Call to Adventure
Artigo escrito por António Dente.
Um acólito com sede de conhecimento e um segredo perturbador. Assim começou a minha história neste fantástico mundo e nada me podia preparar para os desafios que iria enfrentar.
Call to Adventure é um jogo de cartas e fantasia de Johnny e Christopher O'Neal concebido para 1 a 4 jogadores. Já existem algumas expansões e recentemente terminaram um kickstarter para o “Call to Adventure: Epic Origins” que pode ser adicionado ao jogo base ou jogado por si só.
Um jogo altamente temático que faz investir no desenvolvimento do nosso personagem ao superar desafios. Cada jogador irá ter uma história de origem que poderá a ajudar a definir a sua estratégia de jogo. No centro da mesa iremos ter 3 fases, cada uma mais desafiadora que a anterior. No seu turno, o jogador irá tentar superar desafios com uso das suas habilidades e um pouco de sorte no lançamento de runas, que neste jogo substituem os habituais dados. As personagens podem também receber ajuda de heróis e anti-heróis durante o seu turno, ou serem colocadas em desvantagem por um herói ou anti-herói de um jogador adversário. Ao completar desafios, os jogadores ganham novas capacidades e vão adicionando à sua história. Quando um jogador terminar a sua história, completando desafios da 3ª fase, os restantes terão hipótese de realizar mais um turno e o jogo termina, seguindo-se a contagem de pontos.
Como disse antes, o meu personagem era um acólito com sede de conhecimento, estes eram de conhecimento comum pelos outros jogadores. O que eles não sabiam é que o meu destino era tornar-me um Vilão, por isso ganhei pontos por completar desafios e travessar caminhos que poderiam ser considerados “maléficos”.
Infelizmente toda a minha astúcia e traição não foi suficiente para derrotar uma aprendiza viciada em adrenalina que estava destinada a ser uma grande exploradora... Nem vou debater que foi a única a conseguir completar a sua história, mas acho que uma lâmina bem afiada poderia ter mudado a sua opinião!
Embora seja um jogo relativamente leve e rápido, eu acho-o bastante interessante e a direção que têm seguido com as expansões é prometedora. Por exemplo temos a expansão “Call to Adventure: The Name of the Wind” que alguns poderão reconhecer por ter o nome de um livro de Patrick Rothfuss. Esta inclui novas cartas que referenciam o universo criado nestes livros e trazem uma nova mecânica inspirada pelos mesmos. Sendo este um dos livros favoritos de um familiar meu, podem imaginar o seu encanto por termos esta expansão!
Avaliação D.I.C.E.
Dinâmica
As mecânicas de jogo são relativamente simples pelo que é bastante fácil de explicar e começar a jogar. Graças a esta simplicidade, não existe muito tempo de espera entre turnos de diferentes jogadores pois mesmo que tenham levado a carta que desejavas é fácil ajustar a estratégia e dar continuidade á jogada. Também a mecânica de heróis e anti-heróis permite haver alguma diversão na mesa ao fazer com que um oponente tenha de alterar a sua estratégia naquele turno ou realizar o desafio com alguma penalização. Não vai haver amizades estragadas mas podem ter de pagar um café no fim do jogo!
Integração Temática
Como pode ter ficado claro mais acima, o jogo é altamente temático. Quanto mais nos investirmos na nossa história mais interessante iremos achar o jogo. Se o que vos puxa é um desafio mecânico, este jogo poderá não ser do vosso interesse mas se gostam de desenvolver um personagem e seguir a sua personalidade então não deixem o “Call to Adventure” passar ao vosso lado.
Complexidade
Como já indiquei acima as mecânicas são simples e eficazes. Não existe algo que nos apanhe completamente de surpresa e faça com que um jogador dê uma reviravolta no último turno. Também não diria que é um jogo para crianças mesmo com a sua simplicidade. A diversão deste jogo está mais ligada na sua dinâmica e temática do que na sua complexidade.
Entretenimento, Design e Arte
A arte nas cartas é fantástica. Quem gosta de RPG’s e jogos como Dungeons and Dragons irá adorar o design. Cada carta é única e bastante detalhada. A posição do texto e a ausência de margem nas cartas também aumenta a sua beleza na minha opinião.
Considerações Finais
Um jogo rápido, lindo e com grande potencial temático. Não vai agradar a todos mas quem aprecia uma boa integração temática, arte das cartas e simplicidade mecânica vai ganhar um novo companheiro na mesa! Espero que venham mais expansões que introduzam cartas de outros mundos literários, mas apenas o tempo irá responder a este desejo!