MainFrames


A criatividade e desafio é algo que gosto de abraçar num jogo, só o facto de se destacar perante os milhares de indies que hoje em dia se encontram nas lojas digitais de todas as plataformas chega até a ser um absurdo. Portanto, MainFrames é um dos poucos jogos no meio desta maré de indies que me agradou, mas nem tudo é brilhante.
MainFrames apanhou-me de surpresa! É um jogo de plataformas em 2D com o seu filtro retro e humor com um tema bastante interessante para os mais velhos que chegaram a usar disquetes nos seus computadores, os mais novos não vão entender mas também estão convidados a jogar.

Embora seja um jogo de plataformas e de certa forma possível para todas as faixas etárias, não significa que não seja um jogo um tanto desafiante, porque apesar de ser plataformas, este requer atenção para progredir ou então vão bater com o nariz na parede e matutar muito para avançar.


Jogamos com uma disquete que tem de atravessar por vários ambientes de trabalho, mover janelas e mexer nos mais variados ficheiros para seguir caminho. Parece simples, mas é realmente desafiante nesse aspeto, porque o jogador não tem qualquer tutorial e vai ter de explorar as mecânicas e tentar perceber o que faz sentido para mover o nosso personagem até ultrapassar os obstáculos.

Por vezes há tanta coisa no ecrã a acontecer que pode ser difícil de perceber qual o caminho certo, já outras vezes é simples e o objetivo está mesmo à nossa frente: por exemplo, alcançar uma chave para abrir a janela e seguir para outro monitor.


Há uma boa quantidade de níveis e computadores para explorar e o jogador será livre de escolher o percurso tal como se fosse um jogo Mega Man, no entanto, podemos mesmo sentir-mo-nos um pouco baralhados e sem noção do percurso correto e se faz sentido seguir pelo lado X ou Y. Talvez algo mais linear poderia ajudar a entender que estamos no caminho certo, mas isso é algo que tirei da minha experiência com o jogo.

As ideias e a jogabilidade são interessantes, o facto de mover as janelas para alcançar outras plataformas achei muito interessante e está bem executado, o grafismo em pixel foi uma escolha excelente e a própria sonoridade do jogo é um aspeto positivo pelo qual ganha a atenção dos jogadores sem dúvida.


Por outro lado, não posso deixar de referir que há certos aspetos negativos que podem fazer com que o jogador perca o interesse e essa questão foi acima mencionada, a sensação de que estamos perdidos e não sabemos exatamente para que lado havemos de ir para progredir e atingir o objetivo final. A quantidade de canais a atravessar e a dificuldade que conta com picos de altos e baixos pelo sem razão aparente e poderem deixar um jogador na dúvida e até fazer desistir, pois num ecrã parece que estamos preparados para avançar e noutro dá-nos a ideia que talvez falte algo para alcançar um objeto.

No fundo, é uma mistura de sensações, se por um lado sempre que jogava achava interessante e até divertido, por outro lado, parecia que me sentia meio perdido e se deveria seguir em frente ou voltar a percorrer todo o caminho que fiz para trás por não estar preparado e, em dúvida, se devo obter algum tipo de poder ou uma chave para continuar em frente.


É um jogo criativo, tem o seu humor, o grafismo é apelativo, mas por alguma razão temos esta dificuldade com graus que não se entende e pode deixar jogadores confusos ao ponto de perderem o interesse que outrora têm quando começam a jogar. O que é pena, pois o potencial está lá todo, algo melhor executado e tínhamos um jogo memorável.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Cosmocover.

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