The Thaumaturge


Existem diversas máquinas do tempo, como livros, peças de teatro/tv, e como neste caso, jogos de vídeo, que possibilitam aos seus recetores beber um pouco da história passada em determinado momento da história da humanidade. The Thaumaturge serve como porta para um período turbulento num país de leste que infelizmente traz à memória acontecimentos bastante presentes de invasão de território nos dias de hoje. Este título apesar de não se focar no assunto, passa a ideia de como se vivia num país de Leste, mais propriamente em Varsóvia, Polónia, do século XX.
A história de The Thaumarturge conta em primeira pessoa, as vertentes sobrenaturais de Wiktor Szulski, um homem preso ao vício do orgulho. Estas caraterísticas menos positivas dos traços pessoais, são classificadas como "Flaws" que chamam à atenção de entidades sobrenaturais. Os "Salutors" são entidades mitológicas presentes no folclore que seguem as suas presas com o intuito de aumentar as qualidades negativas para níveis que podem escalar para extremos violentos. Wiktor, vem de uma longa linhagem de thaumaturges, pessoas que detêm o poder de ver e exorcizar estas entidades dos humanos. 


Não tendo a melhor relação com o seu passado, mais propriamente com o seu pai, que o afastou de casa muito novo, a nossa personagem principal vê-se por linhas de texto que o fazem regressar ao local onde viveu na sua infância e o viu crescer pala fase da adolescência. Os traços da sua personalidade arrogante, são explicados durante a história e justificados pelas suas capacidades fora do comum quando comparado com os seus companheiros de profissão. Cada Thaumaturge apenas pode trazer consigo a presença de um salutor, correndo o risco de passar para um ponto de perda de controlo sobre a sua própria sanidade. Wiktor é extremamente especial porque para além de ter esta habilidade fora do comum, consegue deter o controlo de várias entidades que o ajudam até nos momentos de combate entre linhas de história. Ainda assim, sendo este um título onde de certa forma as respostas importam, é efetivamente possível apresentar alguns tipos de respostas que se adaptam à perceção do jogador.

Ao longo da história é possível retomar o contacto com pessoas velhas conhecidas de Wiktor, que agora se apresentam de forma um pouco diferente, sendo que se passaram alguns anos após a última vez que se cruzaram. Ainda assim, sendo uma personagem muito reservada, é possível denotar-se o afeto que tem pela sua irmã e o aproximar de Gregori Rasputin, o autoproclamado homem santo e uma figura politicamente influente do final do período imperial. Com o seu poder curativo de hipnose, consegue ajudar Wiktor a manter a sua sanidade ao tentar controlar novas entidades. Dessa maneira torna-se um aliado bastante valioso para a trama.


O ambiente de The Thaumaturge retrata na perfeição o tempo vivido na altura, tirando partido de uma atmosfera envolta em suspense e tensão prevista do contacto com o sobrenatural. De facto, é toda esta envolvência que me manteve interessado não só na conclusão da sua história, mas também nas missões secundárias. Embora com muitas linhas de texto, algumas delas sem interesse para o objetivo principal, o objetivo do jogador será o de colecionar pistas, um pouco à maneira de Sherlock Holmes, para devolver a verdade dos acontecimentos. Seja no sentido de investigar um assassinato, descortinar os planos de algum tipo de grupo com intenções menos boas ou descobrir as "flaws" e ligar os traços de personalidade que fazem com que o "Salutor" se tenha ligado à pessoa em questão, o jogador terá os dados do seu lado para enveredar pela opção que mais o chama à atenção naquele momento. A história é linear sem grande espaço para obter vários desfechos para os casos, como por exemplo, no caso que referi anteriormente do título de Sherlock Holmes. É necessário colecionar as pistas espalhadas pelo mapa, com a ajuda de uma habilidade específica de Wiktor, mas o próprio jogo delineará a resposta ao problema apresentado. Cabe assim ao jogador apenas responder da maneira que pretender, já sabendo de antemão a resposta ao caso.

A nível de combate, é uma experiência turn-base bastante simples, mas marcante no seu estilo gráfico, sendo que somos brindados com as formas vindas de um pesadelo dos modelos e tipos de ataque de cada "Salutor". Existem sim, pequenas nuances, onde os inimigos apresentam "buffs" que são anulados com o ataque específico de um dos vários "Salutors". De todo não é uma experiência difícil, até mesmo em dificuldades mais elevadas. Ainda assim, existem momentos em que o pico de dificuldade é elevado de maneira completamente desproporcional no confronto contra Bosses. 


Importa referir que os "Salutors" não são apenas importantes no momento de combate, mas também no momento de exploração do mapa. É possível encontrarem-se pistas que estão bloqueadas a um certo nível de dimensão de Thaumaturgy. A árvore de habilidades (Thaumaturgy) está dividida em 4 caminhos diferentes: "Heart"; "Mind; "Deed; "Word", inteiramente ligados a cada um dos Salutors. Para fortalecer as suas habilidades e aumentar o nível da sua dimensão específica é necessário aplicar pontos de experiência adquiridos tanto no combate, como pela exploração do mapa. 


The Thaumaturge faz um bom trabalho em entregar uma história interessante, mas que demora o seu tempo a abrir, dando o contexto do seu cenário histórico suportado por um estilo gráfico marcante. Com alguns problemas em termos de performance, e mesmo gráfico, com momentos onde os NPC's encontram-se dentro de outros NPC's a repetição de caras e modelos, que podem de certa forma distrair do seu foco. Fica o sabor de algumas pontas por limar que se forem polished podem tornar este título num marco interessante dentro do género. 


Nota: Análise efetuada com base em código final para PC, gentilmente cedido pela Evolve PR.

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