Gestalt: Steam & Cinder


Uma das minhas principais lacunas, enquanto alguém que neste canto da internet fala de videojogos, é jogar indies. É uma falha grave minha, admito-o com todas as palavras, sendo algo que espero vir a corrigir com o tempo, pois mesmo que jogue um ou outro indie sinto que me devia dedicar mais aos mesmos. Foi assim que abracei Gestalt: Steam & Cinder, um metroidvania 2D que embora seja um género de jogo que estou mais que confortável em jogar, é daqueles que tenho tendência a ignorar.


Mergulhamos num mundo pseudo steampunk no papel de Aletheia, mercenária (isto é, Soldner) com um passado misterioso que recebe uma peculiar energia que a permite interagir com mecanismos e máquinas ao nosso redor. O palco é a cidade de Canaan, subterrânea cuja energia provém do vapor que ao explorar é aí algo inesperado acontece, recebemos um estranho poder enquanto assistimos a visões, ficando a dúvida se são memórias, visões ou sonhos. O tema aqui é mesmo a eletricidade, criando um mundo bastante interessante para o jogo onde máquinas, engenhocas e seres vivos coexistem.

Mas vamos por partes… embora o termo metroidvania encaixe bem na descrição deste jogo, ele é mais um RPG com muita ação e plataformas, onde vamos melhorando as nossas capacidades enquanto Aletheia vai aprendendo novos ataques e habilidades. Não é tanto o tipo de jogo em que andamos para a frente e para trás a descobrir atalhos ou a finalmente ganhar aquilo que nos vai desbloquear uma porta por onde já passamos várias vezes, abrindo-a finalmente e ganhar acesso a toda uma nova zona. Isso acontece, geralmente abrindo caminho ou ativando certas coisas que nos abrem caminho nos locais onde estamos naquele momento, nem tanto para descobrir novos mundos, mas sim reduzir o tempo que andamos a passear por aquele local.


Se há jogo, ou série, que por várias vezes lembrei-me enquanto jogava Gestalt: Steam & Cinder foi Mega Man Zero. Não sei se por causa da estética ou pelo facto que também na série da Capcom acabamos por explorar uma cidade e base subterrânea. Ao nível de jogabilidade senti-me em casa, parecia estar de novo em Castlevania: Symphony of the Night a controlar Alucard, a deslizar níveis fora enquanto atacava tudo o que se mexia. A jogabilidade é viciante, precisa, facilmente usamos todas as habilidades de Aletheia sem nunca ficar assoberbados a pensar onde e quando devemos usar ataques específicos. Apenas com uma espada e uma arma conseguimos fazer tudo, mesmo perante puzzles que inicialmente parecem complexos, mas facilmente encontramos a solução.

Viciante, mas nem tudo na jogabilidade é perfeita. Tive situações estranhas com mortes que ainda hoje não percebi o que aconteceu, as paredes (tal como o chão e teto) em si só nos servem para barrar caminho, pois podíamos atacar através delas como se nada fosse. Os bosses em si, parecem interessantes até nos apercebemos que repetem os seus movimentos o combate inteiro, com alguns cuja principal dificuldade são os pontos de vida que têm. O próprio mapa deixa algo a desejar, linear, mas ainda assim por vezes confusos sem grande indicação ou peca pela falta de informação fundamental, com uma navegação no menu do mapa em si que sofre de alguns problemas de interface. São questões que não me chatearam muito, honestamente, são pequenos pontos completamente ofuscados pela jogabilidade bastante divertida que me agarrou no jogo.


Este nem é um jogo longo, duas tardes bem passadas são o suficiente para o terminar, sendo mais curto que muitos jogos que estou habituado, mesmo no género ação, aventura ou metroidvania. Ainda assim a história consegue ser contada, através de bastante diálogo entre personagens e algumas sequências. Há muito a descobrir no jogo, uma skill tree para desbloquear vários ataques, juntamente com mais pontos de vida, energia ou melhorar o ataque, para os momentos de ação contínua enquanto atravessamos as várias salas do mapa, de uma ponta a outra. Também ajuda o jogo estar disponível em português, por isso mesmo aqueles que possam ter algum receio por ser um jogo complicado, nada disso!


Se forem fãs de metroidvanias, ou até mesmo jogos de ação 2D com um forte apelo ao retro, com plataformas à mistura, Gestalt: Steam & Cinder é um bom jogo a considerar por tudo o que oferece. Não vai ser aquele jogo que vai revolucionar o género, ainda assim, divertiu-me do início ao fim!



Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para Steam, gentilmente cedido por JF Games e Fireshine Games.

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