Below


O novo título dos estúdios Capybara, apresenta-se como um jogo “roguelike” com elementos de “dungeon crawler” e em perspectiva “top down”, que cultiva o mistério daquilo que está para além dos níveis abaixo do cenário mas penaliza em demasia a jogabilidade, pois ao mínimo deslize haverá uma consequência, na maior parte das vezes, negativa.

A questão sobre o que Below é na sua verdadeira essência, nunca desaparece, nem mesmo passadas algumas horas de jogo. Não existe nenhuma linha de texto, de explicação seja do que for. O jogador pode apenas contar consigo e com a sua vontade de descobrir o que está por detrás de um ambiente sombrio, repleto de nevoeiro e mistério. Literalmente tudo o que é alcançado é resultado da sua própria experiência, de certa forma, sorte e a sua capacidade de retirar algumas conclusões sobre o que o rodeia, bem como a capacidade de manipular/transformar os diversos objetos dentro dele.

Existe uma sensação de que tudo parece ser imensamente grande, fazendo com que o jogador se sinta pequeno, dando enfase a tudo o que o rodeia em vez daquilo que o jogador controla.

O protagonismo do ambiente é ainda mais evidenciado pela textura de cada efeito sonoro, que desde o primeiro contacto com a ilha se torna num marco importante. Por exemplo, a uso do barulho do vento como bússola para a porta de saída de um nível em que a falta de luz é uma constante.


A jornada é iniciada com a chegada de um aventureiro num barco à costa de uma ilha sem nome. A câmera apresenta uma visão abrangente do mundo pintado principalmente por cores escuras, chuva e nevoeiro que se vai desvanecendo à medida que o jogador vai desbravando caminho. Desde o início que é notável o quão sem objetivo e confuso é o mundo de Below. Não que exista nada de errado num título desta natureza, mas sem um layout de por exemplo um mapa ou qualquer sentido de direção pode deixar alguns jogadores com um sentido de frustração desnecessário. 

Existe dois modos de jogo, o Survival e o Explorer. De notar que em ambos os modos de jogo a morte é permanente, na medida em que todo o inventário, se não for guardado no local especifico para o efeito, será perdido. O mesmo poderá ser recuperado na “run” seguinte no local onde ocorreu o desfecho da aventura anterior.

No entanto, estes dois modos apresentam algumas nuances importantes no seu tipo de jogo. No modo Survival, é expressamente necessário ter mantimentos como água ou comida, não apenas para recuperar a vida perdida entre combates com inimigos, mas também para a sobrevivência da personagem. Dito isto, é necessário também caçar e cozinhar os próprios alimentos. Já no modo Explorer, a comida apenas serve o propósito de restabelecer a barra de vida.


Em ambos os modos o frio e os ferimentos também são uma parte importante na sobrevivência da personagem. Os ferimentos infligidos pelos inimigos podem provocar o efeito de “bleeding”, curado com itens de cura, que podem ser apanhados do chão já prontos a serem usados, ou criado com a combinação de elementos capturados. Enfim, fica sempre aquele gosto de um jogo de “survival” independentemente do tipo de jogo escolhido. Quanto ao frio, é possível encontrar elementos que ajudam a combater as temperaturas mais baixas, como armadura de pele ou a utilização de pontos onde é possível acender uma fonte de aquecimento, como uma mini fogueira. Estes pontos de aquecimento também funcionam como pontos de luz na escuridão das masmorras.  

Isto tudo é conectado por pontos de “fast travel”, até para "runs" posteriores. Todos estes pontos de “fast travel”, apresentados como fogueiras, permanecem desde que o jogador os descubra e os acenda.

Cada novo encontro com a ilha é tremendamente parecido ao anterior uma vez que a todos os elementos, inimigos e locais são simplistas e não mudam de forma nem de disposição. Por isso quanto mais se joga e se repete a mesma localização, menos interessante se torna a aventura.


Below mistura música e arte visual de uma forma quase poética e que não se vê com muita frequência. Mas enquanto a estranheza visual e atmosfera atraem quem viaja para este mundo, as suas interações e mecânicas parecem querer empurrar o jogador para fora dela. Atividades que de certa forma roubam o tempo e a atenção para aquilo que Below faz de melhor, a sensação de estar a desvendar os mistérios escondidos na escuridão. 

Nota: Análise efetuada com base em código final para a Playstation 4, gentilmente cedido pela Capybara Games.

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