Resident Evil 3
Artigo por André Santos / Parceria FutureBehind
Parece que está na moda, não é? A Capcom ganhou o hábito (e ainda bem) de presentear os fãs da série Resident Evil com remakes. Arriscamos a dizer que tudo começou com Resident Evil VII e com o seu motor gráfico RE Engine, que permite à Capcom refazer jogos que marcaram um estilo de forma a que os mesmos possam marcar esta geração.
O primeiro destes remakes foi o de Resident Evil 2, que por aqui nos deixou fascinados com a qualidade do trabalho desenvolvido para nos levar de volta a Raccoon City. Agora temos Resident Evil 3 que nos transporta para a cidade 24 horas antes dos acontecimentos de Resident Evil 2, mas, com os jogadores cada vez mais exigentes, será que Capcom voltou a fazer magia ou a moda dos remakes já deu o que tinha a dar?
Este remake de Resident Evil 3 começa com Jill no seu quarto, onde, depois de acordar de um pesadelo nada simpático, conseguimos interagir com o ambiente à nossa volta, encontrar alguns colecionáveis e explorar um pouco do apartamento da protagonista. Não vamos mentir, o ambiente que esta exploração em primeira pessoa proporciona, deixou-nos com saudades de Resident Evil VII e de toda a imersão que este tipo de visão traz aos jogos. Mas acabou rápido, depois do pesadelo a realidade de Jill não foi muito melhor. Ao ver-se atacada por, o ainda desconhecido, Nemesis, a nossa personagem tem que fugir e a visão em primeira pessoa foge com ela. Como seria de esperar, toda a aventura de Resident Evil 3 é passada na terceira pessoa.
O facto de Resident Evil 3 continuar fiel ao original e apresentar-se com uma visão na terceira pessoa não faz com que o mesmo seja menos imersivo, pelo contrário, todo o ambiente criado, desde as alturas de maior calma até aos momentos com uma banda sonora mais intensa fizeram-nos saltar da cadeira inúmeras vezes, três das quais nos primeiros minutos de jogo.
Pouco mais de quatro horas e 18 mortes
A aventura começa de forma agitada, ainda nem acordamos e já estamos frente a frente com aquele que sabemos ser o boss final do jogo. São uns bons minutos de coração aos saltos e respiração acelerada, respiração que só conseguimos controlar, e não muito, durante algumas das cutscenes que vão aparecendo enquanto tentamos escapar a uma criatura com o triplo (ou mais) do nosso tamanho. Depois de, finalmente, conseguirmos escapar a Nemesis não são dois ou três zombies no meio da rua que nos vão incomodar, não são dois ou três "cães" que nos vão fazer ter medo de correr as ruas de Raccoon City a procurar o que precisamos para sair de lá, sim porque essa continua a ser a nossa missão neste remake... sair da cidade antes que a cidade deixe de existir.
E é este mesmo o ponto menos positivo de Resident Evil 3, para além dos confrontos mais que necessários com um inimigo que tem como única missão acabar com a nossa existência, o jogo acaba por ser bastante calmo e não oferece o mesmo tipo de agitação que oferecia Resident Evil 2 Remake. Bem sabemos que os eventos deste terceiro jogo passam-se horas antes dos acontecimentos de Resident Evil 2 Remake, e que provavelmente estamos numa linha temporal onde a propagação do vírus criado pela Umbrella Corporation ainda não se encontra na sua maior força, mas a comparação tem que ser feita.
No último remake que tivemos oportunidade de jogar, o grande inimigo era Mr. X. Com metade do tamanho de Nemesis e não tão assustador a verdade é que Mr. X fazia-nos transpirar como Nemesis não conseguiu, e mesmo durante os momentos de exploração em Resident Evil 3 acabamos por sentir uma sensação de segurança que nunca tivemos em Resident Evil 2 Remake. Este estado de segurança só parou, por vezes, quando nos vimos rodeados por uma mão-cheia de zombies e com apenas duas balas na arma.
Não queremos com isto dizer que o jogo é fácil, morremos 18 vezes em 4 horas e 50 minutos. O jogo não é fácil, o jogo continua a fazer com que tenhamos que estar atentos e com um ritmo cardíaco mais elevado do que aquele que normalmente teríamos. Com isto apenas queremos deixar claro que o Resident Evil 3 é um jogo mais calmo que Resident Evil 2 Remake, mas continua a transportar-nos de forma impressionante para um mundo onde o perigo espreita a cada canto e onde o medo, mesmo que não o consigamos sentir, é uma constante.
