20 Anos da Nintendo DS


Celebramos recentemente o vigésimo aniversário do lançamento da Nintendo DS, uma consola que entrou no mercado com uma reação estranha aos dois ecrãs, mas, rapidamente, tornou-se um sucesso tão grande que se tornou a segunda consola (portátil ou não) mais vendida de sempre.

Uma consola que para nós no Meus Jogos tem uma importância extrema, não fosse ela o principal motivo para o aparecer deste nosso canto online através do Meus Jogos DS, que com tanto afeto o Telmo Couto criou e que, na altura, reunimos no Café Progresso a pensar sobre como o dinamizar. Foi a sua paixão que o Telmo tinha pela consola, tal como as dezenas (ou centenas) de jogos marcantes que levaram ao aparecer do Meus Jogos, algo que para mim, tem uma imensidão de memórias associadas. Memórias estas ainda bem vivas na minha cabeça e, talvez, o motivo por demorar uma semana a trazer este artigo cá para fora, entre apertados nós na garganta, peso no peito, ao lembrar das imensas conversas sobre os jogos lançados e aqueles que viriam a seguir. Seria ingrato não marcar esta data com um artigo, trazendo com ele as várias das memórias que esta consola nos proporcionou.


O primeiro lançamento da Nintendo DS a 21 de novembro de 2004 com o seu design “fat” foi um lançamento marcante, no entanto, foi com a versão Lite em 2006 que surge um boom de popularidade, um redesign que manteve a retrocompatibilidade com os jogos de Game Boy Advance, juntamente com ecrãs melhorados e uma bateria que prolongava as sessões de jogo. Passados uns anos em 2008 (abril de 2009 cá) recebíamos a Nintendo DSi, uma consola que abraçava o online através de uma loja digital com uns quantos jogos a explorar, muitos deles exclusivos em formato digital que agora encontram-se perdidos no tempo. A adição da câmara na DSi foi um gimmick curioso, no entanto, aquilo que eu e o Telmo mais celebramos no dia de lançamento em que a adquirimos foi uma espécie de estreia da Nintendo Portugal através dos panfletos em português que falavam do (agora extinto) Nintendo Club. Entre modelos XL e várias cores, tal como edições especiais, foi uma consola com bastante destaque nas nossas lojas, preenchendo bem o espaço numa época em que as secções de videojogos cá tinham essa importância.

Na Europa o lançamento da primeira Nintendo DS demorou uns meses face ao resto do mundo. O seu lançamento celebra os seus 20 anos cá a 11 de março próximo, ao que celebramos essa data também, pois primeiríssima publicação que lançou o Meus Jogos DS era precisamente a celebrar o quinto aniversário da portátil. Na altura o seu catálogo já era incrível, jogos que vieram marcar a diferença como Professor Layton and the Curious Village ou Ghost Trick: Phantom Detective a outros mais convencionais (e famosos) como New Super Mario Bros., este que muitas sessões no modo multijogador, que nos viciou tremendamente. RPGs icónicos como Chrono Trigger que tinham finalmente o seu lançamento oficial na Europa, passando pelos Pokémon Diamond e Pearl, ainda hoje o favorito de muitos. Dois The Legend of Zelda com Phantom Hourglass e Spirit Tracks, que podem não ter sido muito bem recebidos, ainda assim exploravam o hardware da Nintendo DS, explorando novos puzzles na série e mecânicas.


Uma consola peculiar, com dois ecrãs que fugia ao habitual de ter apenas um ecrã onde acontecia toda a ação. Também uma consola "tridimensional", que podia ser usada de lado como se fosse um livro aberto, tirando partido do seu ecrã tátil para jogos como Dr. Kawashima's Brain Training e os seus desafios diários, jogos importantes para a visão do incrível Satoru Iwata que queria os videojogos a serem explorados por muitas mais pessoas, principalmente aquelas que pensavam que os videojogos eram apenas uma brincadeira para muitos, e não parte do quotidiano como uma boa fonte de entretenimento, independentemente de quem somos. Visão aplicada em jogos como Nintendogs, um sucesso inesperado, ou ainda Picross que, embora não fosse novidade foi o primeiro jogo da série para muitos. Mesmo a música fez parte do diversificado catálogo, com experiências únicas como Elite Beat Agents ou Rhythm Paradise, desafiantes e acessíveis para todos os jogadores, ou até o Flipnote Studio, uma aplicação onde podíamos criar as nossas próprias sequências de animações desenhadas à mão!

