Final Fantasy III
Após diversos ports da série na GameBoy Advance, Final Fantasy III não vem só subir a qualidade dos RPGs da DS, como iniciou uma linha de remakes da série nas consolas portáteis da Nintendo, estando já o 3º e 4º capítulos disponíveis, e possivelmente o 5º e 6º estarão planeados para a 3DS. Para além de novos gráficos, a recriação da banda sonora e de uma introdução em Full-Motion, já muito tradicional da série, a história principal do jogo foi ligeiramente alterada, dando personalidade a personagens que na versão original da NES eram apenas "Nameless Heroes".
Seguindo na maioria do jogo os quatro personagens principais, tendo Luneth mais destaque por ser o primeiro a aparecer, a história surge por partes, em que ao chegar a um novo local existe um problema a resolver que normalmente termina numa ligação ao ponto seguinte do jogo. Por vezes esta ligação não existe, no entanto, acabando numa procura exaustiva que pode levar a alguma frustração. Mesmo assim, com uma história simples e com algumas falhas, o jogo surpreende muito devido ao seu extenso mapa do mundo, e todo um mistério que o envolve, deixando o jogador por vezes curioso com o que possa surgir depois.
O jogo é bastante tradicional, conseguindo cativar devido ao seu ambiente clássico de fantasia medieval com futurismo à mistura, um contraste com alguns dos mais recentes jogos da série. O sistema de batalha é por turnos, sem o muito conhecido ATB (Active Time Battle), deixando assim o jogador escolher as acções das 4 personagens com tempo, ajudados por vezes por uma 5ª personagem temporária com acções automáticas.
Também está presente o sistema de Jobs (Classes), permitindo uma escolha vasta e diversa de equipas que mesmo optando por um escolha mais estética, cada Classe está bastante equilibrada, permitindo sempre boas estratégias, mas sem esquecer que é sempre necessário ter um, ou preferivelmente dois elementos da equipa que consigam curar. Estas batalhas e todos os seus detalhes acompanham-nos durante o grande grosso do jogo, pois diversos bosses, principalmente os da parte final do jogo, exigem demasiado grinding, o que também é um elemento bastante tradicional da série, e até uma necessidade numa grande quantidade de jogos do género.
No entanto, o jogo por vezes é demasiado retro, deixando um pouco a desejar em certas ocasiões ou pormenores, mas ainda assim longe de ser um mau jogo. Alguns pontos negativos é a utilização dos Save Points, também eles à moda antiga, que em diversas ocasiões nos fazem falta. Mesmo existindo o Quicksave, que apenas nos permite suspender o jogo em qualquer altura, várias são as vezes que o jogador enfrenta picos de dificuldade altos que nos colocam em frente do ecrã "Game Over", perdendo assim todo o nosso tempo e experiência, o que se torna um problema quando já estamos habituados a lidar com sistemas que não nos punem de um modo tão agressivo. Também por vezes a história deixa um pouco a desejar, ignorando pormenores sobre as personagens que nunca são revelados.
As vantagens tiradas da DS não são apenas a nível gráfico, que permitiram modelos 3d únicos para cada personagem (mesmo dentro de classes, as personagens têm pequenos detalhes diferentes nas suas roupas). Os controlos do jogo podem ser todos feitos pelo touch-screen para além dos botões, oferecendo um controlo mais analógico, o que foca muito o jogo no ecrã de baixo e ignora o ecrã de cima (que muitas vezes apresenta um ecrã negro, principalmente nas batalhas), algo que podia ter sido melhor desenvolvido. Temos também o serviço Mog-Net, um sistema de troca de cartas com personagens do jogo (embora muito ignorado), ou também, através da ligação ao Wi-Fi da Nintendo, nos permite trocar cartas com outros jogadores, desbloqueando assim algum conteúdo secreto (como a classe secreta, o Onion Knight, classe inicial do jogo original trocada neste remake pela classe Freelancer, mas com alguns truques na manga).
Mesmo com os seus defeitos, é um jogo obrigatório para os fãs da série, ou até mesmo para quem goste do género ou para quem quer uma experiência mais clássica. Foi um jogo muito importante pois existiam muito poucos RPGs antes do seu lançamento que realmente se destacaram, sendo uma espécie de introdução séria do género na Nintendo DS. Com ele, foi possível ter um maior suporte de diversas séries, com remakes, ports e novas entradas, e até mesmo RPGs memoráveis, únicos, que tornaram a consola no mais importante sistema para o género.