The Banner Saga 2


O primeiro Banner Saga foi uma surpresa tão boa que mal podia esperar pelas sequelas. E mais do que analisar para vos convencer a jogar, estou estupidamente curioso para saber como vai terminar. Se gostarem, façam um favor a vocês e à Stoic, comprem o raio do jogo. Digital, físico, o pacote com as três versões. Seja. Assim que anunciarem a trilogia para a Switch ou alguma edição especial, irei atirar o cartão de crédito e o de refeições ao ecrã. Estes senhores merecem todas as palavras boas que irei digitar e algumas menos boas, também. Admitamos, nenhum jogo é perfeito.

Banner Saga 2 é uma sequela com S grande, não só continua a história do primeiro como expande o mundo. Há um cuidado para evitar o cliché das sequelas de serem maiores, mais fantásticas, mais isto e aquilo. BS 2 continua com os pés bem assentes na terra e não perdeu a humildade com que começou. Certo, com mais orçamento, investiram em mais sequências de animação, mais trabalho de voz e noutras novidades que irei falar.

Além disso tudo, a história continua imediatamente após os acontecimentos do primeiro BS, começando no capítulo oitavo em vez do primeiro, uma lógica que continuará também no terceiro jogo. Lembrem-se que o vosso ficheiro de dados é importado, portanto todas as decisões e baixas terão efeito permanente. O vilão foi derrotado e, após os funerais, seguimos as duas caravanas que se juntaram em direcção a Arberrang, o último refúgio da civilização. Traduzido levianamente, o enredo engrossou e puxou mais fios deste mundo que, ainda que não, nos é desconhecido. E é isso que gosto, não quero ter a tua informação de bandeja, mas quero ir descobrindo. Se abrirmos o mapa e passarmos o cursor nos locais, podemos ler uma breve descrição sobre eles. Não há aquela exposição barata de informação, o que aconteceu, aconteceu e agora lidamos com o amanhã. BS 2 continua a depender das nossas decisões e acredito que aprendi a minha lição desde o último jogo: ser bom samaritano nem sempre é o melhor para nós e para a nossa caravana; aceitar mais pessoas acelera o consumo de mantimentos, matando outras mais; podemos ser roubados ou assassinados durante a noite. Às vezes, a melhor opção é continuar em frente, custe o que custar. Uma vez por outra, aceitei gente nova e foi o que aconteceu, nunca mais.


Sem querer entrar em mais detalhes porque o sumo da história está nos detalhes a descobrir, posso dizer que foram introduzidos centauros para nos acompanhar, os horseborn, condimentando o combate com novas mecânicas. Ah, o combate! A segunda melhor parte desta série. Ora acompanhamos a caravana solenemente caminho fora, ora estamos a separar cabeças de pescoços. Em equipa vencedora não se mexe e o combate continua praticamente igual para além das novas espécies. Temos a nossa equipa, que mantém os atributos e itens do jogo anterior, num tabuleiro de xadrez mental, e os adversários – alguns novos e com outros truques na manga. Onde há novidades é na promoção de personagens. Antes era linear, a pessoa fazia level up ou era promovida, recebia pontos para espalhar pelos atributos, ganhava habilidades e seguia para bingo. Aqui podemos escolher as habilidades que queremos. Pode ser insignificante, mas é uma actualização bem-vinda se queremos ter uma equipa mais personalizada. Se não falei, falo agora, quanto mais alto for o nível, mais itens poderosos podem equipar. Itens estes que possuem vários bónus para o combate.

A estratégia de limpar o tabuleiro versus estropiar mantém-se. Se bem que eu sigo a doutrina de: menos inimigos, menos problemas. Se não estiverem lembrados: o combate em BS segue um esquema de fila semelhante ao do Final Fantasy X onde podemos ver a ordem de ataque dos aliados/inimigos. Se começamos a matar o adversário, os restantes ganham mais turnos de ataque. O que é uma má ideia. Ou atacam vários de uma vez ou têm uma boa equipa – ou um balde de sorte. Se no primeiro jogo perdi várias vezes, acho que neste se perdi duas vezes foi muito.


Falo por mim que já tinha ganho calo no último jogo, mas recomendo visitarem o campo de treinos. Não só oferece desafios novos a cada capítulo como explicam várias tácticas de combate. Há também uma opção para treinarem membros do clã para participarem em batalhas. O primeiro BS metia o grupo ao barulho e podíamos usar várias estratégias, mas este viu pouco disso. Um detalhe apenas.

Ainda nas coisas que me fazem torcer o nariz, continua a quebra de frames quando o ecrã inicia uma conversa. Podia ter sido resolvido entre jogos, mas não, continuo a ver o jogo a engasgar-se. Nada que estrague a experiência, mas lá está: detalhes. As conversas, para mim, são algo confusas porque há vezes em que não sei quem é que está a falar. O nome antes da legenda também resolvia isso.

Para terminar, quis testar algo diferente. Joguei o anterior apenas em modo portátil, mas este tanto joguei num ecrã gigante como em modo táctil. E que diferenças. A arte não sofre nada quando se expande para um ecrã maior e continua com aquele aspecto de filme animado old school. Depois, deixei a consola direita na mesa e joguei apenas no ecrã e que óptimo trabalho que fizeram. Desde a selecção de diálogos ao combate, tudo é fácil de interagir e nada trapalhão: mover as personagens no tabuleiro, orientá-las em combate, seleccionar ataques, tudo bastante intuitivo. Recomendo.


Para concluir e porque já me estiquei, este BS 2 faz um bom trabalho no que toca a explicar as mecânicas do jogo. Não fosse a história e seria um bom ponto de entrada para iniciantes. E eu sou um! O jogo vai já para o fim da trilogia e nem pude ajudar no Kickstarter, mas se pudesse voltar atrás, sem dúvida que o faria. É daquelas séries que merecem ser jogadas antes de desaparecermos desta vida. Pena o boca a boca ser pouco quando devia ser o oposto, mas joguem, falem dele, convençam aquele estranho no comboio. O não está sempre garantido!

Nota: esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Plan of Attack.

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