Curto, mas graficamente irrepreensível
Desde Resident Evil VII que os fãs sabem o que esperar da Capcom e dos jogos da série Resident Evil que vão chegando ao mercado. Sem desiludir, este remake de Resident Evil 3 chega às nossas consolas com um aspeto gráfico fantástico. Para além de cutscenes com um aspeto que nos transportam para o cinema, temos o período de gameplay onde nem por uma única vez nos apercebemos de qualquer tipo de problema como frame rate drops ou qualquer tipo de quebra no jogo, isto mesmo durante os momentos de maior intensidade.
Com um aspeto sombrio, como seria de esperar, e com uma banda sonora que nos ajuda ainda mais a entrar no mundo criado por Shinji Mikami e Tokuro Fujiwara este remake Resident Evil 3 entra para a história como um dos melhores jogos de survival horror, apenas superado (não por muito) pelo remake de Resident Evil 2. E, os fãs mais hardcore que nos perdoem, continua a ser um caso onde o remake acaba por ser melhor que o original.
Sobre o aspeto gráfico do jogo não há muito mais a dizer, é exatamente aquilo que esperávamos, aquilo que vocês, os fãs, esperavam. É um prazer fazer parte de uma geração que pode jogar os clássicos do passado e depois conseguir voltar a jogar os mesmos títulos, mas com uma nova cara.
A sensação de chegar ao fim foi um pouco agridoce, por um lado completamos a história, mas por outro acabamos a história. Queríamos mais, queríamos que a Capcom arriscasse no remake e nos desse algo mais, algo novo. Mesmo não tendo mais que umas curtas quatro horas, não desanimem porque depois de passar a história pela primeira vez podem sempre ir à loja presente no jogo, comprar perks que aumentam a vossa resistência, algumas armas e arriscar tudo no modo Hardcore. Para além deste de poderem repetir o vosso gameplay na esperança de ter um melhor tempo, uma melhor pontuação, podem ainda partir para Resident Evil: Resistance, o modo online que a Capcom apresentou aos fãs com este Resident Evil 3.
Resistance: Apanhar ou ser apanhado
O modo online de Resident Evil 3 pode perfeitamente ser visto como um jogo independente, até porque tem uma aplicação própria. Em Resistance podemos escolher entre ser a mente por detrás daquela que esperamos que venha a ser a morte de um grupo de quatro amigos, ou podemos ser um dos quatro amigos que tentam escapar aquela que parece ser uma morte certa.
De uma forma ou de outra este Resident Evil: Resistance, embora se apresente com uma arte muito própria (principalmente nas personagens com que jogamos) e completamente diferente quando comparado com os jogos principais da série, é o jogo ideal para continuar a experiência Resident Evil e para ter uma noite, ou tarde, de diversão garantida. À medida que vamos jogando vamos querendo jogar mais, tentar novas formas de escapar ou novas maneiras de prender quem tenta escapar. Na verdade, escapar de zombies pode ser divertido, mas ser a mente responsável por um mapa que pode levar o mais tranquilo dos jogadores ao descontrolo é ainda mais divertido.
Um pouco ao estilo de jogos como Dead by Daylight ou Friday the 13th: The Game, Resident Evil: Resistance é divertido de jogar, mas fica muito melhor quando jogado com amigos, existindo assim aquele espírito de competitividade que não existe se estivermos a jogar com perfeitos desconhecidos. Prometemos voltar a Resistance mais tarde quando mais pessoas tiverem acesso ao jogo.
Considerações Finais
Resident Evil 3 não traz nada, ao nível de conteúdo, que deixe os fãs da série surpreendidos, mas a verdade é que acaba por ser um dos grandes lançamentos de 2020 e, tal como Resident Evil 2 Remake, um sério candidato a jogo do ano.
Com um aspeto gráfico de grande nível e banda sonora de cortar a respiração preparem-se para voltar a Raccoon City e sentir o coração aos saltos, e o comando a querer sair das mãos, neste que é mais um impressionante trabalho da Capcom. E voltamos a dizer, se é para continuar assim que não deixem de fazer remakes.
Resident Evil 3 já se encontra disponível para PlayStation 4, Xbox One e Windows PC.
N.R.: A análise a Resident Evil 3 foi realizada numa PlayStation 4 Pro com acesso a uma cópia do jogo, gentilmente cedida pela EcoPlay.