Those Who Remain


Com o passar dos anos são mais e mais os portugueses que desenvolvem videojogos e sempre que temos um jogo "Made In PT", é de aplaudir o esforço e dedicação para marcar Portugal no mapa. Those Who Remain é um survival horror na primeira pessoa com umas influências de Silent Hill, que agora chega ao PC, PlayStation 4 e Xbox One, com uma versão para a Nintendo Switch a caminho.

Para aqueles que não apreciam terror psicológico ou tudo que envolva o sobrenatural, este claramente não é um jogo que se possa recomendar, já os mais corajosos podem encontrar aqui uma experiência com uma narrativa genial. Sem fazer qualquer tipo de spoiler, pois o melhor está mesmo na história, Those Who Remain leva o jogador a enfrentar a escuridão com a luz, a única arma disponível ao logo de uma inquietante jornada.

Tudo começa na cidade de Dormont, repleta de seres revestidos em sombras, com olhos brilhantes, sem qualquer explicação do que se está a passar. Será a luz o condutor do jogo ao longo de toda a jornada, até ao seu desfecho e toda a verdade sobre o que afinal se passa em Dormont... desde que a personagem se mantenha na luz.


Ao longo da aventura, o jogador irá atravessar dois mundos paralelos, mas ligados entre si, com puzzles que terão de ser resolvidos para se poder prosseguir. Muitos dos puzzles são simples, mas por vezes é bastante complicado localizar um objeto em específico, pois nem sempre existem pistas concretas para os mesmos. Em certas áreas, vão-se encontrar monstros que estarão a circular pela àrea, obrigando o jogador a ter de atravessar com cautela pois, se este for apanhado, é morte súbita.

Não existe nenhum sistema de saúde, o jogador apenas tem de prosseguir por portas que vão dando acesso a novos locais chaves de Dormont, desde o Hospital, a esquadra policial e a bilbioteca municipal. Quanto a "jump scares", eles não são muitos mas existem e, aos mais sensíveis, não é aconselhável jogar às escuras... fica o aviso.

Onde Those Who Remains brilha como um diamante é precisamente na sua narrativa, única, envolvente e inesperada, tal como se de um bom filme tratasse. Mais do que em torno de uma personagem, a história envolve toda a gente de Dormont, incluindo o protagonista, que terá de tomar importantes decisões ao longo deste pesadelo. Por isso mesmo, é deveras importante ler todas as notas que surgem pelo jogo para ter uma ideia dos acontecimentos e quais as suas razões, antes de se decidir perdoar ou condenar os actos das personagens secundárias, pois é aqui que reina Those Who Remain e que se pode dizer inequivocamente que está, fascinante.


Infelizmente, o jogo conta com grandes problemas tanto a nível de performance como de jogabilidade. Testado na versão de lançamento para a PlayStation 4, o jogo tem imensas quebras de framerate. Não estragam a experiência por si, mas é notável uma constante quebra ao longo da aventura, até mesmo em espaços fechados. Quanto à jogabilidade, embora a sensibilidade dos controlos seja ajustável, a personagem é difícil de controlar. Por exemplo, é muito difícil conseguir abrir uma gaveta em específico ou acender um interruptor, obrigado a mover não só o analógico direito como o esquerdo para tentar a sorte de interagir onde se pretende. Algo ainda mais incómodo num jogo onde se tem de acender interruptores a todo o momento. Problemas que poderão ser corrigidos em futuras atualizações, mas que já não deveriam estar presentes no seu lançamento.

Já quanto aos ambientes propriamente ditos, muitas vezes os cenários são demasiado vazios e alguns dos puzzles um tanto sem nexo ou demasiado básicos, o que acaba por afastar da experiência que se pretendia dar ao jogador.

Este é um trabalho português e referências lusitanas não faltam, é até possível ver uma bandeira de Portugal no quartel dos bombeiros, assim como referências a figuras conhecidas. Além disso, embora as vozes não estejam em português, conta com as devidas legendas em PT-PT.


Desenvolvido pela Camel 101, Those Who Remain é um jogo misterioso, com uma narrativa muito boa e um ambiente sombrio, mas alguns problemas na sua concretização. Ainda assim, é um título que os fãs do género irão certamente apreciar... desde que se mantenham na luz.

Nota: Análise efetuada com base em código do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Heaven Media.

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