Elden Ring: Shadow of the Erdtree


Elden Ring foi um jogo que me marcou, juntamente com muitos outros, pois o fenómeno do seu lançamento foi notório. Foi o salto do género Soulsborne para o formato popular dos open-world o que, na altura, cativou-me imenso por já estar meio que farto da estrutura repetida dos restantes jogos da From Software. Foi também um fenómeno que me deu um prazer imenso acompanhar de perto, estar nele incluído e ir vendo muitos a jogar, a partilhar as suas experiências e ver o quão diferiam da minha. Após o terminar fiquei com vontade de ter mais Elden Ring, sabendo que um expectável DLC seria lançado eventualmente, algo que chegou com Shadow of the Erdtree!


Regresso às Lands Between, ou melhor, cheguei à nova região da Land of Shadow bem equipado e já com uns New Game + às costas após ter terminado o jogo base um par de vezes. Em retrospetiva não foi a melhor das decisões, pois a dificuldade do jogo aumenta, mesmo que não drasticamente, mas atirou-me com um desafio para cima adicional que não contava. Shadow of the Erdtree é difícil, bastante, sendo que a palavra certa continua a ser desafiante, onde se um boss não tomba à primeira vai à segunda, ou na vez seguinte, ou na enésima vez depois de umas boas horas preso em determinados adversários que me tiraram do sério.

Por muito que estejamos overpowered no jogo base muito disso torna-se irrelevante a partir do momento que damos o primeiro passo na Land of Shadow. Aqui há um novo sistema de scaling de todos os nossos atributos que nos limita e nos chama à realidade, onde um simples inimigo genérico é capaz de nos derrotar com um par de chapadas. Para retirar estas limitações, temos dois itens preciosos que vamos encontrando à medida que exploramos o mapa ou derrotamos os inimigos. O primeiro (e mais importante) são as Scadutree Fragments, pequenos pedaços da estranha Scadutree que nos melhoram os stats para tornar o jogo mais normal (e não impossível), itens que é suposto estarmos sempre a apanhar e usar, a não ser que quisermos um jogo praticamente impossível de jogar. O segundo item novo, igualmente importante, mas com menor impacto na dificuldade do jogo são as Revered Spirit Ashes que melhoram os nossos summons, entre outros detalhes.


Repito, são itens extremamente valiosos e que vão sentir um alívio sempre que os encontram, porque as primeiras horas no DLC são excessivamente frustrantes até reduzirmos as limitações que nos são aplicadas ao entrar na nova zona. Vão querer explorar o mapa, entrar numa autêntica caça ao tesouro à procura destes preciosos itens enquanto vão matando os inimigos que por lá vagueiam, que mesmo uma subida de nível não vá mudar a dificuldade radicalmente, vão sempre agradecer todas as ajudas, mesmo que quase inexistentes. É uma exploração recheada de perigos, a Land of Shadow atropela-nos como um autocarro desgovernado seguido por um comboio sem condutor, dos inimigos às novas surpresas que nos espreitam, esta é uma aventura que deixa marcas como não senti no jogo base.

Independentemente das dificuldades que encontrei, adorei todos os momentos que passei com Shadow of the Erdtree, incluindo as diversas frustrações provocadas por muitos bosses, muitos que me fizeram investir várias horas de jogo, principalmente por um que não vou mencionar, mas pode ou não estar a montar um javali. Se há regra que apliquei a mim mesmo é não me afeiçoar às Souls (Runes) que ia adquirindo, até porque precisava de umas boas centenas para subir de nível e constantemente dizia adeus às que tinha deixado perdidas no mapa, por morrer. Livre dessas amarras dei por mim a ter uma experiência mais tranquila, sem subir de nível praticamente o DLC todo, o meu foco estava em explorar todos os cantos à procura das Scadutree Fragments para aliviar a minha frustração constante e, principalmente, estar menos ansioso a lidar com os bosses.


