Pokémon Mystery Dungeon: Rescue Team DX


Estávamos nos finais de 2006, Pokémon Diamond e Pearl tinham chegado à Nintendo DS (no Japão) mas por cá chegava o primeiro de vários títulos da série Mystery Dungeon, um spin-off RPG feito pela Spike Chunsoft que unia os seus roguelikes a Pokémon. Aqui descartamos todo o conceito de treinadores, ginásios e capturar criaturas, trocando isso tudo por um universo onde conseguimos compreender os Pokémon e há todo um conjunto de peripécias pelo caminho.

O primeiro título da série foi lançado em duas versões, Red Rescue Team para a Game Boy Advance e Blue Rescue Team para a Nintendo DS, versão esta que tirava partido dos dois ecrãs da consola, mas fora isso e alguns Pokémon exclusivos ambas as versões eram idênticas. Cerca de 15 anos depois surgem como remake para a Nintendo Switch, estreando também a série no grande ecrã, se ignorarmos os 3 títulos WiiWare que não saíram do Japão.


Visto ainda hoje como um dos favoritos entre os Mystery Dungeon, somos um humano que acorda um dia e apercebe-se que se transformou num Pokémon! Isto surge depois de um inquérito que nos diz que Pokémon somos, que caso se não gostarmos do resultado podemos escolher entre os 16 disponíveis e, logo depois, outro Pokémon que nos irá acompanhar durante a aventura. O enredo é bastante simples: sem qualquer memória de quem somos à parte que somos um humano transformado num Pokémon, entramos num mundo de Pokémon em que algo de estranho está a acontecer, com desastres naturais cada vez mais frequentes e um grande sentimento de inquietação, seguindo todo um conjunto de missões principais nos levam a desvendar todo um conjunto de mistérios.

Ainda não nos habituamos ao facto de sermos um Pokémon e rapidamente estamos a criar uma equipa de resgate com um objetivo bastante vinculado: ajudar tudo e todos os Pokémon. São vários os problemas, mas no geral resumem-se a uma simples tarefa, navegar em masmorras aleatórias e resgatar Pokémon, regressando depois à cidade principal para receber várias recompensas. São missões secundárias que nos aumentam o rank como Rescue Team e por sua vez nos trazem vantagens. A aventura principal lança-nos tarefas mais complexas, muitas delas que terminam em lutas mais difíceis contra Pokémon mais fortes e, aos poucos, vamos desvendando os vários mistérios que assombram o jogo. No meio destas missões todas e várias masmorras percorridas há uma narrativa bastante interessante que se vai desenvolvendo. Temos um leque de personagens com bastante personalidade com quem desenvolvemos uma boa ligação, que se tornam especiais e não apenas mais um Caterpie, Diglett ou Xatu, cada um deles torna-se interessante muito devido à ligação com a história. Mesmo o Pokémon que escolhemos como parceiro desenvolve imenso durante a aventura e torna tudo mais interessante.


Estamos perante um remake completo, visualmente o jogo é muito cativante devido ao seu estilo de ilustração, em que tudo parece que foi desenhado à mão com vários detalhes que parecem linhas de esboços, tudo acompanhado por belas ilustrações (que podemos admirar à vontade premindo um botão!) que nos levam rapidamente ao universo do jogo. Comparando com a versão original do jogo original temos agora sequências especiais que tiram partido dos gráficos 3D, que dão algo extra à história. A banda sonora também tem um toque bastante peculiar, no meio de várias músicas surgem sons retro que nos remontam aos tempos da Game Boy. Quanto à jogabilidade esta não podia ser o mais simples possível: com o botão A é efetuado o ataque que terá melhor efeito contra os adversários que nos aparecem no caminho, mas podemos usar outros ataques se assim desejarmos, principalmente aqueles que baixam estatísticas dos adversários, os paralisam ou adormecem, entre outros efeitos.

