V Rising



Se há género de jogo que eu não jogo, de todo, são survivals. Não me atraem, estamos constantemente às cegas à procura de recursos, equipamento ou toda uma panóplia de itens para sobreviver é o tipo de jogabilidade que me aborrece passados poucos minutos. Sei, no entanto, que o género tem vindo a evoluir consideravelmente e são cada vez mais os bons jogos a considerar, mesmo para quem não seja fã do estilo de jogo, explorando algumas fusões com outros géneros, atraindo possíveis novos fãs. V Rising encaixa aqui perfeitamente, sendo um jogo que me puxou para finalmente jogar um survival, que agora tem um lançamento completo após o seu período de early access!


Neste jogo de sobrevivência somos um vampiro que despertou do seu longo sono, fraco e indefeso enquanto tenta sair da cripta onde teve o seu longo repouso. Todo o mundo à nossa volta foi crescendo e nós, indefesos, temos de sobreviver não só contra os vários perigos que nos esperam no exterior como adversidades pouco comuns em survivals, sendo neste caso, a luz do sol. Como bons vampiros (tradicionais) que somos, alguns segundos expostos à luz solar é a nossa morte, tendo que nos esconder nas sombras à procura de refúgio.

Além da exposição solar, a nossa sobrevivência passa por apanhar criaturas desprevenidas para beber o seu sangue, um recurso valioso que muda dependendo da nossa vítima. Além dos vários animais e criaturas perigosas temos todo um leque de humanos que nos atacam impiedosamente, que dependendo se são soldados, trabalhadores ou até mesmo scholars o seu tipo de sangue muda, dando-nos atributos diferentes com focos na força, agilidade ou a força dos nossos feitiços. Foi um detalhe que me puxou, esquecia-me por vezes que jogava um survival e estava simplesmente a jogar um RPG de ação, muito inspirado em Diablo ou até mesmo Blood Omen: Legacy of Kain, um clássico da minha infância que joguei inúmeras vezes.


Ainda assim, eram muitos os elementos que me recordavam do género de jogo em questão e, como não podia faltar, há uma constante procura de recursos como pedra, madeira ou peles de criaturas a apanhar se queremos progredir no jogo. Além do equipamento que vamos adquirindo, melhorando a nossa destreza em combate e a nossa sobrevivência, há muita coisa para construir se queremos ser um grande vampiro, temido por todos. Logo nas primeiras zonas que exploramos temos de construir o nosso refúgio, uma pequena base para esconder o nosso caixão se quisermos repousar longe do perigo, que construímos assim que tivermos recursos suficientes ao andar a destruir pedra e árvores, entre outros pedaços do cenário.

É aqui que também podemos construir máquinas de refinamento, transformando itens noutros mais valiosos, que nos permitem adquirir melhores peças de equipamento ou melhorar a nossa base que, das pequenas casas escondidas entre árvores, acabamos por construir verdadeiros castelos em melhores zonas do mapa. Há uma progressão algo demorada no jogo, longe de ser entediante, pois temos todo um conjunto de missões que nos guiam ao longo da aventura, para nunca perder o foco. Foram estas missões que me agarraram, pois, um dos pontos que não me atraem em survivals é um completo sentimento de abandono onde temos de nos desenrascar e ir sobrevivendo porque sim, sem qualquer objetivo.


A nossa sobrevivência é também garantida através de habilidades que vamos desbloqueando aos poucos, como ataques especiais para as nossas armas, várias magias de diferentes tipos e ainda um conjunto de transformações onde nos podemos tornar em diferentes animais, como ursos, lobos, aranhas ou… sim, morcegos! Há vários builds a explorar, encontrando aquele que se adequa melhor ao nosso estilo de jogo e são vários os desafios que nos colocam à prova, levando-nos a explorar outras habilidades até encontrar a ideal. Tudo isto assenta numa exploração constante do mapa, procurando os melhores sítios para construir as nossas bases e encontrar as nossas vítimas, pois nunca nos devemos esquecer que somos vampiros e temos de estar sempre à procura de sangue.

Visualmente este também é um jogo muito bem conseguido, tem um estilo artístico que me atraiu de imediato e sequências de história belissimamente ilustradas. Neste aspeto tudo funciona bem, desde a personagens que criamos que, por si, tem um estilo muito cartoon atirada para cenários mais góticos, mas longe de tocar no fotorealismo. É diferente, afasta-o completamente da maioria dos survivals que simplesmente se baseiam num estilo realista, usando assets básicos que se repetem entre jogos de vários estúdios, sendo esta constante reutilização de coisas outro dos pontos que me afastam do género.


V Rising foi, assim, o jogo perfeito para me tirar da zona de conforto e jogar um survival, género que nunca senti qualquer vontade de explorar “a sério” depois de várias tentativas frustradas em que fiquei apenas aborrecido. O sistema de combate, a perspetiva isométrica que me fazia constantemente pensar que jogava algo mais próximo de um Diablo, as missões que me guiavam enquanto ia explorando os mapas do jogo agarraram-me, ao ponto que agora olho para o jogo com uma melhor compreensão e penso “se calhar, está na altura de o começar do início novamente”!


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para Steam, gentilmente cedido pela Stunlock Studios e Keymailer.

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