Rock in Rio abraça os videojogos e o mundo digital


"Como assim, o Meus Jogos vai ao Rock in Rio?"

A pergunta foi frequente, mas quem nos acompanha mais de perto já sabia há algum tempo que o Rock in Rio iria ter uma arena dedicada ao mundo dos videojogos. É realmente a grande novidade desta edição 2018: depois da famosa "Rock Street", chega agora o Pop District com um pouco de tudo o que há de bom na chamada "cultura pop". Sabendo isto, naturalmente que o Meus Jogos teria de se candidatar a uma acreditação de imprensa para ver como ia correr.

O Rock in Rio não é, certamente, um evento de "gaming". Poderá discutir-se muita coisa em torno do festival, incluindo  o seu conceito e até mesmo as escolhas para o cartaz. De facto, não é um festival de música convencional, mas é inegável que se trata do maior evento familiar em Portugal. Chamem-lhe "mainstream", se quiserem. E os videojogos, sem dúvida, são cada vez mais "mainstream". Por isso mesmo, foi uma ideia excelente a de inserir no festival uma secção dedicada a esta indústria: a arena Worten Game Ring.


No seu interior, é possível experimentar as principais novidades das grandes marcas de consolas, com a Xbox a surpreender com um fantástico stand dedicado ao exclusivo Sea of Thieves - só pela decoração já vale a pena ir lá espreitar! É uma aparição notável, depois da marca ter estado ausente de grandes eventos dedicados aos videojogos em Portugal. Esperemos que isto seja apenas o começo!

Mesmo ao lado, a AOC Gaming / AGON exibe os seus monitores e ainda deixa os visitantes jogar umas partidas de Fortnite ou fazer divertidas tatuagens temporárias. No segundo dia do evento, tinham até o Shikai, considerado o melhor jogador português de Fortnite, a streamar a partir do Rock in Rio.


Como não poderia deixar de ser, também a Nintendo Switch e a PlayStation 4 contam com áreas dedicadas onde é possível jogar os principais títulos de cada consola, incluindo lançamentos recentes como Mario Tennis Aces do lado da Nintendo e Detroit: Become Human do lado da Sony. Do lado da Nintendo, a maior surpresa foi encontrar o Splatoon 2 a funcionar em modo online, o que neste tipo de eventos é muito pouco usual!

O espaço é apertado, com uma lotação de cerca de uma centena de pessoas, o que resulta em filas para entrar e ir experimentar os jogos ou assistir aos torneios e atividades no palco Worten Game Ring, com a apresentação da divertida (e incansável) Maria João Costa e a participação de RicFazeres. Desfiles de cosplay, competições de Strikers Edge, League of Legends ou Hearthstone, são apenas algumas das atividades neste palco que, nos dois dias que restam do evento irão trazer ainda mais jogos e passatempos.


No exterior, o Super Bock Digital Stage é a grande estrela do Pop District, com uma programação variada e animação constante desde o meio-dia às 21h. É um verdadeiro espetáculo de variedades com estrelas vindas do mundo digital e não só, incluindo "vloggers" (a.k.a. youtubers), comediantes, cosplayers, etc. A diversidade de conteúdos torna este palco realmente interessante e a equipa de apresentadores, que conta com estrelas como Beatriz Gosta, Diogo Faro e Carolina Torres, assegura a constante diversão.

Para quem se questionava em que poderia consistir a atuação de um vlogger, não difere muito do que se encontra no Worten Game Ring com alguns passatempos. A verdade é que os miúdos adoram e é para isso que eles lá estão. O reconhecimento destes casos de sucesso nos meios digitais foi uma aposta certeira do Rock in Rio, que assim abre também as portas a cantores e humoristas cuja comunicação é maioritariamente digital.

Em 2018, não se poderá dizer que o Pop District seja só por si uma razão para visitar o Rock in Rio. A bem da verdade, só mesmo os fãs acérrimos dos cabeças de cartaz do Palco Mundo (Muse, Bruno Mars, The Killers e Katy Perry) poderão dizer que "só por isso" vale a pena ir. Na realidade vale a pena ir pelo todo, explorar o recinto e participar nas diversas atividades, evitando as maiores filas. A organização até criou uma aplicação onde é possível fazer marcação para andar no slide ou na roda gigante, para que não se tenha de esperar numa fila.


O que o Rock in Rio fez, e bem, foi abraçar a cultura pop e compreender os gostos de um público que não é tão juvenil quanto se possa pensar. Hoje em dia, o público dos videojogos é muito mais abrangente do que seria há 10 anos, por exemplo, quando tudo era visto como "só para miúdos". Não há idade para reconhecer um cosplay da Marilyn Monroe ou dum Freddie Mercury, muito menos para apreciar o trabalho da 501st Legion Portugal em relação ao universo Star Wars.

Está aberto um precedente interessantíssimo que irá acabar por influenciar outros festivais de verão. No que ao Rock in Rio diz respeito, a adesão que se observa em relação ao Worten Game Ring e Super Bock Digital Stage demonstra que foi uma aposta certeira e tem tudo para crescer na próxima edição, em 2020.

Por enquanto, há ainda dois dias de festival, 29 e 30 de junho, para aproveitar ao máximo o que este tem para oferecer, seja analógico ou digital. Deixem lá as filas dos brindes (aqueles sofás insufláveis não são nada práticos) e aproveitem os conteúdos do Pop District e da Rock Street!

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