Look Outside

Sinistro e com ecrãs de game over a cada esquina mal preparada, Look Outside é brilhantemente perturbador.

Acordamos na nossa cama de noite. Algo nos diz para não espreitar pela janela. Pela frecha, uma luz demasiado brilhante espreita. Demasiado para aquelas horas, demasiado para o tom de todo o quarto por onde se infiltra. Demasiado. E claro, olhamos lá para fora. Indescritivelmente, Game Over. E com direito a voltar ao início. Bem, parece que vamos mesmo ter que descobrir o que se passa. E, porque é que um olho na parede fala connosco. Ou, porque é que os nossos vizinhos nos tentam matar e as paredes são feitas de carne e sangue.

Look outside é para todos os efeitos um RPG clássico, onde equipamos o que encontramos e com isso vamos ficando mais fortes. Normalmente seriam espadas, mas aqui são mais comuns as facas de cozinha e os cutelos. Que se partem também, com o uso ou com usar habilidades mais específicas a cada objeto. O subir de nível aumenta apenas a quantidade de pancada que aguentamos e quantos golpes especiais conseguimos utilizar. A sobrevivência e não arriscar a mais estão patentes tanto pelo contexto do que se está a passar na história e nas interações com tudo. Fugir para lutar outro dia é mais que válido.

A experiência vem tanto do combate como da exploração e acima de tudo é nela que está o foco. O objetivo é percebermos o que se está a passar e para esse feito há imensas pistas contextuais e mesmo pessoas ou aquilo em que elas se tornaram para interagirmos e conseguirmos avançar. É preciso muita atenção ao detalhe e a tudo que nos dizem para podermos resolver puzzles que tanto nos levam a melhor equipamento e chances de sobreviver como a uma resposta verdadeira quanto à insanidade. Se é que há uma resposta verdadeira. Se é que somos insanos.

A banda sonora e o estilo visual completam o cenário na perfeição. Porque é que tudo tem olhos? Porque é que há bocas e dentes em sítios que não numa cara? Os designs iniciais são simples, mas vão deturpando e perturbando com a exploração e a descoberta. A banda sonora mantém a tensão e os efeitos sonoros inquietam. Todos os detalhes provocados pela ausência de luz e como trabalhar com ela são bem feitos e ajudam a construir a narrativa em cima de tudo isto.

Olhem lá para fora, mas antes… Explorem tudo aqui dentro que é fenomenal, visceral e inquietante.