Creatures of Ava

Creatures os Ava é uma experiência familiar e portanto, confortável. Quem nunca passou horas à procura de criaturas adoráveis em mundos vibrantes e cheios de alegria, com o intuito de as colecionar? Em Creatures of Ava a premissa é parecida embora o objetivo principal seja um pouco diferente. Está é uma experiência que transborda carinho, que carrega consigo uma história tocante, mostrando aos jogadores a importância dos laços entre individuos, compreensão pelas diferentes ideologias e por fim, o ciclo de vida e a sua auto regenaração.

Como não poderia deixar de ser, o jogador preencherá o ecrã como a personagem principal desta aventura, fazendo as ações de Victoria Hamilton, uma cientista ambiental a trabalhar numa organização intergaláctica, as suas ideias. A missão da equipa de “Vic” é a de salvar o vibrante planeta Ava, de uma infeção chamada “The Withering”. Para isso é necessário evacuar toda a sua fauna e flora para uma espécie de Arca de Noé, antes que tudo fique corrompido. Pautado pela resolução de pequenos puzzles, inteiramente ligados à utilização das várias criaturas disponíveis em cada região, existirá momentos de reflexão na sua resolução, mas também momentos de ação, onde o confronto contra as criaturas será inevitável para as libertar da infeção que assola todo o planeta.

Creatures of Ava é principalmente uma aventura focada na história, no entanto, o seu gameplay está perfeitamente conectado com o enredo, criando assim um conto mágico e super imersivo. Após aterrar no estranho planeta de Ava, Vic encontra uma espécie de bastão com uma aura mágica, intitulado de Nafitar, que utilizará para curar as criaturas infetadas pelo "The Withering". Após as libertar do controlo deste controlo maligno, Vic terá a possibilidade de as encantar ao tocar a sua música específica. Cada criatura terá consigo um par de habilidades que as torna distintas das restantes e que ajudará o jogador nas mais diversas tarefas. Sejam elas a de empurrar pedaços de pedras bastante pesados, saltar em plataformas viscosas, ou abrir caminhos que permitem a passagem terrestre para outras áreas.

O combate em si é fácil de entender. Envolve o uso do Nafitar, para disparar um raio de luz que envolve as criaturas numa aura curativa, e ao fim de x tempo as liberta da infeção. No entanto, nem tudo é simples, já que existem criaturas mais fáceis do que outras. Ainda assim, Vic pode prender várias criaturas no seu raio ao mesmo tempo, criando um jogo fascinante de controlo e posicionamento. Ao sofrer dano este raio será descontinuado e assim o jogador terá de repetir o processo de cura.

Para além das criaturas, os habitantes de Ava que conseguem comunicar com os humanos, os Naam, uma raça com traços de humanos e coruja, carregam consigo o pesado fardo da sua história. A narrativa é contada por meio de missões secundárias onde o jogador ajudará cada individuo a resolver o seu conflito, com culminará numa melhor compreensão da sua missão. Cada Naam, seja ele o mentor de cada tribo ou não, rapidamente se torna numa personagem memorável e marcante para o jogador. É possível compreender-se cada traço de personalidade a transparecer pelas linhas de texto, criando uma atmosfera divertida e emocionante ambientada por pinceladas de cores aconchegantes de tons de verde, roxo e cor de rosa.

Um dos pontos negativos que tenho a apontar é o seu ritmo. Nas minhas quase 15 horas de jogo, e após muito conteúdo secundário, dei por mim na última área, apenas a interessar-me por completar a missão principal, muito por culpa das missões secundárias francamente aborrecidas onde é necessário andar bastante para chegar ao seu término. Sim, existem pontos onde é possível fazer-se fast travel, mas ainda assim. O mundo, ainda que com limites, dá a sensação de um mundo aberto, e ainda que não existam relíquias para se colecionar, é possível fazer upgrade à personagem, como o número de objetos que se podem colocar na mochila que Vic carrega às costas, ou aumentar a barra de vida da mesma. Outro ponto negativo foi a sua performance, em certas áreas é possível ver-se alguns soluços na imagem que de todo não é conveniente.

Resumindo, Creatures of Ava apresenta-se como uma experiência adorável com uns twists a nível de história interessantes que culmina num final pesado. A sua inspiração em títulos da Nintendo é bastante sentida, mas a sua devoção ás personagens marcantes e atmosfera aconchegante dá todas as ferramentas para se distinguir dos demais títulos deste género.