Dandara: Trials of Fear Edition


Uma aventura desafiante, num mundo diferente mas com uma clara genética do país de origem. Assim se apresenta Dandara, a encarnação da liberdade a lutar contra a opressão da ideia dourada.

A história é literalmente isso, Dandara nasce no cosmos para salvar o mundo do Salt dos opressores que querem espalhar a ideia dourada e mandar para o vazio tudo que não concorde. Uma história em que todos os personagens representam não só uma pessoa mas mais do que isso um conceito, conceitos importantes não só para o progresso no jogo como na compreensão maior que o duelo de ideias representado em Dandara é. Essencialmente é a luta da arte e da criação livre contra o capitalismo cego e opressivo. Agora de filosofia não se come, e Dandara alimenta bem o jogador com a sua jogabilidade diferente, sprites excelentes e uma banda sonora e efeitos muito suaves.


A aventura é na sua essência um platformer com uma crucial diferença: a nossa única forma de deslocação é o salto, não só vertical como horizontal. Isso leva a uma série de mudanças de perspectiva gravítica super interessantes e que diferenciam Dandara do género.

Como na grande maioria dos jogos do género vamos ter alguns melhoramentos no personagem desde habilidades novas a mais oportunidades de falhar aumentando as vidas. As habilidades novas também nos permitem diferentes ataques e claro acesso a zonas anteriormente bloqueadas. Inicialmente demora a habituar mas é extremamente satisfatório quando conseguimos passar uma sala inteira aos saltos por mestria do sistema. Os bosses também foram criados tendo isso em mente e desafiam o jogador a perceber os padrões e como os contornar para os derrotar. À medida que a exploração prossegue encontramos também personagens que ainda resistem à opressão e aceitam o convite de Dandara à liberdade usando depois as suas características íntrinsecas para nos facilitarem a viagem. Um músico que activa plataformas que podemos usar para aceder a novas áreas e que tocam efectivamente música ou a artista que activa elevadores cujo som do movimento soa a um pincel num balde de tinta.


 A banda sonora é super suave aumentando ou diminuindo de ritmo conforme as salas se enchem ou não de inimigos. Para além disso os mapas têm pequenos detalhes escondidos sobre o mundo que exploramos, mas mais do que esses têm alguns que a nós Portugueses nos vão encher particularmente a alma. Desde o Samba Hotel ao restaurante da Dona Clara, passando pelo Bar Garantido, até às placas de Stop que dizem Pare demonstram claramente a origem brasileira de Dandara.

Encontramos espíritos de outros que em tempos viveram naquelas regiões, sempre com a indicação do porquê da sua separação espiritual do físico. Podemos também voltar a recolher o nosso caso cometamos algum erro que nos faça voltar ao checkpoint anterior. Para os que acharem demasiado desafiante, o jogo tem a opção de colocação de mais check points e até de um "cheat  menu" que permite mesmo que percamos recomeçar na sala onde fomos vencidos. Dandara recomenda o uso de um comando propriamente dito e nós também, no entanto têm a opção de jogar com rato e teclado se assim o desejarem sendo os controlos customizáveis. O mundo é enorme e cada secção tem o seu próprio tema tanto visual como musical e mesmo os inimigos (ainda que haja algumas repetições) são temáticos.


Um excelente platformer, com um conceito diferente e uma história que é inerente a nós, humanos, da liberdade contra a opressão Dandara é uma demonstração clara do talento desta empresa criada num país que nos diz tanto. Peca pela dificuldade inicial de adaptação mas ganha na satisfação final tanto historicamente como da mestria do seu sistema.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PC via Steam, gentilmente cedido pela Raw Fury.

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