Mario & Luigi: Brothership


Depois do que parecia o fim de uma série, Mario & Luigi estão de volta com uma grande aventura, repleta de novidades! A dissolução da equipa Alphadream, responsável pela série, deixou muito de nós há cinco anos preocupados se isso também seria o fim deste RPG que tantos jogos diferentes nos trouxe. Afinal… a série RPG está de regresso com Mario & Luigi: Brothership, estreando-se na Nintendo Switch que mesmo nos seus (aparentes) últimos anos, ou meses de vida, ainda nos traz boas surpresas!


Zarpamos para o mundo de Elétria, um reino completamente despedaçado após um evento terrível ter separado a grandiosa ilha em mil bocados. É para lá que Mario e Luigi são transportados, literalmente sugados pelo céu e caindo assim num reino bem diferente do que estão familiarizados. O duo está separado no início da aventura, onde controlamos Mario para nos familiarizarmos com os controlos do jogo e, poucos minutos depois, reúne-se com Luigi e a aventura pode finalmente começar!

É então que Pligue, uma criatura alada que gosta de reforçar que não é um porco (embora pareça um porco mealheiro) que nos irá acompanhar durante a aventura, sendo o nosso guia enquanto exploramos Elétria. Foi no chapéu de Luigi que esta curiosa criatura encontrou um refúgio e um conforto extremo, tudo natural que ambos os irmãos aceitam sem qualquer questão, até porque já viajaram para o mundo dos sonhos de Luigi, o interior de Bowser, autênticas colisões de universos ou rompendo com a fábrica do tempo e espaço.

Tendo jogado todos os títulos da série, sentia-me novamente em casa com Brothership: os combates por turnos onde premia o botão no momento certo, a exploração mais contida e típica de um RPG tradicional, com muito toque do universo Super Mario à mistura, a escrita bizarra, quase cómica em que tudo era levado de ânimo leve… Logo nas primeiras horas via perfeitamente que este seria um Mario & Luigi como todos os outros, dando agora um salto para as três dimensões a nível visual, e não só!


Falemos, então, do combate! Este é das características mais notórias de Mario & Luigi, onde a nossa atenção é sempre requerida, seja tanto para atacar como defender, pois, um input de botão errado faz com que não tiremos partido de todo o potencial dos nossos ataques. Algo também relevante quando é a vez dos inimigos atacarem, pois todos eles têm diferentes movimentos em que temos de reagir no momento certo, não só desviando do perigo como ainda contra-atacar se houver essa oportunidade! É um estilo que vem já desde Super Mario RPG, mas que esta série o sabe fazer com ainda mais profundidade e diversidade em tudo o que acontece, não existindo quaisquer momentos mortos.

Posso dizer que não há motivos para alarme, todo o jogo é bastante acessível e embora conte com uma grande quantidade de diferentes ataques, temos apenas dois botões designados: o botão A dedicado a todos os movimentos de Mario e o botão B, para Luigi. Nunca vi o duo tão unido em combate como agora, mesmo os ataques normais de Salto e Martelo são autênticos movimentos em equipa, colocando os irmãos a atacar em conjunto para provocar o maior dano possível! E isto aplica-se também nos ataques especiais, as ações Bros. bem familiares na série, onde usamos Mario e Luigi em conjunto para ataques verdadeiramente devastadores.


Outra das novidades são os Plugues de batalha, pequenas habilidades especiais que podemos ativar em combate para provocar toda uma série de situações! Desde provocar explosões, atingindo todos os adversários em combates, passando por largar bolas de picos nos adversários ou ainda usar automaticamente itens, juntamente com todo um grupo de ajudas que nos otimizam a defesa ou os contra-ataques. São coisas que vamos desbloqueando à medida que progredimos no jogo, que me diverti imenso a procurar pelas combinações perfeitas de Plugues, até porque há umas quantas surpresas interessantes se usarmos alguns conjuntos, o que me deixou empolgado já que gosto de tentar espremer sistemas de combate o mais possível…

No entanto, com todas estas ajudas não pensem que o jogo é uma aventura demasiado fácil. Não é um jogo difícil, baseia-se muito no nosso desempenho a premir os botões no momento certo, mas foram vários os combates em que estava constantemente a curar Mario e Luigi (ou até mesmo ressuscitá-los), pois os inimigos, principalmente bosses, estavam a desafiar-me, e bem! Nem era uma questão de estar com mau equipamento ou uns níveis abaixo, é mesmo porque um ataque certeiro por estes inimigos deixava-me a soro, tendo um quanto desafio! Foram momentos esporádicos aqui e acolá na minha aventura, com inimigos difíceis de prever os seus ataques, mas que consegui dar a volta.

Uma aventura algo diferente da que a série havia-me habituado, por muito que esteja preparado para ver de tudo, com umas quantas surpresas tendo-os jogado! São vários os rostos familiares que também foram parar ao mundo de Elétria, que se vêm também envolvidos na nossa demanda em recuperar este reino para que se volte a unir de volta em redor da grande Arbolux, uma majestosa árvore no centro da ilha de Nauta, ilha esta que mais parece uma nau (daí o nome). Este é apenas um dos imensos trocadilhos que vão encontrar no jogo, totalmente localizado em português do Brasil e bem conseguido, embora não sinta que esteja ao nível de Mario & Luigi: Dream Team Bros., cuja localização em português de Portugal seja, para mim, os dos melhores trabalhos que alguma vez assisti.


