Two Point Hospital


Quem não se recorda do grande clássico Theme Hospital? Pois bem, Two Point Hospital é precisamente uma sequela espiritual desenvolvida pela Two Point Studios, que entre outros integra muitos dos criadores desse jogo. Lançado para PC em 2018, este foi um grande sucesso para os amantes de jogos de construção e gestão, que agora chega a todas as consolas para espalhar... o vício!

Two Point Hospital é um jogo que nos coloca na pele de um ambicioso gestor, com o objetivo de criar todo um império (e fortuna) em torno do negócio da saúde. Mas antes que se tirem conclusões políticas do mundo real, há que dizer que tudo aqui vem carregado de uma boa dose de humor, sendo que todos os problemas de saúde são (por enquanto) meramente fictícios. Doenças como alguém ter ficado cinzento e precisar de tratamento cromático, ou alguém achar-se uma estrela e precisar de ir ao psiquiatra... bem, mensagens subliminares não faltam!

Se o humor torna o jogo leve e divertido, tudo o resto é bastante intenso. O jogo conta com um grande número de hospitais para construir, que vão sendo desbloqueados de forma progressiva e com determinados objetivos. Cada novo hospital começa completamente do zero, sendo preciso criar uma recepção, um gabinete de diagnósticos, contratar médicos e enfermeiros, etc., até que se atinja o primeiro objetivo com o prémio de "1-star hospital". Mas se isto é o mínimo, para desbloquear novos hospitais e continuar a campanha, este em que se está a jogar está muito longe de chegar ao seu potencial.


Os rankings hospitalares são basicamente uma lista de objetivos para orientar e desafiar um jogador, premiando assim que são atingidos, mas na realidade não há qualquer limite para se continuar a desenvolver uma instituição depois disso. É caso para dizer que se pode jogar até se fartar (sendo isso algo que vai realmente demorar a acontecer), para depois se deixar o hospital e voltar ao menu principal para começar toda uma nova unidade desta grande fundação que se está a gerir.

Algo verdadeiramente impressionante neste título é a forma como obriga a gerir orçamentos de forma exigente mas sem ser demasiado difícil. Começar logo por se gastar todo o dinheiro é receita certa para o fracasso, mas acompanhar as construções com as necessidades do hospital, geralmente, é o suficiente para manter as contas em dia. Tanto os funcionários como os pacientes vão levantando os seus problemas, e na prática tudo pode mesmo ser um problema. Um hospital de grande sucesso e reputação, por exemplo, pode ter problemas a lidar com um fluxo muito maior de pacientes... tal como acontece na vida real.

Cada hospital é único, e em cada um deles há todo um mar de personalizações à disposição. Conforme a instituição vai crescendo, é possível desbloquear novos itens desde meramente decorativos até novos equipamentos e tratamentos, que depois podem ser utilizados em qualquer outro hospital. Com isto, caso o jogador assim pretenda, é até possível remodelar hospitais que já tinham sido construídos com os novos equipamentos.


Se tudo isto parece algo ideal para se jogar no PC, na verdade o jogo está extraordinariamente bem adaptado às consolas, com controlos bastante fáceis de aprender e interiorizar. É possível fazer coisas como copiar uma sala inteira e colar noutro local, aumentando rapidamente o número de gabinetes sem praticamente nenhum esforço do jogador. O mesmo acontece com itens isolados. Por exemplo, se as pessoas se queixam de estar muito tempo em pé, é fácil copiar um sofá e colar quantas vezes se quiser nos locais desejados. Pensando bem, há jogos em que até no PC é mais difícil fazer isto do que nas consolas só com um comando.

Aliás, no que diz respeito a todas as funcionalidades presentes na versão PC, todas elas estão integradas nas consolas, incluindo os modos "Sandbox" e "The Superbug Initiative" que chegarão com um update em finais de março. No caso da versão para a Nintendo Switch, utilizada para esta análise, até mesmo os visuais estão muito bem adaptados, sendo que a única coisa "estranha" é um pequeno soluço quando o jogo faz gravação automática - o jogo parece encravar, mas afinal está lá em cima um botão a dizer "saving" e está tudo bem. De resto, apenas há alguma perda de framerate quando há demasiada coisa a acontecer ao mesmo tempo num hospital já cheio de pacientes.

Dito isto, esta versão da Nintendo Switch traz consigo um problema mais grave do que as restantes versões: o modo portátil, que permite levar o jogo para a cama e ter problemas sérios na manhã seguinte. É que Two Point Hospital é um daqueles jogos onde facilmente se joga durante horas com a ligeira impressão que foram apenas uns 5 ou 10 minutos. Oops!


Seja em qualquer consola ou mesmo no PC, é impossível não recomendar este jogo a quem for apreciador do género. Um jogo divertido e viciante, no qual não se dá pelo tempo a passar, enquanto se vai cuidando de um império de saúde privada cuja preocupação é lucrar... Hmm, dá que pensar!

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Ecoplay.

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