Dicefolk


O mês passado tivemos o lançamento de mais um roguelike, este de estratégia, pelas mãos do Tiny Ghoul e da Leap Game Studios. Dicefolk coloca-nos no papel de uma jovem invocadora de monstros (aqui chamados de quimeras), de nome Alea, que procura ter um papel mais proactivo na defesa da sua terra. Ao contrário dos restantes invocadores, Alea apercebe-se do iminente regresso de um velho inimigo da humanidade, o feiticeiro maligno Salem, que em tempos quase os dizimou, ao apoderar-se das quimeras mais poderosas, para o seu uso. Após esses eventos, o vilão dorme um sono de 300 anos, bem no coração da montanha Eborian. Um sono do qual parece estar a despertar...


Alea, membra dos Dicefolk, usa uns dados mágicos especiais para controlar as suas quimeras e também influenciar as acções das quimeras adversárias, de forma a conseguir evitar o maior dano em combate possível. O jogo apresenta-nos quatros talismãs diferentes, que por sua vez representa as rotas a tomar no nosso caminho para Eborian. O primeiro talismã ou área, é a do guerreiro, nas quais temos as quimeras mais fortes fisicamente falando, para encontrar. Essas quimeras podem ser encontradas nos diferentes santuários, que iremos encontrar no mapa-mundo.

Há um total de 18 quimeras para encontrar nesses locais da primeira área. O talismã do guerreiro divide-se ainda em três mapas, que devemos explorar de forma a encontrarmos não apenas quimeras que melhor se enquadrem com a nossa estratégia, mas também itens para melhorar as suas habilidades e novos dados mágicos que nos permitam ter mais opções no que ao combate diz respeito. A progressão reside ao progredir nos mapas dos talismãs e ganhar acesso aos seguintes, talismãs estes de guerreiro, tempestade, raiva e, por último, da dor. Como seria de esperar cada uma destas áreas dispõe das suas próprias características e quimeras para lutar e recrutar! A natureza roguelike do jogo releva-se no facto dos mapas (e o seu conteúdo) serem sempre diferentes cada vez que iniciamos um novo jogo. Muitas destas áreas terão que ser concluídas mais que uma vez, sobretudo se quisermos ter acesso às melhores quimeras, desafio este sempre presente para o jogador.


Cada quimera é distinta uma da outra, tendo as suas próprias habilidades, as quais podem ser activadas em combate, via a realização de condições muito específicas. As primeiras quimeras que temos à nossa disposição, os Beloids, não são particularmente poderosas no que diz respeito a essas habilidades, contudo podem ser melhoradas com o recurso a itens, que visam aumentar o status das mesmas, e que surgem na figura dos diferentes tipos de cerejas que iremos encontrar no jogo.

Outra forma de melhorar as quimeras reside no equipamento que iremos encontrar (ou comprar). De início apenas temos uma slot para o dito equipamento, mas há medida que formos jogando conseguiremos ter mais slots e com isso melhorar consideravelmente a nossa quimera. Cada quimera tem um coração verde, que representa a sua energia vital, e uma espada representativa do seu poder de ataque. As quimeras podem receber boosts dos seus aliados (ou via a mecânica dos tokens mágicos de Alea), que lhes permitirá regenerarem-se, defenderem-se de um ataque, aumentar a sua força, entre outras coisas, boosts maioritariamente temporários que duram uma ronda do combate.

De igual modo, as quimeras podem ser afligidos por boosts negativos, que podem ser provocados por ações dos adversários ou pela utilização de um item amaldiçoado, que podem ser de sangramento (que nos deixa a perder energia a cada turno), confusão, sono, congelamento, entre muitas outras. A nossa equipa de três quimeras, onde escolhemos uma dela para ser o líder do trio, está assim preparada a enfrentar adversários que podem variar de uma quimera solitária a mais de três. Sendo que esta última situação ocorre raramente nas primeiras zonas e funciona com quimeras a substituírem as caídas em combate (menos o boss).


