Oh...Sir! The Hollywood Roast
Análise por Pedro M. Macedo
Algures, em 2018, uma pessoa deve ter pensado “meu, o Cards Against Humanity teve tanto sucesso, seria interessante haver um jogo digital semelhante” e um outra pessoa aleatória deve ter completado com “brilhante ideia, podíamos usar o (não) sucesso dos simuladores e criar um de insultos...”. Oh...Sir, Desafio Aceite!
“The Hollywood Roast” é inesperadamente lançado nas plataformas digitais de PC e consolas como extensão ao seu precedente “The Insult Simulator”, lançado em 2017. Ambos seguem o mesmo conceito e a mesma jogabilidade, contudo, neste caso mais recente, são usadas referências e personagens de Hollywood.
O jogador rapidamente aprende a navegar pela interface do jogo através do tutorial. No centro há uma tabela com retalhos de frases que é partilhada entre ambos os jogadores e, por turnos, cada um deve escolher uma dessas opções até completar uma frase. Quando se utiliza um retalho, este é removido da tabela. Sempre que uma frase é devidamente formada, o jogador pode insultar o outro, fazendo com que a barra de orgulho reduza, conforme o valor da pontuação do insulto. Porém nem todas as frases afetam o oponente e é necessário tentar outras opções para executar mais dano. Por exemplo, mencionar a idade ou aparência da Marilyn NoMore é muito mais ofensivo que o seu ex lhe bater depois do seu último filme (que é um facto). Entretanto são dadas a conhecer outras mecânicas: palavras que são invisíveis ao adversário e podem ajudar o jogador a estender a sua frase, desde conjunções a referências de personagens ou lugares do filme onde representam; criar combos mencionando vezes consecutivas o mesmo tema; e os Comeback, que funcionam como um Finisher ao insulto, disponíveis sempre a cada terço de dano sofrido.
Terminadas as lições, somos encaminhados para o modo Carreira, que consiste em filmar 5 conflitos numa determinada cena e ganhar o máximo de "Cann-ários" (sim, os prémios dourados chamam-se "Parrots", por algum motivo) com a fantástica performance. Sempre que se conclui este modo, novas personagens são desbloqueadas, sendo possível jogar com e contra 8 personagens diferentes.
Não há como negar que a ideia do jogo resultaria muito bem, mas quando pegamos num baralho do “Cards Against Humanity”, temos 1000 retalhos de frases aleatórias - e rimo-nos com as diferentes possibilidades; aqui temos 50, onde 20 são relacionadas com familiares próximos, o cão, o Ex, realizador e portfólio e são pouco criativas. Portanto, as cinco batalhas do modo carreira esgotam praticamente todas essas possibilidades, isto é, em 15 minutos. Jogando com diferentes personagens reparamos em falhas mais desapontantes: as referências ao Voldemort e Hobbits têm exatamente o mesmo impacto que insultar com a irmã ou o realizador; com a limitação de escolhas, é mais difícil atingir as fraquezas dos adversários e, por conseguinte, parece que qualquer coisa serve: “a tua mãe / apanhou um cancro com / o teu pai / e / é baseada em / o teu cão / mas / aprendeu karaté com / a tua última cirurgia plástica” = 60% dano. Desde que haja forma de ligar os retalhos com “and” e “but”, é só acumular pontos. O irónico desta técnica é o jogo penalizar-te pela “má gramática” num momento ou outro...
Se este jogo fosse feito como um Playlink, o modo multijogador, tanto local como em rede, acabaria por ter melhores resultados. Conforme as funcionalidades da aplicação, aqui cada jogador poderia criar e partilhar as suas próprias cartas, receber novos desafios e, secretamente, escolher novas fraquezas.
Oh...Sir! The Hollywood Roast está disponível para PC e Consolas por 4,99€. Os jogadores da PS4 têm ainda direito a uma listagem de troféus com platina que consiste em acabar o modo carreira com 6 personagens diferentes e todos os “Cann-ários” a que têm direito; e fazer o tedioso online em 65 partidas contra outro jogador.
Mesmo a baixo preço, há jogos com mais diversão pelo mesmo valor ou, como as promoções estão aí à porta, há melhor onde deixar esse dinheiro. Oh...Sir! é um jogo que tenta ter graça, mas caiu em (des)graça, o que é uma pena não terem aproveitado melhor este conceito.
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Evolve PR.