Streets of Rage 4


25 anos após o seu último jogo na Mega Drive, Streets of Rage regressa em força com o seu quarto capítulo da série. Um regresso formidável recheado de nostalgia para fãs da velha guarda que passaram horas em frente a uma TV crt nos bons anos 90, mas também para os novatos que podem, assim, experimentar um género que estava praticamente extinto na indústria.

Costuma-se dizer que a esperança é a última a morrer e, com tantos clássicos da SEGA Mega Drive que acabaram por receber remakes, versões remasterizadas e até sequelas, um dos mais esperados foi claramente o Streets of Rage por ser um dos favoritos de todos os fãs e nunca ter tido um único jogo da série lançado depois da estreia na consola da Sega. Para todos o fãs, então, este é um sonho tornado realidade.

Além do evidente sentimento nostálgico, a adaptação aos tempos modernos faz uma fusão praticamente perfeita que vai agradar a tudo e todos. Se a velha trilogia tinha um replay value enorme devido à sua diversão e também à sua incrível banda sonora, o quarto capítulo vem provar que tudo isso está de volta e mais, para ser jogado via online.


Em SOR 4 os jogadores têm vários modos disponíveis, desde o modo Story, Stage Select, Arcade, Boss Rush e Battle. O Story traz-nos uma nova narrativa com a aparição de personagens famosas como Adam Hunter e até vilões como Shiva, pode-se dizer que está muito bem composta e segue uma linha com toda a lógica oferecendo uma experiência cheia de cenários variados e muito bem trabalhados. O Stage Select dá a liberdade ao jogador de escolher qualquer nível dos 12 capítulos disponíveis no modo Story, já o Arcade, é o verdadeiro desafio para os veteranos, que consiste em terminar o jogo com apenas um crédito, finalizar o modo Story sem ter a possibilidade sequer de gravar o jogo, é como descrito antes de iniciar o modo, “Ready for the Ultimate old-school experience?”, está tudo dito.

Por fim, Boss Rush que tem como finalidade enfrentar todos os bosses do jogo e o modo Battle para ser jogado numa arena lutando contra um oponente humano seja online ou offline, o qual é divertido e funciona bem para umas partidas rápidas. O Join Online Games consiste em pesquisar quem está de momento a jogar com as portas abertas para enfrentar seja qual for o modo, em co-op. De referir que o jogo tem capacidade para 4 jogadores em simultâneo, o que é de valor nos dias de hoje.

O jogo não é propriamente longo mas, o replay value é de excelência. Inicialmente estão ao vosso dispôr 4 personagens jogáveis. Com a progressão e tempo investido no jogo, vão sendo desbloqueados personagens novos como também, os mesmos personagens dos jogos anteriores. Todas as personagens dos jogos SOR, seja do 1, 2 ou 3, estão disponíveis para desbloquear e, são jogáveis, exatamente com os sprites da era dos 16 bits, Axel e companhia trazem lágrimas de alegria aos mais velhos, é simplesmente belo e apesar de no 4 os cenários serem todos desenhados e pintados, estes sprites encaixam na perfeição. De referir que é possível mudar a banda sonora para o estilo retro e, igualmente serem desbloqueadas as bandas sonoras do 1 e do 2, excluíndo assim, do terceiro jogo que tem, na minha opinão, 4 das melhores faixas de toda a série e que é incompreensível a sua ausência.


O restauro de saúde em SOF 4 é exatamente o mesmo, apanhar maças e frangos vão restaurar a saúde, no 4 foi introduzida uma opção em que os jogadores podem trocar a maça e o frango por outras comidas, algo que está deveras engraçado. O que está disponível durante as lutas são também as armas que podem ser atiradas aos inimigos e até apnhar do ar, e estes não são os únicos pormenores que trazem uma maior liberdade na jogabilidade comparada aos antecessores, no entanto, na minha opinião, o maior pecado é o facto de as personagens não terem a habilidade de correr, é um passo atrás comparado ao terceiro jogo em que se pode esquivar e correr, num jogo como SOR, que é crucial para escapar a hordas de inimigos quando o jogador se encontra encurralado, algo surpreendentemente inexplicável.

A banda sonora é de Olivier Derviere, famoso por criar as músicas de jogos bem conhecidos dos jogadores da nova era, A Plague Tale: Innocence, Vampyr, AC: Black Flag e muitos outros. Esperava-se com grande entusiasmo uma banda sonora de qualidade, as expectativas não eram altas quando se referiu o nome de Olivier, no entanto, fomos informados antes do lançamento que Yuzo Koshiro teria mãos em algumas faixas do jogo e, eis que as faixas de Yuzo Koshiro estão incluídas e são bombásticas, igualmente Motohiro Kawashima e outros convidados. No entanto, Olivier fez um excelente trabalho e podemos dizer que, embora não seja o génio Yuzo Koshiro, o produto final está maravilhoso.

Há um modo Extras no menu que permite aos jogadores dar uma vista de olhos ao processo de criação realizado durante a produção de SOR 4, o design das personagens, os cenários, sketches, algo que é sempre de louvar ter incluído num videojogo. E extras pelo jogo fora não faltam, é necessário descobrir e passar horas a jogar, referências são imensas, desde o Roo (Kanguru que surge em SOR 3), a máquinas arcade com o jogo Bare Knuckle (SOR versão japonesa), aos próprios sons e o famoso “Go” com a seta para a direita indicando para seguir caminho.


Streets of Rage 4 é um excelente exemplo de como renascer das cinzas. Uma prova que, se alguém tiver um enorme amor por uma franquia, essa pode muito bem ser ressuscitada e espalhar magia novamente. É um jogo obrigatório para os fãs e que pode muito bem dar início a uma nova geração de beat’em ups nesta nova geração. Depois disto, queremos mais.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para Xbox One, disponível via Xbox Game Pass.

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