Murder by Numbers
Um jogo que mistura puzzles e investigação, com peculiares personagens ilustradas por Hato Moa (Hatoful Boyfriend) e uma banda-sonora composta por Masakazu Sugimori (Phoenix Wright: Ace Attorney, ou o magnífico Ghost Trick)? No mínimo, é caso para chamar a atenção!
Disponível tanto para PC como para a Nintendo Switch, este é mais propriamente um conto interativo com uma divertida história de mistério e, claro, investigação. Tudo começa quando a protagonista, uma atriz de uma série policial extremamente popular, é despedida pelo chefe sem qualquer explicação. Ao ir embora, mal chegou ao parque de estacionamento, recebe a notícia de que o tal chefe foi encontrado morto. De repente, de investigadora numa série de ficção, passa a suspeita número um de um crime na vida real.
Terá ela o que é preciso para decifrar este mistério? Talvez não sozinha, mas com a ajuda de SCOUT, um pequeno robô de reconhecimento que acaba de conhecer no meio desta confusão. Problema: o robô está meio avariado... mas é bem intencionado! Juntos, talvez consigam resolver toda esta confusão.
O grande conteúdo deste jogo está nos diálogos entre as diversas personagens, que muitas vezes brincam com certos estereótipos, relembrando que as aparências iludem. Infelizmente, o nível de humor é também muitas vezes básico, não havendo muita consistência a nível da qualidade narrativa. É uma história engraçada, que avança pela investigação de homicídios em diferentes cenários, e torna a atriz na "vida real" uma encarnação da sua própria personagem. Pelo meio, exploram-se vários temas como a discriminação sexual e a própria sexualidade de algumas personagens, mas muitas vezes o avanço da história perde-se em diálogos extensos e pouco relevantes.
Enquanto a protagonista fala com as diversas personagens, o pequeno robô procura pistas nos diversos cenários, que aqui assumem a forma de puzzles picross, grelhas de imagens pixelixadas cujo desenho tem de ser decifrado com base em pistas numéricas nas suas linhas e colunas.
É esta a principal componente de puzzle neste título, passar o tempo a resolver estas imagens de forma a encontrar novas pistas, que poderão depois ser apresentadas às outras personagens, contrapondo os seus argumentos até que seja descoberta a verdade. Se os puzzles iniciais consistem em grelhas bastante simples para decifrar, conforme se avança também aumenta o seu tamanho e complexidade.
Se tanto o conceito de investigação como o do puzzle são interessantes, na realidade a combinação entre os dois não funciona. A sensação transmitida é a de uma brusca transição entre dois jogos bastante distintos, onde os puzzles quebram o avanço da história... e a história interrompe as sequências de puzzle. O resultado acaba por ser um conjunto de puzzles que facilmente seriam substituídos por qualquer outra forma de obtenção das pistas, importantes para o avanço da investigação.
Apesar do staff de qualidade envolvido no desenvolvimento de Murder by Numbers pelos estúdios da britânica Mediatonic, o jogo acaba por ficar aquém do seu potencial em múltiplos aspectos. Os fantásticos desenhos das personagens são contrapostos pelo reduzido número de expressões faciais ou corporais. Os diálogos, como já referido, variam tanto entre o divertido ou interessante, como as piadas básicas ou conversas irrelevantes. Já os puzzles, além de interromperem o progresso, facilmente se encontram alternativas com melhor interface noutros jogos de picross.
Em geral, Murder by Numbers é um divertido jogo de investigação com puzzles de picross à mistura, e que promete horas de entretenimento, mas em troca requer uma boa dose de paciência.
Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PC via Steam, gentilmente cedido pela Cosmocover.