Trials of Mana
O salto do 2D para as três dimensões foi muito bem conseguido, recheado de referências acompanhadas por novas surpresas, surgindo muito de novo a explorar. Ganhamos uma certa verticalidade nos cenários, os telhados e as traseiras dos edifícios têm tesouros, abrem-se novos caminhos para explorar e novos grupos de inimigos a enfrentar. Somos convidados a explorar bem cada uma das áreas, não só pelos tesouros à nossa espera como uma side quest durante o jogo todo onde temos de encontrar Li’l Catcus, um pequeno aventureiro que nos dá várias recompensas. Tudo isto me levou a explorar todos os mapas a pente fino, certificando-me que tinha descoberto tudo antes de prosseguir para o próximo local.
São sistemas simples e dependendo da classe, cada personagem pode trazer algo diferente para o combate. Por exemplo, se optarmos por uma Riesz com classes ela é mais focada no suporte, enquanto que o lado Dark baixa as estatísticas dos adversários. Todas as classes estão equilibradas, mas em alguns casos podemos ter de pensar um pouco no setup: Duran e Kevin são ambos guerreiros com um forte potencial em curar o grupo, que podemos ignorar seguindo o lado Dark e torná-los em fortes lutadores. Há muito a explorar e, caso não estejamos satisfeitos com o resultado final destas transformações mais para o final do jogo podemos fazer reset às classes dos personagens, escolhendo depois novas combinações, outra novidade bem-vinda, mas que podia ter sido melhor explorada.
Escolher os personagens é mais importante para a história do jogo do que propriamente o que trazem para o combate. Existem 3 cenários diferentes com dungeons e bosses exclusivos e com vilões que ganham mais destaque que outros: Duran e Angela partilham um cenário; Kevin e Charlotte outro e por fim Riesz e Hawkeye. A história brilha no modo como muda dependendo do nosso trio de personagens, com certos acontecimentos a terem mais ou menos detalhe por envolver diretamente um (ou mais) personagens envolvidos, o que em alguns casos causa alguns problemas de continuidade. Mas ver a equipa reagir de maneira diferente, ou até mesmo as interações entre os personagens na equipa levou-me a querer repetir o jogo para ver estas diferenças.
A jogabilidade adaptou-se bem ao 3D, sendo bastante viciante andar a derrotar os vários inimigos que nos vão aparecendo, com bosses bastante memoráveis! O jogo em si é fácil, bastante fácil até mesmo jogando em Hard e à nossa disposição vão surgindo novas habilidades que conseguem tornar a nossa equipa em algo completamente overpowered. Mas há muito a explorar, imensos bosses a derrotar e todo um novo capítulo post game que serve de ponte, ligando Trials of Mana ao resto da série. Depois de tudo concluído ganhamos ainda o New Game +, levando todos os itens e habilidades conseguidas para um novo jogo e ainda alguns extras que nos ajudam a progredir mais rapidamente no jogo. Não existindo um cenário “completo” onde assistimos a todos os eventos numa só vez, estes extras facilitam imenso em conhecer tudo o que a história tem para oferecer.
O remake de Trials of Mana vem quebrar bastante o paradigma que os dois remakes anteriores criaram, apresentando-se como um jogo bastante sólido e muito recomendável para os fãs de RPGs, ou até mesmo para quem queira um jogo de ação mais acessível. Há um forte sentimento de nostalgia dos anos 90 neste jogo, mas de todo ele parece ultrapassado.
Nota: Esta análise foi efetuada com base numa cópia final do jogo para Steam, gentilmente cedido pela Ecoplay.