Haunted Castle Revisited
Corria o cada vez mais distante ano de 1988, quando foi lançado nas arcades, um pouco por todo o mundo, Haunted Castle, o primeiro Castlevania a ser desenvolvido para um mercado que não o das consolas domésticas. Ora décadas mais tarde, mais precisamente este ano, um remake deste jogo vai voltar a agraciar as nossas consolas, como parte da mais recente colectânea de jogos da série (a chamada Castlevania Dominus Collection).
Desenvolvido pelo estúdio M2, os mesmos por detrás de Castlevania: The Adventure Rebirth (lançado para o WiiWare em 2010), esta nova versão de Haunted Castle não representa um afastamento radical do jogo original em qual é baseada, ao contrário do que aconteceu com Adventure Rebirth. A história permanece a mesma.
As diferenças para o original têm início no gameplay. Simon é agora uma personagem muito mais controlável e menos desconexo do que em 1988. Os seus movimentos são mais fluídos e naturais, tanto no acto do salto, como no do ataque. Para tal contribui também o belo trabalho de sprites desenvolvido pela M2, que transformaram o Simon de um boneco de trapos, num verdadeiro e capaz herói de acção. Simon tem à sua disposição, como arma principal, o seu chicote. Este pode tornar-se ainda mais poderoso se formos apanhando os upgrades, presentes na figura de orbs prateadas, presentes nos níveis. Contudo, esse upgrade eventualmente irá desaparecer com o tempo (a menos que consigamos obter uma nova orb, o que estende o tempo de duração do mesmo) ou se formos atingidos pelos inimigos. Ausente estará a espada, que era a arma mais poderosa do jogo original, mas que provavelmente terá sido retirada devido ao facto de não estar tanto associada historicamente ao clã Belmont.
Intactas estão as armas secundárias. À disposição de Simon estão a tocha, a cruz, o bumerangue, a faca e o machado. Tanto a tocha como a cruz regressam, estando presentes também em 1988, contudo as restantes são adições que colocam este remake mais na linha do Castlevania clássico da NES. De salientar, que a funcionalidade de ambas é ligeiramente alterada. A tocha passa a agir mais como a água benta, deixando de criar um rasto de destruição e sendo mais estacionária, ao passo que a cruz age como o rosário de Super Castlevania IV, afectando todos os inimigos no ecrã. De fora ficam o dinamite, que possui uma função similar à desempenhada pela água benta, e o relógio, que serve para parar o tempo (o que significa perder a criativa animação original deste acto).
Entre todas as "novas" sub-weapons apresentadas elas apresentam as características existentes em todos os outros jogos da série nas quais surgem. O machado permite atacar alto e na vertical (sendo a minha arma de eleição), a faca permite um ataque rápido e horizontal, ao passo que o bumerangue regressa às mãos do usuário (com isso podendo provocar múltiplos ataques nos adversários).
Todas estas armas podem ser encontradas nas inúmeras velas presentes nos níveis do jogo. Destas o jogador pode ainda obter corações, os quais servem de munição para a arma secundária. Isto era algo que não acontecia em 1988, com as velas a serem inexistentes e a sua função a ser ocupada por drops deixados pelos inimigos derrotados. Através das velas também podemos conseguir sacos de dinheiro e gemas vermelhas, para aumentar o nosso score geral.
Todas estas armas podem ser encontradas nas inúmeras velas presentes nos níveis do jogo. Destas o jogador pode ainda obter corações, os quais servem de munição para a arma secundária. Isto era algo que não acontecia em 1988, com as velas a serem inexistentes e a sua função a ser ocupada por drops deixados pelos inimigos derrotados. Através das velas também podemos conseguir sacos de dinheiro e gemas vermelhas, para aumentar o nosso score geral.
Os inimigos que nos vão surgindo pelo caminho contam com velhos conhecidos. Temos os sempre presentes morcegos e corvos, um séquito de esqueletos animados e fantasmas, corcundas, armaduras demoníacas entre muitas outras caras conhecidas. Alguns deles apresentam algumas diferenças em relação ao jogo de 1988. As Dryads (espíritos malignos presos nas árvores) não podem ser destruídos nesta nova versão, pelo que devem ser evitados a todo o custo, de forma a evitar dano considerável. Os outros, na maioria, a diferença está não apenas no novo trabalho de sprites, mas também na sua fluidez. Os esqueletos parecem agora mais em posição de ataque e não tanto de dança.
No meio disto tudo, e algo acerca do qual algumas vezes nos iremos esquecer (aconteceu-me uma vez, infelizmente), temos o tempo limite. Este está sempre a contar e quando termina, acaba uma das nossas vidas também. Revisited conta com um total de seis níveis, encontrando-se estes divididos por pequenas secções, o que serve de checkpoint. Sempre que perdermos uma vida, começámos do último checkpoint, evitando assim repetir novamente o nível do início. De igual modo se falharmos uma plataforma e cairmos no abismo isto não irá simbolizar um game over. Em vez disso, somos devolvidos à posição do nosso último salto, com o único custo a ser uma pequena porção da nossa barra de energia. Isso, juntamente com a existência de continues infinitos, torna este jogo uma versão bastante mais perdulária do título de 1988, onde tal não acontecia.
Os níveis em questão são o cemitério, a cave, a sala de banquetes, a arrecadação, a torre do relógio e a sala de trono do conde. Revisited mantém todos os pormenores visuais do original, com destaque para os quadros na sala dos banquetes, mas traz mais definição e beleza aos mesmos, projectando-os para a geração que cresceu a vislumbrar os cenários góticos e deslumbrantes da série. A complementar isso temos versões alteradas das líricas de Haunted Castle, com Bloody Tears a ser facilmente reconhecível.
Em suma, Haunted Castle Revisited é uma versão muito mais refinada e piedosa do que o original. Traz-nos um Simon cujo aspecto não se alterou muito, mantendo aquela aparência bárbara, o que de resto, era a base default do nosso herói nos tempos da Nes e Snes. O seu cabelo continua a ser azulado, ao contrário do seu cabelo castanho das consolas domésticas.
O mesmo não pode ser dito do conde, que sofreu um ligeiro redesign que o coloca mais no estilo de algo que veríamos em Symphony of the Night ou Circle of the Moon. Selene, a esposa de Simon, ganha finalmente uma face, o que é de louvar. Uma excelente introdução para quem desejar experimentar um estilo de gameplay mais perto dos Castlevanias pré-32 bits, assim como uma lufada de nostalgia para os fãs de longa data da série.
Nota: Análise efectuada com código final do jogo para Nintendo Switch, aquirido pelo próprio.