La-Mulana 1 & 2


Isto já parece uma memória de infância, mas quando foi lançado o serviço de WiiWare na Wii pensei que era o sítio perfeito para o lançamento de jogos diferentes, que não tinham o impacto dos grandes lançamentos da altura. Recordo-me de acompanhar La-Mulana, um jogo Indie que me ficou na memória, mal sabia eu que esse termo ia ser algo forte passados tantos anos, principalmente agora na Switch que se apresenta cada vez mais como o local de eleição para jogar estes títulos de estúdios menores. É aqui, juntamente com a PlayStation 4 e Xbox One que La Mulana 1 & 2 encontram todo um potencial de novos jogadores!


Originalmente lançado para PC em 2005, La-Mulana apresentava-se como um jogo difícil que copiava o estilo retro dos jogos de 8 Bits onde praticamente tudo era impedoso. Jogo que nunca saiu do Japão e foi preciso um remake para ser mundialmente conhecido. Uma atualização com imensas melhorias, enquadrando o jogo perfeitamente no espírito Indie que se fazia sentir na altura. Em 2014 surgia o Kickstarter para La-Mulana 2, uma sequela muito aguardada que demorou 4 anos até ser lançada!

Começando pelo primeiro jogo, acompanhamos Lemeza Kosugi numa perigosa aventura pelo templo de La-Mulana à procura do "Secret Treasure of Life". Uma exploração que é bastante perigosa, pois há toda uma quantidade incontável de armadilhas, monstros ou outras criaturas demoníacas, que parecem estarem durante milénios à nossa espera. São vários os puzzles e pequenos enigmas a resolver e, para tal, Lemeza vai-se equipando com todo um conjunto de gadgets, armas e distintos objetos que o ajudam imenso. Temos ainda um computador portátil (com uma bateria incrível!) onde recebemos várias mensagens de Xelpud, o ancião da região, que entre mensagens com boas dicas envia outras que bem poderiam cair na caixa de Spam do Email.


É um jogo bastante desafiante, com controlos que nos lembram uma espécie de mistura entre Castlevania e Mega Man da NES, onde a morte é um elemento que parece estar sempre à nossa espera. São várias as vezes que entramos numa nova sala e há uma armadilha que é ativada quando menos esperamos, que após perceber o seu funcionamento acabamos por as ultrapassar sem quaisquer problemas, até aparecerem misturadas com outras armadilhas. É um jogo com algum trial and error, o que por sua vez acaba por replicar bem o espírito dos jogos retro. Mesmo os puzzles que nos esperam são em grande parte à base de premir botões, quer através dos (bastante úteis) mini troncos de madeira que apanhamos ou empurrar certos elementos. Mas há vários puzzles em que somos obrigados a pensar de maneira diferente, com resultados satisfatórios.

A aventura prolonga-se bem, há vários monstros, muitos deles gigantescos, para enfrentar. Há momentos bem diferentes do que estávamos à espera no jogo, mas sempre mantendo um sentimento de estar a jogar uma aventura retro. Como se uma aventura não fosse o suficiente temos também La-Mulana 2 para explorar, jogo que viu uma evolução suave, mas bem vinda face ao jogo anterior, onde assumimos o papel de Lumisa, filha de Lemeza Kosugi. Aqui exploramos Eg-Lana, ruínas que têm algo de familiar, mas não vou desenvolver muito o assunto, deixando como surpresa.


La-Mulana 2 conta com visuais e uma jogabilidade bastante refinada, os controlos foram melhorados, não parecendo tão "presos" mas, ao mesmo tempo, mantendo a jogabilidade idêntica com armas e diversos itens que estão de volta. Novamente exploramos ruínas repletas de armadilhas que nos parecem querer matar mal entramos numa nova sala, com criaturas que nos atacam sem hesitação e novos puzzles para desvendar. Regressam alguns rostos familiares como o de Xelpud, que agora parece estar mais irritante que nunca. Mas se no primeiro jogo explorávamos ruínas que pareciam intocadas há milénios, na sequela parece que entramos num parque de diversões, onde os locais querem ganhar uns trocos com os aventureiros que lá chegam.

Houve uma sensação curiosa que tive ao jogar ambos os jogos, uma espécie de mistura da nostalgia quando jogava os velhos clássicos da NES com títulos ou plataformas mais recentes. Uma pitada de sensação que parecia estar perante um Tomb Raider retro e em duas dimensões, onde trocava as pistolas (que também existem) por um chicote. Os próprios visuais levam-me de volta a Castlevania: Symphony of the Night, com elementos 3D quando menos esperamos, mas eis que começo a sequela e lembram-me na perfeição dos Castlevanias da Game Boy Advance. Foi como se várias memórias de gerações e jogos diferentes me vinham à cabeça, enquanto tentava não morrer porque um raio insistia em atingir-me sempre que atacava.


Quer comprados em separados em digital ou tendo tudo num só pack em físico, La-Mulana é um bom jogo para quem gosta de Metroidvanias e precisa de alimentar a nostalgia deixada pelo último Metroid 2D que jogaram ou tanto Castlevania como o agora lançado Bloodstained. Mas as semelhanças ficam-se pelo estilo de jogo e, por extenso, os visuais apresentados, pois ambos os jogos acabam por ser bem mais originais do que aparentam ser inicialmente, mesmo que pareça um jogo ultrupassado à nascença, com momentos de frustração à nossa espera.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela NIS America.

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