de personagens que acompanhamos ao longo deste tempo todo. E posso ter estado este tempo todo a enaltecer o jogo pelo que traz, mas, sem qualquer dúvida esta foi uma aventura que fui partilhando com muitos outros jogadores, um companheirismo que ajudou a enaltecer tudo o que experienciei ao longo da década.
Shadowbringers vinha também preparar tudo para aquele que é, talvez, o ponto mais fundamental do jogo desde o lançamento de A Realm Reborn… Se a expansão já era incrível em si, ela marcou o início do fim de um ciclo de uma década, terminando um enorme arco de história que começou em 2013, história que terminou com Endwalker. Esta foi uma expansão onde sabia para o que ia, mas não tinha noção da avalanche de surpresas e emoções que ia ter até ao seu final! Foram surpresas atrás de surpresas, uma montanha-russa de emoções aliada a temas que já outros jogos da série haviam explorado, como o niilismo ou o sentimento de perda, mas aqui feitos à sua própria maneira. No seu lançamento senti ser a melhor expansão que havia jogado em qualquer jogo, uma opinião (e mais importante, sentimento) que ainda mantenho, mas os patches que se seguiam foram uma espécie de filler arc contando uma história com zero ou poucas consequências para tudo o resto, deixando muito a desejar.
Shadowbringers vinha também preparar tudo para aquele que é, talvez, o ponto mais fundamental do jogo desde o lançamento de A Realm Reborn… Se a expansão já era incrível em si, ela marcou o início do fim de um ciclo de uma década, terminando um enorme arco de história que começou em 2013, história que terminou com Endwalker. Esta foi uma expansão onde sabia para o que ia, mas não tinha noção da avalanche de surpresas e emoções que ia ter até ao seu final! Foram surpresas atrás de surpresas, uma montanha-russa de emoções aliada a temas que já outros jogos da série haviam explorado, como o niilismo ou o sentimento de perda, mas aqui feitos à sua própria maneira. No seu lançamento senti ser a melhor expansão que havia jogado em qualquer jogo, uma opinião (e mais importante, sentimento) que ainda mantenho, mas os patches que se seguiam foram uma espécie de filler arc contando uma história com zero ou poucas consequências para tudo o resto, deixando muito a desejar.
A quem leu até aqui talvez tenha de dar o meu pedido de desculpas pelo longo texto, 10 anos a descrever tudo o que o jogo trouxe não é pera doce! Acima de tudo tenho de agradecer-vos, por lerem esta minha história com uma década de Final Fantasy XIV, um dos jogos que mais me marcaram na minha vida, quer por motivos pessoais mas também pela qualidade que tem vindo a mostrar. Se forem fãs este é, sem qualquer sombra de dúvidas, um jogo obrigatório, que podem explorar de forma totalmente gratuita até Stormblood, onde só aí estão servidos de umas belas centenas de horas de história e conteúdos, que podem fazer totalmente sozinhos (fora um ou outro pedaço de conteúdo) e, o mais importante, ao vosso ritmo. Não há pressa em concluir conteúdo, o jogo está sempre à nossa espera para quando quisermos avançar apenas “mais um bocado”.
Em memória ao meu pai, que para sempre me irá acompanhar nestas aventuras.
- Nuno Mendes, 2024