Trocadilhos à parte, esta aventura a zarpar pelos vários mares conta com a ajuda de Tetê, uma jovem cuja missão é plantar e proteger a enorme Arbolux de modo a unir Elétria de volta. Para tal o duo segue de ilha em ilha, tentando encontrar novas ilhas à medida que navega pelos mares e, avistando terra, são disparados por um engenhoso canhão de modo a resgatar mais uma ilha. Na prática, toda a aventura se resume a isto, cada ilha será então ligada a Nauta através de linhas de energia e, à medida que avançamos na história, várias personagens com quem nos vamos cruzando juntam-se à nossa expedição, formando uma espécie de tripulação cujos laços fraternais vão-se fortalecendo. Há um certo destaque a Luigi, que através do seu poder de dedução e lógica por várias vezes tem ideias brilhantes para que nos auxiliam tanto a explorar o jogo como nos combates contra os bosses.

São imensas as personagens com quem nos vamos cruzando, embora que muitas delas sejam apenas relevantes uns minutos até ficarem esquecidas (mesmo que no barco), dando destaque às que se juntam entretanto. Não seria um Mario & Luigi sem um conjunto de coloridos vilões com o curioso nome de Batalhão de Extensão, com os membros Coné, Gui e Zão, que agem de acordo com a vontade do seu líder. A história é tranquila, longe de plot-twists chocantes, sendo choque uma palavra que reforço, porque todo o tema do jogo roda à volta de energia e eletricidade, desde as personagens que parecem entradas de tomadas, os nomes de tudo o que encontramos e ainda todo um enredo à volta de… más energias.

Tudo isto faz parte do charme de Mario & Luigi, série que vive muito graças ao seu colorido artwork cuja transição para as três dimensões foi perfeita! Das conhecidas ilustrações que se adaptam perfeitamente aos modelos das personagens, o quão expressivos Mario e Luigi são, como se fossem desenhos animados que quebram as leis da física, os cenários que parecem ilustrações e ainda pequenos detalhes, como os movimentos das personagens parecerem os mesmos que encontramos nos jogos da Nintendo 3DS, onde mesmo o jogo sendo em 3D replicam os movimentos dos sprites outrora usados. Fiquei também viciado na banda sonora, cantarolando o tema de combate mais vezes do que gostaria de admitir, e feliz por ver de volta o gibberish "italiano" que ambos os irmãos tanto usam.


Uma aventura grandiosa que conta com o seu conjunto de marés conturbadas pelo seu desenrolar, que me deixaram de pé atrás umas quantas vezes. Por exemplo, logo no início da aventura zarpar pelas marés é entediante, muito devido à velocidade em que Nauta navegava pelas rotas pré-definidas, problema que se resolve umas horas depois do arranque do jogo, ao desbloquear uma velocidade mais aceitável. Depois há ilhas que são bastante desinteressantes, onde simplesmente vamos cumprir a nossa missão e… basicamente é isso. Há ainda ilhas que se prolongam demasiado, convidando em demasia a nossa estadia onde chegava a um ponto que já só queria terminá-la e seguir para outra, e não percorrer mais um ou outro corredor. Foram momentos esporádicos pouco frequentes, no meio de muitos outros que me entreteram bastante e faziam subir (e bem) o número de horas passadas com o jogo, desde as muitas missões secundárias que me desbloquearam novas coisas e deram-me itens preciosos para tornar a minha missão mais tranquila.

Mesmo muitas vezes a exploração era bem executada, com minijogos de ritmo à mistura, uma espécie de (micro) feira popular ou até fazer de investigadores numa e outra ilha. Locais que também exploramos através de movimentos especiais que transformaram Mario e Luigi num Ovni ou uma bola, por exemplo, coisas que desbloqueamos para progredir no jogo e até mesmo aceder a partes outrora inacessíveis de ilhas que visitamos muito tempo antes. Habilidades estas que até recebem melhorias, convidando-me a explorar de novo à procura de mais segredos, resolvendo vários puzzles que encontrava em plenos cenários, onde até mesmo surgiram momentos que me lembravam de Golden Sun, por algum motivo, talvez porque serem ambos RPGs com imensos puzzles, que contam com enormes faróis que temos de os "acender" antes de prosseguir com a aventura? Adiante!

Foi um regresso de uma série que tanto estimo, que me deu tantas horas de gozo e que não vou largar até a concluir a 100%, pois há muito que ainda quero explorar e o leque de personagens cativa-me a fazê-lo, ajudando-os com as suas missões. Só tenho pena que o salto para uma consola como a Nintendo Switch, largando a exclusividade da série em consolas apenas portáteis, tenha sido demasiado cauteloso e não tenha explorado mais do que simplesmente dar um salto visual à série.


Cheio de momentos que me faziam querer sempre “avançar um bocado mais”, Mario & Luigi: Brothership é um ótimo RPG mais tradicional, que conta com um sistema de combate bem familiar onde a nossa atenção é do mais valioso possível, ideal também se quiserem colocar aqueles menos experientes no género a explorar, talvez, a sua primeira grande aventura!

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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