Os fãs de Pokémon têm aqui uma boa série para explorar e, tratando-se de um remake do início da série talvez seja o incentivo extra para explorar o género. No entanto, e mesmo com toda uma narrativa interessante a alimentar o jogo, este pode tornar-se repetitivo por estarmos sempre a explorar o mesmo estilo de masmorras, que quer seja uma floresta ou uma gruta estamos constantemente a desvendar uma grelha quadrada à procura da saída. Não que cada masmorra demore demasiado tempo a percorrer, pelo contrário e muitas missões são completadas rapidamente mas há também uma espécie de cautela que surge enquanto exploramos, pois perder acaba por ser mais frustrante do que desafiante. Também não é preciso pensar muito nos ataques que ensinamos aos nossos Pokémon, basta termos ataques que funcionam quase sempre, mesmo que não seja muito efetivo.


O jogo não promete de todo ser o que não é, assumindo-se como um Mystery Dungeon tal como os conhecemos com alguns detalhes que tornam as visitas constantes às masmorras algo menos enfadonho. Também não é um jogo que mereça ser descartado por ser um spin-off, ele é interessante e conta com imenso para explorar! Há pontos interessantes que durante esta análise não consegui tirar partido, como poder ajudar (e ser ajudado) quando somos derrotados nas masmorras, ou até receber missões especiais com recompensas que estou curioso por descobrir. Mas também pouco mais faz, podia ter sido interessante existir um modo cooperativo, tirando um pouco partido do espírito de partilha de comandos da Switch, mas esta é uma aventura para ser jogada sozinha.

Outro ponto curioso é que mesmo sendo um jogo com base em missões umas atrás de outras, ele prolonga-se bastante e muita história é apresentada pouco a pouco, com revelações interessantes que conseguem até tirar partido dos diversos Pokémon e das suas características, muitas delas ignoradas nos jogos principais. O próprio ritmo com que avançamos no jogo é positivo, via-me pegar na consola para concluir missões, e mesmo se a tivesse de parar a meio bastava-me gravar a meio de uma masmorra que, quando regressava, partia de onde tinha deixado o jogo. Foi algo que me fui apercebendo aos poucos, mas dá para ter uma certa noção do ritmo e velocidade do jogo ao experimentar a versão de demonstração disponível na eShop.


É um jogo bastante acessível, mas consegue pregar rasteiras que nos fazem perder todos os itens e dinheiro acumulado, que devemos sempre guardar no banco e o armazém da cidade para evitar tragédias. Subir de nível não é um problema e são imensos os Pokémon que se juntam a nós no decorrer de cada aventura, acabando muitas vezes em grupos grandes de aliados que "limpam" por completo cada masmorra e, caso tenhamos Rescue Camps específicos, no final da aventura esses Pokémon podem juntar-se à nossa equipa para sempre. São ainda muitas as habilidades disponíveis nos Pokémon e ainda algumas mais raras que nos ajudam bastante durante a exploração e toda a ajuda é preciosa, até porque para além do HP e PP dos ataques temos ainda a barra de fome, que se não nos alimentarmos durante a exploração podemos contar com "morte" certa. De resto todas as masmorras contam com surpresas, imensos Pokémon à espreita, carradas de itens para apanhar e várias armadilhas que nos dificultam a vida. Não é preciso explorar todos os cantos das várias masmorras e os seus andares, podemos prosseguir andar em andar sem represálias por não ter explorado a 100%, embora seja recomendável apanhar todos os itens e até mesmo derrotar uma boa porção de inimigos para subir de nível, embora esteja à nossa disposição um Dojo onde podemos subir o nível às nossas personagens.


Foram várias as vezes que me esquecia que estava perante um remake de um jogo com cerca de 15 anos, fora a inexistência de Pokémon das gerações que foram lançadas entretanto, mas ainda assim são imensas as personagens para conseguir. É importante referir que este remake conta com várias surpresas, mesmo para quem tenha jogado os originais até à exaustão, com várias melhorias ao nível de jogabilidade que tornam o jogo numa experiência bastante mais agradável! Resta saber se o jogo vai cativar o suficiente os seus fãs e, quem sabe, se não marca um novo início para a série Mystery Dungeon, agora que está na Switch e tem toda uma quantidade de novos Pokémon para acrescentar ao seu universo!

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo Portugal.

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