Para alimentar este desejo por explorar a Land of Shadow é gigante, o mapa estende-se de tal forma que parece um jogo completo em si. Em parte sim, é um mapa maior que muitos jogos que joguei, onde também incluo open-worlds, mas, por muito que seja um mapa enorme, várias foram as zonas que atravessei onde nada encontrei, estavam vazias de itens, inimigos e bosses, servindo como uma espécie de local de passagem para sítios onde efetivamente acontecem coisas. Senti que aqui houve um desperdício de potencial, com cenários lindos, mas livres de qualquer atividade, que podiam ser melhor aproveitados. Não que este seja um jogo curto, demorei cerca de 30 horas até o concluir e sem momentos mortos, mas senti falta de uma ou outra coisa, como, por exemplo, as Legacy Dungeons onde passamos muito do nosso tempo em Elden Ring. Aqui são bem mais curtas, simples e parecem apenas masmorras com um ligeiro aumento de complexidade.

Perde-se algumas coisas, mas ganhamos outras e se há palavra que tenho para descrever muita da exploração aqui é “labirinto”. Várias foram as zonas ou locais onde me perdia e dava por mim a ir parar a sítios completamente inesperados do mapa, muitos foram os locais em que pensava que o caminho mais lógico para progredir estava mesmo ao meu lado, para me aperceber que afinal tinha de voltar bastante atrás no mapa, prosseguir por outro local e ir parar onde realmente queria ir. Foi uma abordagem interessante, não esperava tal coisa e fez com que me dedicasse mais a explorar minuciosamente os mapas, com segredos que se não fossem as mensagens deixadas por outros jogadores, nunca saberia como prosseguir.


Temos também novidades da jogabilidade, um grande aumento de arsenal com armas completamente novas que mudam o nosso estilo de jogo, equipamento que devemos usar para lidar com todos os novos perigos e magias ou habilidades que eu agradeço imenso a sua inclusão. Não é simplesmente um caso de aumentarem o mapa e adicionar uns quantos bosses, há mesmo um jogo novo aqui presente feito a pensar nos fãs da série. Mesmo grande parte dos bosses são totalmente diferentes quando comparados aos que já tínhamos enfrentado, há uns que fiquei a pensar “o que raio de mixórdia de coisas é esta” e outros que me pareciam simples até acordarem a meio do combate e decidirem dar-me uma surpresa.

Há talvez uma única desilusão neste aspeto que, infelizmente, é mesmo o Messmer the Impaler, a figura de destaque de Shadow of the Erdree. Talvez por culpa minha por atirar expectativas ao jogo demasiado elevadas, pois sempre olhei para ele como a nova Malena, só que mais difícil e, na realidade, foi o oposto. Foi dos inimigos que menos problemas me deu, derrotei-o ao fim de algumas vezes sem grandes problemas, sem a necessidade de o abandonar para voltar mais tarde. Em comparação, houve outros que me tiraram do sério, que os enfrentava como se fossem um boss final, tal era a sua dificuldade. Algo curioso entre todos estes inimigos é que não esperam, mal entramos na sala atacam-nos passados segundos, sem esperarem por nós para invocar a nossa Spirit Ash de eleição. Eles sabem do perigo que enfrentam e não nos dão tréguas!


Elden Ring: Shadow of the Erdtree é um DLC que irei repetir no futuro, talvez numa sessão de jogo desde o início (sem New Game +) partindo para a Land of Shadow antes de enfrentar o boss final do jogo base, jogando-o como um jogo completo que agora está ainda mais recheado. Não é o conteúdo perfeito, mas quase, sendo obrigatório para os fãs da série ou aqueles que adoraram Elden Ring, sabendo que podem encontrar aqui muitas horas de frustração, respeitando sempre a filosofia de tentar novamente até conseguir passar!


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Xbox Series, gentilmente cedido pela Playnxt, e na versão PC adquirida pelo autor do artigo.

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