Call of Duty: Black Ops 6
E não fica por aqui. A importância histórica da Infinity Ward tem sempre de ser destaque, mas durante estas últimas duas décadas foram mais de 20 estúdios que desenvolveram os cerca de 30 videojogos com base no Call of Duty, sempre sobre a tutela da Activision que agora é propriedade da Microsoft, ao que eu não vou entrar muito nesse drama porque simplesmente, já chega disso.
Ao longo dos anos tem-se notado o desgaste criativo a vários níveis nesta franquia, não que isso tenha grande consequência no número de jogadores que continuaram diariamente a entrar no ecossistema à procura do multiplayer, mas algo que tem vindo a definhar são as campanhas das várias iterações anuais. Cada vez mais curtas, cada vez mais a cair no lugar comum, acabou por atingir um dos seus pontos mais baixos o ano passado com o Call Of Duty: Modern Warfare 3. A intenção este ano era fazer precisamente o contrário e dar pujança à proposta single-player. Mas... será que conseguiram?
A cena a que ninguém liga
Na campanha do Call of Duty: Black Ops 6 assumimos o papel de um ex-agente da CIA, William “Case” Calderon, agora membro da equipa Rogue Black Ops que é liderada pela mítica personagem da série “Black Ops” Frank Woods e que tem como desígnio limpar e expor a corrupção dentro da agência de espionagem. A servir de pano de fundo a todo o enredo estão os eventos que marcaram a década de 90, com o maior ênfase a ser dado à guerra do Golfo.
Uma das maiores surpresas para mim foi a variedade apresentada ao longo das 11 missões que a campanha tem e Call of Duty: Black Ops 6 está, ao contrário do que esperava, longe de ser apenas 8 horas de rebentar cabeças aos inimigos e seguir em frente até que apareçam os créditos. Embora mantenha boa parte dessa identidade, quase todas as missões são diferenciadas umas das outras; temos missões furtivas que nos fazem sentir um verdadeiro agente secreto, secções onde dispomos de um mini "open-world" em pleno deserto com vários objetivos para destruir e outros tantos pontos de interesse para explorar, missões de sabotagem onde temos ao nosso dispor várias maneiras de concluir tarefas e onde cabe ao jogador escolher uma resolução da sua preferência e ainda temos direito a um piscar de olho ao modo de zombies que embora pareça estranho à primeira vista se enquadra perfeitamente na história que nos é apresentada.
Entre missões da campanha, este grupo de ex-CIA’s junta-se todo na “Tower”, uma antiga instalação soviética escondida numa mansão isolada do mundo que se transformou na base de operações dos Rogue Black Ops para esta aventura. É aqui que assistimos a muitas das conversas entre personagens e também onde boa parte do enredo avança verdadeiramente. Como qualquer base de operações que se preze, serve também para treinar a pontaria, desbloquear equipamento e obter perks que nos vão ajudar ao nível de combate nesta campanha, tudo com dinheiro que vamos apanhando ao longo das missões.
Juntamos a isto tudo os momentos explosivos que por norma tendem a acontecer numa campanha típica de Call of Duty e temos aqui uma campanha como há muito tempo não tínhamos neste universo.
Ahhhh… o multiplayer… chamar nomes a pessoas, partir cabeças, ownar noobs, chamar nomes a pessoas, partir teclados ou mandar comandos pelo ar e chamar nomes a pessoas. Nesta altura da minha vida jogar o multiplayer do Call of Duty é o mesmo que ter um ataque de “road rage” no meio da segunda circular em pleno pico de afluência de tráfego. No mínimo… testa os nossos limites como seres humanos. No entanto, isso não invalida a sensação de nostalgia que senti. Regressar ao modo online do Call of Duty mais de uma década depois da minha última experiência a sério, onde passei centenas e centenas de horas a jogar o primeiro Black Ops "profissionalmente", foi inesperadamente agradável e acabei por passar mais tempo neste modo do que estava à espera.
A experiência multijogador do Call of Duty mantém-se inalterável e imaculada. Os mapas disponíveis são excelentes para este tipo de jogo, pois incentivam aos jogadores andarem sempre em movimento e o TTK (time to kill) continua super rápido, mantendo claramente a bitola dos seus antecessores.
A grande novidade acaba por ser o sistema Omnimovement. É muito divertido, proporciona grandes momentos, mas a verdade é que, como em tudo na vida, não é para andar a usar e abusar dele a toda a hora. Tanta e tanta vez que pensei que estava a mandar um mergulho para a vitória e acabei por cair estatelado no chão e sem vida. O problema esteve – inequivocamente – no operador e não no sistema! Podemos saltar, mergulhar ou resvalar literalmente para qualquer direção que queiramos sempre com controlo total da mira mas… será que este sistema é apenas uma novidade desde jogo ou será que a partir de agora vai ser este o novo standard em termos de jogabilidade? Só o tempo o dirá, mas penso que esta foi uma boa apresentação e certamente irá criar muitos vídeos virais nas redes sociais da vida.
A cena a que a malta cada vez mais liga
O modo Zombies de Black Ops 6 apresenta dois mapas novos: Terminus, um complexo prisional transformado em estação de investigação biológica, e Liberty Falls, uma pequena cidade americana que é sempre um bom sítio para ter uma invasão de zombies e também traz consigo o regresso das rondas que tem andado desaparecidas desde modo há algum tempo.
Confesso que não sou o maior fã de jogos de zombies, desde dos velhinhos Left 4 Dead 1 e 2 que nunca mais peguei em nenhum tipo de jogo ou modo deste género, no entanto passei algumas horas a experimentar e posso dizer que fiquei agradado com a experiência. O sistema por rondas mantém-nos sempre em busca de fazer mais e melhor, traz sempre novos objetivos ronda após ronda e claro vai fazendo subir a dificuldade. Por sorte fui sempre apanhando jogadores mais experientes que iam sempre dando indicações e armas a comprar, o que enalteceu ainda mais a experiência.
Os mapas disponíveis são completamente diferentes um do outro, oferecem diferentes experiências, mas são ambos divertidos de jogar.
Conclusão da cena
Com um novo sistema de movimento que acrescenta ainda mais dinamismo à jogabilidade (principalmente à vertente multiplayer), um modo de zombies mais robusto e uma campanha que entra diretamente para o top3 das melhores campanhas de sempre desta franquia, apetece-me empregar um termo muito em voga em muitas análises que têm vindo a aparecer nas últimas semanas sobre outros jogos... Call of Duty: Black Ops 6 é um "regresso em forma" que merece a atenção até daqueles que já há muito abandonaram esta série.
Quem achava que sobre a alçada da Microsoft este Call of Duty estava destinado ao fracasso, vai ter de esperar mais um ano, pois em 2024 esta saga apresenta-se mais forte que nunca.
Call of Duty: Black Ops 6 foi lançado no dia 25 de outubro de 2024 para Xbox Series X|S, Xbox One, PS5, PS4 e PC e está também incluído no Xbox Game Pass.
Nota: Análise efetuada com base num código final do jogo para PC, adquirido via Xbox Game Pass.