As lutas terminam se estiverem realizadas uma de duas condições, obtendo preciosos itens e dinheiro pelos inimigos derrotados: todos os elementos de um dos lados tiverem sido vencidos ou se o seu líder tiver sido abatido, sendo possível vencer uma batalha e perder uma ou duas quimeras, a menos que uma delas seja o dito líder onde nesse caso temos um game over. Mas podemos relaxar, pois as quimeras derrotadas podem ser recuperadas sempre que encontrarmos uma fogueira no mapa. Aqui poderemos optar por curar a quimera, melhorar o seu status ou aumentar o seu limite para usar itens. Falando mais do mapa-mundo, que consiste no grosso do jogo, este tem múltiplos pontos para explorar.

Temos locais representados com espadas cruzadas, que indicam as chamadas lutas normais e as de elite, estas que colocam-nos frente a frente com um adversário mais ardiloso. Temos as caveiras, no qual está localizado o boss do mapa que ao vencer avançamos para o próximo mapa. Seguem-se as arcas amaldiçoadas (e as mãos de pedra) que contêm itens poderosos, mas estão enfeitiçados, o que poderá ter consequências nefastas para as nossas quimeras, se estas os usarem. De referir que estes itens não podem ser retirados e só irão desaparecer se a quimera que os tiver na sua posse for substituída por outra.

Encontramos também outras arcas, estas sem maldição alguma e com itens, moedas e cerejas para recolher, sendo que os arbustos de cerejas são outra forma de conseguir as mesmas (estas são usadas para curar as quimeras ou melhorar o seu status). Os itens, por sua vez, podem ser conseguidos ainda pelo mercador ou ao vasculhar escombros e tendas abandonadas, isto se não quisermos pagar para as obter. Ainda através da loja, teremos acesso a itens, dados e tokens, se tivermos dinheiro o suficiente para as adquirir. Por sua vez, a figura do martelo oculta a forja do jogo, através da qual podemos costumizar os nossos dados mágicos e conseguir tokens.


Os já referidos santuários permitem-nos obter novas quimeras. Aqui existem um total de três quimeras, das quais apenas podemos escolher uma, o que tornará os restantes santuários numa espécie de baús de tesouro (se ainda restar algum, isto é). Existe outra forma de conseguir quimeras, que passa por a obtermos via a escriba onde pagamos uma pequena quantia e veremos uma nova quimera emergir de um pergaminho. Estes locais não podem ser acedidos novamente, uma vez usados, sendo que a excepção à regra vão estar na forja e na loja, que podem ser acedidas as vezes que quisermos, enquanto estas tiverem produto para venda.

Agora vamos deitar o olho a duas mecânicas de jogo, o uso dos tokens e dos dados. Os tokens podem ser usados pelo jogador como forma de auxiliar as suas quimeras em combate, tokens de natureza defensiva, ofensiva ou de cura, dependendo da sua cor. Já os dados constituem o grande ponto de interesse deste jogo, existem divididos em três tipos: ofensivos, de movimento e os de defesa. Os ofensivos são de ataque normal, o de ataque desesperado (que tem como consequência a paralisia, por um turno, da nossa quimera), o do ataque à distância (que permite atacar outras quimeras além da que está à nossa frente) e do ataque cruzado (que provoca danos em ambos os intervenientes). Os defensivos são de reforço da força (aumenta o poder de ataque da nossa quimera) e da defesa (um escudo que bloqueia um ataque adversário). Por último temos os dados de movimentação, que permite-nos alternar entre as três quimeras.


Terminamos com um pequeno grande twist no jogo, pois ao contrário do que podemos normalmente ver noutros jogos, em Dicefolk também controlámos os dados do oponente! A forma como os usámos (e aos nossos) irá determinar o quão longe iremos nesta aventura. Ao nível de música, esta é standard para o género, acompanhada de gráficos bastante simples, assim como os cenários, mas o design das quimeras e dos diferentes npcs que iremos encontrar são bastante inspirados e interessantes. A natureza roguelike do jogo torna-o imprevisível, mas viciante. Com certeza, iremos perder muitas e muitas horas a tentar encontrar o trio perfeito com o qual conseguiremos a vitória.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Switch, gentilmente cedida pela Leap Game Studios.

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