Days Gone: Remastered


Quando joguei Days Gone pela primeira vez, apenas em 2022, não sabia exatamente o que esperar. A receção inicial do jogo foi longe de ideal, recebendo críticas contraditórias. Por um lado, tinha personagens difíceis de gostar, uma história pouco interessante, diálogo desajeitado e um gameplay pouco polido. Por outro, ainda que a sua narrativa não merecesse prémios, Days Gone era um jogo divertido, com mecânicas de crafting desafiantes e um excelente conceito na sua génese: lutar contra hordas enormes de infetados. E foi exatamente esse jogo que encontrei.

Não creio que qualquer desses pontos de vista esteja errado. A história de Days Gone e as suas personagens são claramente o seu ponto mais fraco, mas trata-se de um jogo que é capaz de, ao jeito de Dead Island, transformar o terror clássico de jogos como The Last of Us, e transformá-lo na catarse de matar centenas de infetados com todo o tipo de ferramentas, explosivos e armas de fogo.

A versão remasterizada de Days Gone chega 6 anos depois do original e, ao estilo do remaster de The Last of Us Parte II, lançado no início do ano passado, a sua necessidade pode ser debatida sem fim, mas não deixa de ser capaz de atrair tanto aqueles que nunca jogaram o original, como também aqueles que já conhecem bem Deacon St. John. Eu próprio nunca cheguei a acabar Days Gone e não sei se alguma vez voltaria atrás para o terminar, algo que agora mudou com esta nova versão.


Uma versão para a nova geração traz consigo óbvios melhoramentos gráficos. Days Gone está agora, indubitavelmente, mais polido visualmente e em termos de performance não notei qualquer quebra, mesmo no Assalto de Horda, que conta com números assustadores de infetados.

Se tivesse de resumir esta análise a uma única ideia, seria a seguinte: quem se divertiu com o original, encontrará a mesma diversão aqui. Talvez até mais com o novo Assalto de Horda. Quem não ficou fã em 2019, dificilmente mudará de opinião agora. Isto porque os problemas de Days Gone nunca foram visuais ou de performance. Aquilo que sempre faltou em Days Gone foi uma história bem construída e personagens que fossem mais que um pedaço de cartão ou, pelo menos, toleráveis. Nada disso mudou. Da mesma forma, tudo aquilo que era divertido em Days Gone continua presente. Conduzir a mota, gerir a sua condição e o nível de combustível, reunir recursos para construir molotovs, bombas e armas corpo-a-corpo, lentamente melhorando o arsenal à nossa disposição e, ultimamente, enfrentar números inimagináveis de infetados colocando toda essa preparação ao teste.


O novo conteúdo chega na forma de um modo Permadeath, um modo Speedrun e melhorias no modo fotografia. Mas o destaque é claramente o novo Assalto de Horda, cuja ideia é basicamente concentrar tudo aquilo que Days Gone tem de positivo e deixar de lado de tudo o que é menos bom. O Assalto de Horda coloca-te frente a frente com hordas ainda mais numerosas do que aquelas a que estás habituado para ver quanto tempo consegues permanecer vivo e quantas ondas de inimigos consegues derrotar.

Ao mesmo tempo, podes encontrar caixas de mantimentos, que te dão novas armas, munição, upgrades, entre outros, completar trabalhos secundários para ganhar mais XP e modificar cada tentativa com injetores que tornam a tua vida mais ou menos difícil. A melhor parte é que podes jogar com várias personagens, o que significa que tens alguns momentos de paz sem estar na companhia de Deek. A parte menos boa é que nenhuma das outras personagens é mais interessante que ele.


Então, será que vale a pena comprar Days Gone: Remastered? Se jogaste o original e não ficaste fã, eu diria que não. O jogo é, essencialmente, o mesmo, e não são melhorias gráficas nem um novo modo com mais inimigos que vai mudar a tua opinião. Se, por outro lado, és da opinião de que Days Gone é uma joia escondida do catálogo de exclusivos da PlayStation, ou até se simplesmente achas que é um jogo divertido e queres voltar a passar algum tempo com ele, então o upgrade de 10 € é, na minha opinião, mais que justificado.

Para novos jogadores, a minha sugestão seria não estarem à espera de um The Last of Us. Days Gone está no seu melhor quando não se leva muito a sério e é apenas uma aventura biker com uma boa dose de catarse na forma de matança de zombies, e torna-se um jogo pior quando tenho de passar qualquer quantidade de tempo a refletir sobre a sua história e personagens.


Nota: Análise efetuada com base em código final para PS5, gentilmente cedida pela SIE

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