Gears Tactics


Uma das minhas séries preferidas está de regresso, desta vez com uma prequela algo diferente: Gears Tactics já não é um 3rd-person shooter, mas sim um jogo de estratégia/táctico ao estilo da série XCOM. Com o público habituadíssimo à chacina e armamento sem fim nos jogos da série Gears of War, esta é uma mudança arriscada, mas que superou de longe as expectativas.

Com a mudança de género, Gears Tactics tenta apelar tanto aos seus fãs como aos de estratégia, sendo que a própria história não exige o conhecimento prévio de outro jogos da série. Por ordem cronológica, este seria o primeiro, ocorrendo 12 anos antes dos eventos do primeiro, lançado na Xbox 360. De referir que esta é uma experiência totalmente single player, sem qualquer modo online mas com horas a fio de gameplay.

Aqui é-nos introduzido o protagonista de nome Gabriel Díaz, o qual não tem o carisma do Marcus (quem o tem?) mas que não deixa de ser interessante. Gabriel terá de recrutar membros para combater os Locust e liderar a resistência à sobrevivência da raça humana.


Inicialmente existem apenas duas personagens controláveis, conforme vão progredindo, o jogador irá recrutar de várias formas novos soldados. Por cada missão, só podem usar 4, no entanto todos os soldados contam com os seus atributos, armas e habilidades dando ao jogador a possibilidade de estratégicamente organizar uma equipa para o tipo de missão que irá enfrentar.

O jogador terá de treinar e aumentar a árvore de habilidades dos soldados recrutados para um melhor desempenho nas batalhas que se seguem adiante, tendo 150 habilidades para desbloquear ao todo.
Existem 5 classes de soldados, Vanguard, Sniper, Support, Scout e Heavy, por isso é necessário sublinhar que o jogo é desafiante no modo normal resultando assim, numa gerência de equipa obrigatória por parte do jogador para chegar ao final de cada acto. É possível personalizar todo o equipamento, desde armas, capacetes e bandanas, tudo aquilo que desejarem para obterem um visual totalmente único em cada personagem que recrutarem. É ainda possível adquirir loot nos níveis com novas armaduras e armas para melhorar o ataque e defesa.

Todos os ataques e sons memoráveis de Gears estão incluídos, até o equipamento e armas como a Lancer, facilmente reconhecíveis pelos fãs. Sempre que derrotarem uma horda de inimigos, o sinal típico de “a zona está livre de ameaças” soa imediatamente. Enfiar uma Lancer pelo estômago de um Locust ou cortá-lo a meio contiua a ser épico e os take downs estão igualmente inseridos no gameplay de Tactics sendo uma das ações disponíveis e com close ups para o momento brutal. Mas falando mais a fundo no gameplay, que pode ser mais dificíl para o jogador se habituar no começo, vai crescendo facilmente após os dois primeiros actos do primeiro capítulo.


Não é um jogo fácil mesmo no modo normal, no entanto não se trata de um jogo impossível para quem não está habituado a este género. Em pouco tempo, o jogador vai-se adaptando e aprendendo com os erros. Para ajudar, existem checkpoints que ajudam a recriar a jogada caso se perca, tentando uma abordagem diferente. Sendo um jogo de estratégia, não basta ter uma atitude agressiva para derrotar os inimigos, mas sim colocar os soldados em posições nas quais possam atacar e estar em cobertura para qualquer movimento errado do inimigo. A IA dos Locust é desafiante e eles não vão facilitar nunca. Tal como sabem os fãs, os emergence hole de onde saem Locust estão igualmente presentes e necessitam de rapidamente ser fechados com uma frag grenade. É crucial e fará toda a diferença na quantidade de inimigos para eliminar e até dificuldade em superar o acto. Cada personagem terá 3 movimentos para efetuar em cada turno e cada arma ou ação tem definida o custo de movimento/ação que podem realizar. Por exemplo, caminhar ao lugar X poderá ter o custo de uma ação mas, caminhar até ao local Y já pode ter um custo de 3 ações e o turno do personagem terminar aí.

Para além das ações normais de ataques como o disparo de uma Lancer ou o recuperar de saúde com um Stem, existem várias ações interessantes a serem utilizadas e que são imprescindíveis em Gears Tactics. Uma delas é o modo Overwatch, em que é criado um campo de visão de disparo onde cada inimigo que se cruzar, levará com tiros automaticamente. Esta será uma ação recorrente, tanto para a nossa equipa como os próprios Locust irão utilizar com enorme frequência. Se o jogador se encontrar neste campo de visão do inimigo, terá de ser outro membro da equipa a utilizar outra ação de nome Disable Shot que só é possível utilizando uma pistola. Este Disable shot cancela de imediato o efeito Overwatch do inimigo. Tudo isto pode parecer confuso mas na prática, para além de ser brilhante, acaba por ser fácil, isto, estrategicamente falando.

Cada arma primária, secundária ou até mesmo as grandas contam com várias ações, algumas destas vão sendo desbloqueadas através da árvore de habilidades. Tendo assim uma quantidade de ações enorme a realizar para cada situação ao qual o jogador se encontra, sendo estretégicamente impecável e tornando o jogo cada vez melhor à medida que se segue pela narrativa fora. Tudo tem de ser como é evidente, calculado, um movimento em falso pode ditar a sentença.


A forma de jogar é livre, no entanto não aconselho um estilo agressivo mas sim defensivo e tomar ações radicais apenas quando este se encontrar totalmente seguro, ainda assim, os inimigos estão praticamente sempre a chegar e a pressão é grande. Muitas serão as vezes em que o jogador terá alguém da equipa downed. Como em todos os jogos Gears, é possível ressuscitar mas, em Tactics, essa possibilidade de o fazer resume-se em 4 turnos, se dentro destes turnos não conseguirem, este morrerá. De salientar que se for alguém da narrativa principal, o jogo termina, no entanto é possível perder outros membros que outrora foram recrutados e ao perderem a vida em combate, não estarão mais disponíveis.

A música é vibrante e continua com o mesmo tom de sombrio e de criar pesadelos aos ouvintes, embora não tenha sido criada por Steve Jablonsky, esta continua a ser boa. Graficamente também cumpre com o formato do género de jogo que é e mesmo as cut scenes estão ao nível do que estamos habituados na série, o sentimento Gears está totalmente enraízado e é inevitável não sentir que este é deveras um jogo da franquia com todo o seu amor e esplendor para os fãs.

No que diz respeito à narrativa, não se pode revelar muita coisa pois pode conter demasiados spoilers, mas podemos referir que está totalmente a par do universo com ligações de fazerem cair o queixo e um novo vilão de nome Ukkon que esconde muitas respostas de questões que surgem na internet nos dias que correm.

Com isto, queremos dizer que os fãs devem jogar pois Gears Tactics faz mesmo parte da narrativa original e não se trata de um spin off, joguem e vão ter acesso a informações não reveladas até hoje. O jogo apresenta-se como todos os outros, cada capítulo conta com X actos, até passarem ao seguinte. No início até pode não parecer muito relevante mas conforme vão progredindo, as respostas vão surgindo e o vício aumentando.


Gears Tactics é uma das maiores surpresas e um dos grandes jogos do ano e até mesmo os fãs da série que estejam preocupados com a mudança vão ser extremamente bem recompensados pela experiência refrescante, gratificante e tão fascinante que veio trazer. Um título a não perder, toca a aniquilar uns Locust novamente!

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PC via Steam, gentilmente cedido pela Microsoft.

Latest in Sports