The Last Alchemist


Por mais fantásticos e prazerosos que os títulos de automação possam ser para alguns, este é um género que nunca foi apelativo para mim. Para o meu espanto, e após ter visto The Last Alchemist pela primeira vez na minha timeline do X, antigo Twitter, deparei-me com uma experiência que transborda carinho e uma especial atenção à narrativa picotada por um ambiente envolvente num mundo mágico, pois que de outro modo se pode falar com criaturas que se parecem com cogumelos?

O primeiro impacto visual deste título é algo retirado de um livro de fadas, com as suas cores calmas e ambientes envolventes. No entanto, sofre-se logo pelo peso da sua narrativa. A história vê a personagem principal, um alquimista aposentado de tais tarefas à algum tempo, afligida por uma doença que já lhe levou a sua perna e pretende agravar a situação com o decorrer do tempo. De mãos atadas e sem solução à vista, a sua última gota de esperança está nas mãos do seu antigo mentor. Para isso terá de regressar a um local onde já foi bastante feliz e pedir indicações ao seu velho amigo. Acontece que o seu mentor infelizmente faleceu e deixou o seu antigo laboratório à mercê de quem o encontrar. Com a bandeira de último alquimista hasteada, o jogador terá assim de arregaçar as mangas e meter mãos à obra para procurar uma cura antes que seja tarde de mais. Mas sem pressas, já que em nenhuma ocasião este título colocará pressão de tempo no jogador, sem ser a noção de dia e noite, e claro está, a barra de energia que se chegar a zero o nosso protagonista acordará na sua bela e grandiosa cama.


De facto este é um ponto que entra em dissonância consigo próprio. A história trata o assunto da doença por tu, onde é o próprio jogador o único que poderá prevenir um desfecho fatal da personagem, com a progressão da doença. No entanto, dá todo o tempo para a exploração do mundo e realização das consequentes tarefas. Dito isto, a história é interessante e completamente bem estruturada, as personagens apresentam o seu charme tanto pelo estilo gráfico com pelos traços de personagens que deixam antever pelas linhas de diálogo.
 
O mundo não é demasiado grande, mas apresenta imensos recursos para colecionar, e locais para abrir com o desenvolver da história. Mesmo sem fast travel e com uma prótese no local da perna, a personagem move-se bastante rápido, ainda que sem a habilidade de salto, ainda que não veja a necessidade da inclusão da mesma, já que não existe qualquer tipo de combate contra uma força inimiga. Pode parecer um pouco como uma tarefa, o facto de se ter de deslocar a um sítio para colecionar o ingrediente específico para a combinação de ingredientes necessária para a mistura, mas desbloquear zonas do mapa novas torna a coisa um pouco mais apetecível.


Neste mundo, não existe nenhum contratempo que não possa ser solucionando com alquimia. Desde colecionar pedra de zonas de minas, desbloquear caminhos outrora inacessíveis, tudo com ajuda de ferramentas especificas e a combinação perfeita para cada atividade. Aqui é que entra a vertente de puzzle de The Last Alchemist. É necessário fazer-se umas pesquisas das combinações de cada recurso colecionável para obter a forma correta. É sem dúvida necessário perder-se um pouco de tempo a perceber o tipo de ligação necessário. No fim, torna-se o processo gratificante tal como solucionar um problema de matemática. Ainda assim, existem algumas ferramentas que facilitam a mudança de menus, como utilizar a habilidade de fazer pin do recurso e ligação que é necessário para não se perder o fio de pensamento. O mesmo se aplica à vertente de construção de mobília, que dá ao jogador o pincel a tela para tornar tudo um pouco mais acolhedor.

Infelizmente a mecânica de "drag and drop" não me satisfizeram totalmente. Ao abrir o menu para colocar o recurso necessário na mesa de mistura, é especialmente clanky colocar o objeto no referido ponto. Deparei-me muitas vezes a deixar cair o dito no chão ou invés de no local específico para o efeito.

The Last Alchemist, de certa forma poderá ser um pouco tedioso no que toca à coleção dos recursos necessários para as misturas. É fácil perder-se a mistura para uma combinação que não é a que se pretende e de maneira nenhuma é possível recuperar os elementos após a mistura. É um never ending cycle, uma vez que esta é a principal mecânica para progressão neste título.


Mesmo com estes pequenos soluços na progressão da história, o tempo que passei a interpretar o papel do último alquimista foi divertido. As soluções para os puzzles são suficientemente interessantes para parar o jogador do frenesim da procura de recursos, fazendo assim as delícias dos mais curiosos destes dois géneros.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para Steam, gentilmente cedido pela Decibel-PR.

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