A lista de jogos é longa, são muitos os títulos e imensas as memórias, tínhamos uma portátil com quem podíamos socializar, seja a falar de jogos ou a desfrutar deles em si. Fossem sessões de Mario Kart DS, as trocas de Pokémon em Black and White, falar do quão surpreendente era a história de The World Ends With You ou as lágrimas que correram o rosto no final de Professor Layton and the Lost Future. Eram as visitas nas vilas uns dos outros no Animal Crossing: Wild World ou os desafios uns contra os outros em Meteos, um jogo de Masahiro Sakurai, simples e extremamente viciante. Tudo era motivo para nos juntarmos no Café Progresso, aquele que se tornou no “nosso” espaço, dedicando as tardes a jogar, mesmo jogos sem qualquer componente multijogador, estávamos simplesmente na conversa e na jogatana.

O bichinho pela escrita já há muito estava bem plantado no Telmo, que queria lançar um espaço onde podia falar dos jogos da Nintendo DS e trazer a sua opinião, mas, o mais importante era mesmo falar dos jogos que lhe eram tão queridos como Dragon Quest V. Aquelas aventuras que marcaram, que podiam nem ser as melhores, eram mesmo as que lhe tocavam, numa espécie de digitalização das imensas conversas de jogos que já tinha entre amigos, até porque a discórdia era comum em trocas de argumentos saudáveis e muito fanboyismo à mistura, sempre em momentos felizes. Na altura, eu ajudava apenas com a parte da página em si, na imagem do blogue numa época em que “blogger” era um termo bem comum. Só passado um ano é que finalmente cedi e comecei também a escrever, com medo, pois nunca fui da escrita (e sim da imagem), trazendo então o meu vício por RPGs e a minha coleção de jogos também. Não fosse Final Fantasy III a minha estreia no Meus Jogos DS, mas, o que queria mesmo era falar de Suikoden Tierkreis.


Era muito fácil simplesmente andar com a consola no bolso e encontrarmos-nos para mais uma sessão, onde cada um tinha a sua consola, jogos diferentes e muitas coisas a partilhar. Foi a consola perfeita para criar experiências únicas como ser possível jogar uma campanha inteira de Dragon Quest IX através do multijogador local com amigos, enquanto avançávamos por masmorras repletas de Metal King Slimes, uma experiência que dificilmente vá replicar noutro jogo. Alguns jogos da Nintendo DS testavam algumas mecânicas sociais para além do simples modos multijogador, coisas que mais tarde se transformaram no StreetPass da Nintendo 3DS, algo que o Telmo quis popularizar e transformar as sessões de jogo da Nintendo DS nos encontros de StreetPass, na nova consola, precisamente no café de sempre, esta que também tem um conjunto de histórias associadas, mas… ficará para a sua própria celebração.

Podia estar aqui a enumerar tudo o que era jogo, digo que se querem-me acompanhar nesta sentida viagem no tempo, convido a navegarem pelo histórico de publicações aqui ao lado onde ver os inícios dos inícios do Meus Jogos, sentir talvez as palavras do Telmo a ler opiniões sobre jogos que lhe eram queridos, que possivelmente podem nunca ter ido espreitar.

À Nintendo DS um feliz 20.º aniversário! À incrível portátil que se tornou numa Super Nintendo portátil, que mudou o modo como muitos olhavam para uma consola que cabe no bolso, inovando ainda na maneira como se jogava.

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